Assim que pensamos nos Óscares, além de todo o glamour e luxo inerentes à cerimónia, pensamos imediatamente em críticas e injustiças. É inevitável, já que como em qualquer outra competição, há vencedores e derrotados e o desfecho nem sempre vai ao encontro do que teríamos idealizado.

No entanto, este ano, não serão apenas os membros da Academia de Hollywood a votar para os Óscares. Os fãs também poderão eleger um vencedor, recorrendo ao Twitter e à hashtag #OscarsFanFavorite. Sendo que na gala, prevista para 27 de março, no Dolby Theatre, o filme com mais menções na rede social até 3 de março será eleito vencedor.

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Isto, no caso, numa categoria não oficial, já que qualquer filme (nomeado ou não) pode ser eleito pelo público — que deverá votar tanto para premiar o seu filme favorito como para benefício próprio, já que entre todos os que usarem a hashtag, vão ser sorteadas três viagens para duas pessoas a Los Angeles, nos EUA, para poderem apresentar um prémio na gala dos Óscares de 2023.

Fãs (e prémios) à parte, como são eleitos os vencedores oficiais?

Desta vez, os fãs vão entrar em cena. Mas tal nunca se verificou desde o arranque da cerimónia dos Óscares, cuja primeira gala aconteceu a 16 de maio de 1929, no Hollywood Roosevelt Hotel, nos Estados Unidos.

Trata-se do maior evento de prémios do cinema e essa legitimidade, reconhecida tanto pelos espectadores como pelos profissionais da indústria, tem muito que ver com o método como são eleitos os vencedores. De tal forma sigiloso, que há quem, quase 94 anos depois, ainda não tenha percebido como funcionam as votações.

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Entre 27 de janeiro e 1 de fevereiro, 9.847 membros da Academia de Artes e Ciências cinematográficas puderam votar nos 276 filmes elegíveis para a 94ª edição dos Óscares, confirma o "The New York Times". Mas, afinal, quem é que atribui as estatuetas douradas? Bem sabemos que a votação é complexa e envolve os mais de nove mil membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas norte-americana: mas quem é que pertence à Academia?

Todos os membros da Academia são profissionais da indústria do cinema e encontram-se divididos por 17 "ramos" distintos ligados à área: realizadores, atores, editores, escritores, cineastas, figurinistas, especialistas em documentário, maquilhadores/cabeleireiros, músicos, produtores, designers de produção, profissionais de curtas e longas metragens/animação e, ainda, técnicos de som e efeitos visuais.

Sendo que há ainda uma categoria extra, que nasceu com o intuito de acomodar aqueles que não se enquadram nos ramos acima referidos.

Quem é que pode entrar para a Academia?

Apesar dos esforços feitos no sentido de rejuvenescer a Academia, a média de idades dos membros ronda os 62-63 anos — e há regras bem definidas para entrar neste núcleo restrito. Com a ressalva de que todos aqueles que são nomeados para os Óscares entram automaticamente para a Academia no ano seguinte, a entrada para a mesma pode ainda acontecer através do patrocínio de dois ou mais membros, caso o possível candidato não preencha todos os requisitos.

Sendo que, neste último caso, a inscrição na Academia está sempre dependente da aprovação de uma assembleia de membros. Por isso, a entrada por convite é sempre a mais fácil.

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Para que um profissional da indústria do cinema seja convidado, precisa de se ter distinguido na sua área de "forma excecional" e, por isso, de ter alcançado "um nível fora do normal de qualidade e distinção". No caso dos escritores, produtores e diretores, por exemplo, estes precisam ainda de ter os seus nomes nos créditos de, pelo menos, dois filmes. Já os atores têm de ter entrado em pelo menos três filmes.

Os candidatos que pertençam aos "ramos" técnicos, como os supervisores de efeitos especiais, luzes e som, precisam de trabalhar na área há um determinado número de anos, que varia consoante a área em específico. No entanto, uma coisa é certa:  um membro só pode pertencer a uma das categorias.

Um profissional que seja simultaneamente ator e produtor só pode estar inscrito no "ramo" dos atores ou dos produtores. Pertencer aos dois, segundo a legislação da Academia, nunca será opção.

Todos os anos, um órgão supremo dentro do núcleo — o Academy’s Board of Governors — revê dezenas de candidaturas para decidir quem se qualifica para entrar no grupo. Desde 2016, existem ainda uma espécie de mandatos de dez anos, que podem ser renováveis, é certo, mas que servem para evitar que haja membros da Academia que não estejam no ativo.

Escolhida a Academia, como é feita a votação?

A maioria das 24 categorias a concurso é votada pelos membros do "ramo" correspondente. Ou seja, são os atores que escolhem os nomeados para melhor ator, os realizadores para o melhor realizador e por aí em diante. No entanto, o número de votos necessários para garantir uma nomeação e um Óscar está sempre dependente do número de membros inscritos na Academia e de possíveis votantes. Número esse que está em constante mutação, já que aumenta todos os anos.

Para as nomeações, cada membro da Academia só pode votar dentro do próprio ramo e, no fim, todos os membros votam para criarem, em conjunto, a lista final de nomeados para o prémio de Melhor Filme.

Depois de os membros da Academia escolherem os seus filmes e atores preferidos, os votos são validados e contados manualmente por uma equipa de contabilistas da PricewaterhouseCoopers (PwC), uma empresa internacional que está encarregue do assunto há mais de 80 anos.

Sem querer entrar em lógicas matemáticas, esta é a fase em que o processo é mais complexo: para determinar os nomeados, a PwC divide o número total de boletins de voto cada uma das categorias pelo número de possíveis nomeados mais um, refere o site "Mental Floss", citado pelo "Observador". O que significa que, se existirem 600 boletins de voto (número meramente ilustrativo), são precisos 100 votos a favor para garantir uma nomeação.

Já nas votação oficiais, o método é ligeiramente diferente.

Nesta fase todos os elementos da Academia podem votar para todas as categorias dos Óscares — mesmo que não seja obrigatório votarem em todas, já que a Academia recomenda que os membros só votem nas categorias  que dominem e, por isso, naquelas em que tenham conhecimento para tal.

Posto isto, as contas são mais fáceis, uma vez que, sem margem para dúvida, ganha quem tiver o maior número de votos. A contagem, por sua vez, demora três dias.

Quais é que são as categorias a concurso?

Ao todo, existem 24 categorias oficiais a concurso e, ainda, a nova categoria adicional: #OscarsFanFavorite, que fica exclusivamente a cargo do público, na rede social Twitter.

  1. Melhor Filme
  2. Melhor Realizador
  3. Melhor Ator
  4. Melhor Atriz
  5. Melhor Ator Secundário
  6. Melhor Atriz Secundária
  7. Melhor Filme de Animação
  8. Melhor Argumento Original
  9. Melhor Argumento Adaptado
  10. Melhor Filme Estrangeiro
  11. Melhor Fotografia
  12. Melhor Guarda-Roupa
  13. Melhor Documentário
  14. Melhor Montagem
  15. Melhor Cenografia
  16. Melhor Banda Sonora
  17. Melhor Canção Original
  18. Melhores Efeitos Especiais
  19. Melhor Maquilhagem
  20. Melhor Mistura de Som
  21. Melhor Edição de Som
  22. Melhor Documentário Curto
  23. Melhor Curta-Metragem
  24. Melhor Curta-Metragem de Animação

Óscares, "edição pandemia"

Para entrar no Dolby Theatre, em Los Angeles, no próximo dia 27 de março, data marcada para a terceira entrega de prémios da Academia de Hollywood em tempo de pandemia, vai ser preciso apresentar certificado de vacinação e dois testes PCR com resultado negativo. Leu bem. Um único teste PCR não será suficiente para conferir acesso ao evento, avança o "Deadline".

Só as apresentadoras da cerimónia — que este ano estará pela primeira vez a cargo de uma tripla feminina, composta por Amy Schumer, Regina Hall e Wanda Sykes — e os artistas com atuações previstas para a gala vão estar isentos de apresentar a prova de que têm a vacinação completa contra a COVID-19. No entanto, também vão ter de apresentar os dois testes PCR negativos exigidos aos demais.

Como é habitual, a lista de convidados é longa, mas só foram convidadas 2.500 pessoas para ocupar os 3.317 lugares disponíveis Dolby Theatre. O que completará 75% da lotação total do espaço.

Ainda no que às restrições pandémicas diz respeito, sabe-se que os membros do público sentados mais perto do palco não serão obrigados a usar máscara durante o evento, mas estarão sentados mais longe uns dos outros do que seria habitual.

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