18 anos separam a estreia de "Project Runway" da chegada da terceira temporada de "Making the Cut" à Amazon Prime Video. Os formatos, que têm como premissa dar a conhecer novos designers de moda, têm em comum dois protagonistas. A ex-modelo Heidi Klum e o académico de moda Tim Gunn.

O homem que começou por ser professor na Parsons School of Design e só se estreou em televisão aos 51 anos, é um fenómeno de longevidade num segmento cada vez mais voraz e efémero: a reality tv. Lado a lado com Heidi Klum, Tim Gunn continua a ser a voz da razão (e do bom gosto), dando sempre conselhos sensatos, mesmo quando confrontado com aspirantes a designers excêntricos ou criações que não têm ponta por onde se lhes pegue.

Depois de 17 temporadas à frente de "Project Runway", Heidi Klum e Tim Gunn deixaram a televisão linear (o programa foi exibido na Bravo TV, na Lifetime, tendo em 2019 voltado ao canal original) e, em 2020, estrearam-se no streaming.

A terceira temporada de "Making the Cut" chega esta sexta-feira, 19 de agosto, à Amazon Prime Video. Além de um elenco de criadores de várias nacionalidades, o formato conta com o diretor criativo da Moschino, Jeremy Scott e a atriz Nicole Richie, como jurados fixos (além de Heidi Klum, que acumula funções com a apresentação). As cantoras Chloe x Halle, o estilista Jason Bolden e a TikToker Wisdom Kaye serão jurados convidados. Tim Gunn continua, à semelhança do que acontecia em "Project Runway", a ser conselheiro dos designers, além de jurados.

Veja o trailer

Numa curta, mas animada conversa com a MAGG, o protagonista de "Making the Cut" revelou-nos que um dos momentos mais quentes das gravações vai poder ser visto pelos telespectadores.

Tim Gunn e Heidi Klum
Tim Gunn e Heidi Klum créditos: amazon Prime video

Ao longo destes 18 anos, como é que o processo de fazer televisão mudou para si? Especialmente agora, que está numa plataforma de streaming?
Adoro streaming, adoro o facto de podermos ver o programa quando quisermos, a partir do momento em que é lançado, e de podermos voltar às primeiras temporadas. Quando me dizem "ah, mas eu não conhecia o programa!". Podem vê-lo agora! É fenomenal. A única coisa que me faz confusão é que não consigo perceber como funcionam as audiências nas plataformas de streaming. Mas isso é todo um outro assunto. Não só é maravilhoso estarmos numa plataforma de streaming , como estarmos na Amazon. Nunca tinha trabalhado com pessoas tão fantásticas, talentosas e inteligentes. Dá-me um conforto extraordinário saber que estou rodeado de pessoas fabulosas.

As audiências alguma vez foram uma preocupação para si?
Não! Faziam parte do vocabulário, quando estávamos num canal de televisão, mas agora que estamos em streaming, é algo de que não se fala. Acho um tópico curioso.

A terceira temporada de "Making the Cut" tem um naipe de concorrentes e ideias que primam pela diversidade. Como correram as gravações e o que é que podemos esperar?
Eu fiquei maravilhado, ao longo desta temporada, com os riscos criativos que os designers correram. Fui apanhado de surpresa, por assim dizer. Estou habituado a uma certa categoria de produto dos nossos criadores das primeiras temporadas. Não é que me tenham desapontado, de forma alguma, mas as minhas expectativas foram largamente superadas. Quando sabemos que temos um look sofisticado e um look acessível que, se ganharmos, será comercializado pela Amazon, penso que há uma tendência para jogar pelo seguro, e isso não aconteceu nesta temporada.

Tim Gunn com a designer Ciara Chyanne
Tim Gunn com a designer Ciara Chyanne créditos: amazon Prime video

Os criadores excederam-se e muitas das roupas mais acessíveis eram peças que podiam estar nas passerelles. E esses looks ganharam, o que foi muito gratificante. Isso demonstra aos futuros concorrentes - caso venhamos a ter mais uma temporada - que podem ser tão criativos quanto quiserem e, ao mesmo tempo, terem sucesso na moda, com a marca e no formato "Making the Cut".

Este formato é uma mistura de reality show e talent show, à semelhança de "Project Runway". Apesar de as dinâmicas pouco terem mudado, o que é que acha que faz com que os telespectadores continuem a apaixonar-se por estes programas, numa altura em que há tanto conteúdo?
Acho que é porque "Making the Cut" é autêntico. Não criamos obstáculos aos designers para que exista conflito. O que fazemos é atribuir uma tarefa, sair de cena o observar o trabalho deles. É autêntico, é real. Sempre que temos novos elementos na nossa equipa técnica, eles dizem sempre "não acredito o quão pouco produzido este formato é". Porque é mesmo! Deixamos acontecer o que tiver de acontecer e temos momentos que em não antecipamos. Há coisas que não dava para inventar.

Como por exemplo?
Jeremy Scott, um dos jurados do programa, ficou extremamente desapontado com o resultado de uma das tarefas atribuídas e  - para ser completamente sincero - fez uma birra. E essa birra está na edição final do episódio (risos)!

Heidi Klum, Jeremy Scott e Nicole Richie
Heidi Klum, Jeremy Scott e Nicole Richie créditos: amazon Prime video

O que faz com que um artista criativo se mantenha relevante num mundo tão cheio de estímulos, tão dominado pelas redes sociais?
Acredito que as pessoas criativas que têm sucesso são barómetros das respetivas culturas e sociedades. Por isso, representam o que é atual. Eles absorvem e sintetizam tudo o que os rodeia. Tem razão nesse aspeto: há tanta coisa lá fora. Como é que se faz uma triagem desse ruído todo e se decide ao que se vai prestar atenção? E isso faz parte da arte de ser uma pessoa criativa com sucesso. É um desafio difícil.

Qual tem sido, na sua opinião, o papel das redes sociais na moda, tanto no negócio como no processo criativo?
Acredito que as redes sociais e a indústria da moda são inseparáveis. E estou grato pelas redes sociais porque consigo ver muito mais do que via antes de existirem estas plataformas. É rico, robusto e um prazer. Eu sigo as marcas e os criadores que me interessam. Bom, não é totalmente verdade. Sinto-me na obrigação de ver tudo, só para perceber o que está a acontecer e, depois, faço a minha própria seleção. Porque, como sabe, há muita coisa que é apenas e só ridícula. E há também muita coisa que é só estúpida. Quem é que precisa de mais uma t-shirt?