Não esgotou (esse marco aplica-se ao último dia de festival, sábado, 13 de julho, com um cartaz liderado pelos Pearl Jam), mas o recinto do Passeio Marítimo de Algés compôs-se muito ao segundo dia de NOS Alive, com um público que não deixava enganar o motivo maior da romaria ao local: o concerto de Dua Lipa, a cabeça de cartaz desta sexta-feira, 12 de julho.
Assim, não foi de estranhar que aos primeiros acordes de "Training Season", o tema escolhido para arrancar o concerto (que duraria cerca de hora e meia), os festivaleiros tenham acorrido em peso ao palco NOS, onde a cantora de 28 anos, com um looks de milhões em branco, os aguardava para começar o espetáculo. "Estão prontos para se divertirem?", perguntou Dua Lipa ao público em Algés.
Com a dose certa de elementos no cenário, vários bailarinos e coreografias planeadas ao detalhe, Dua Lipa não parou de dançar um minuto e de entregar uma setlist com poucas novidades, mas recheadas dos seus grandes êxitos e temas mais conhecidos, para que o público os conseguisse cantar a plenos pulmões — e dançar, claro está.
Dos fãs com as danças do TikTok a quem só conhece as canções da rádio
Há muito que se diz que o cartaz do NOS Alive é um dos mais ecléticos dos festivais de verão portugueses. E nada podia ser tão verdade como em 2024, onde na noite que se antecede a bandas como Sum 41 e Pearl Jam, é uma Britney Spears (na sua boa fase, atenção) dos tempos atuais que conquista todo um tipo de público.
O que mais chamou a atenção na audiência de Dua Lipa foi justamente o quão abrangente é a audiência da cantora: há quem bate o pé sem conhecer quase nada, mas não resiste à envolvência, os fãs mais dedicados que até acompanham os temas com as coreografias do TikTok, quem canta tudo certinho e aqueles que pouco mais sabem que “Cold Heart”, a colaboração com Elton John, um dos momentos chave da atuação.
Dado que Dua Lipa apela a um público mais jovem, foi também até um pouco encantador ver pais e filhos, tão novos como 6 e 7 anos, a cantar e a dançar em família, naquele que foi provavelmente o seu primeiro concerto.
No palco, a britânica não desiludiu, interagiu com o público, pediu entusiasmo e entregou tudo com coreografias perfeitas, sensuais e envolventes. Ah, e muitos confetis.
Dua Lipa deu um concerto para todos, mesmo com o alinhamento remixado
Com poucos temas do novo álbum e fiel a êxitos que o público conhece, Dua Lipa optou por interpretar canções com uma batida um pouco diferente daquela a que estamos habituados, quase como se fossem versões remix, o que não agradou a todos os fãs.
No entanto, tudo é perdoado pela adrenalina em palco durante hora e meia de concerto, onde não faltaram temas como “Break My Heart”, “Hallucinate”, “New Rules” e “Electricity”, entre outras.
Sempre a interagir com o público, sensivelmente a meio da atuação, e antes de interpretar “Be The One”, a cantora britânica pediu para a produção ligar as luzes do recinto, para que esta conseguisse ver os rostos do público. Foi nesse momento que revelou que tinha falado com a organização para ter a certeza de que este era um evento inclusivo, nomeadamente para pessoas surdas, e entregou um beijo em língua gestual para todos.
Mas foi passada a marca de uma hora que Dua Lipa saiu do palco em jeito de despedida, mesmo sem interpretar canções obrigatórias, o que deixava antever um encore. "Não sei se ela volta", diz alguém atrás de nós. Amigos, a sério que ainda caímos nisso?
Voltou, e voltou com tudo, para uma reta final com“Physical”, “Don’t Start Now” e a icónica “Houdini”, que levou o Passeio Marítimo de Algés à loucura, numa vibe de fim da melhor festa de sempre, onde não faltou uma coreografia mais complexa e um espetáculo de fogo de artifício.