É de forma literal que dizemos que Charles Peterson assistiu da primeira fila ao nascimento do grunge. Com a sua câmara, o fotógrafo americano, natural de Washington, captou o aparecimento desta geração na altura em que trabalhava com a Sub Pop, a editora independente de Seattle, que lançou as principais bandas que montaram este subgénero de rock — onde se inclui aquela que o lançou: os Nirvana. Foi com a mesma lente que conseguiu retratar a sua essência: era sincera, intensa, impulsiva, crua, suja. Tinha tanto de frágil, como de violento. O grunge era assim: um grito áspero de revolta com o sussurrar de uma vulnerabilidade profunda.

No seu trabalho junto dos Nirvana (também foi fotógrafo dos Soundgarden ou Pearl Jam), tanto podemos ver Cobain em palco a fazer o pino, como o seu lado mais tímido. Tanto vemos imagens explosivas da banda a atuar, como as da plateia descontrolada a assistir. Ainda sem saber, Peterson, que é autor das imagens de "Bleach", acabaria por imortalizar a euforia irritada e rebelde dos outcasts: "Eu não queria tirar só uma fotografia ao vocalista. Eu queria ter a experiência, fazer as pessoas sentirem que estavam lá", disse, citado pela "There's Something Hard in There".

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Foi em concertos que Kurt Cobain e Peterson se cruzaram as primeiras vezes. Um atuava, o outro captava imagens. À “Billboard”, o fotógrafo contou: “Lembro-me que, uns tempos depois, após já ter visto os Nirvana umas vezes, ele veio a minha casa para uma reunião. Eu tinha uma casa mesmo ao pé da Sub Pop. Ele sentou-se, fumou cigarros e não disse nada. Ele sabia quem eu era. Havia uma passagem no diário dele em que ele dizia que queria ser fotografado pelo Charles Peterson e ser famoso. Mas a primeira vez que falei com ele foi na nossa primeira sessão fotográfica promocional deles.

Esta sexta-feira, 5 de abril, celebra-se o 25.º aniversário da morte do vocalista e guitarrista de Nirvana. Aos 27 anos, Kurt Cobain suicidou-se com uma espingarda — apesar das teorias que dizem que se pode ter tratado de um homicídio —, mas não desapareceu para sempre. Para trás, ficaram “Bleach” (1989), “In Utero” (1993) ou “Nevermind” (1991). Ficaram as imagens (entre muitas, também as utilizadas no documentário "Kurt Cobain: About a Son"), que, em conjunto com a música, nos transportam para a natureza do grunge, dos Nirvana e de Cobain.