"Quero agradecer à minha avó pelas orações. Ela fica acordada até às três da manhã, a rezar por mim e pelas minhas irmãs". Numa das seis vezes que subiu ao palco da O2 Arena, em Londres, RAYE fez-se acompanhar da avó, Agatha Dawson. Foi um dos momentos mais emotivos da cerimónia de entrega dos Brit Awards, os Óscares da indústria musical britânica, que aconteceram este sábado, 2 de fevereiro.
A cantora britânica de 26 anos, que tem ascendência ganesa e suíça, conquistou seis prémios, batendo o recorde anteriormente detido por Adele, Harry Styles e Blur, artistas que tinham conquistado quatro Brit Awards numa só cerimónia. Com sete nomeações, RAYE arrecadou seis galardões nas categorias Álbum do Ano (por "My 21st Century Blues"), Canção do Ano ("Escapism"), Artista R&B, Artista do Ano e Artista Revelação.
Nascida Rachel Agatha Keen em Tooting, na zona sul de Londres, RAYE conquista este feito com o seu álbum de estreia. Mas o sucesso de RAYE, apesar da sua tenra idade, demorou a chegar. A artista começou a ganhar notoriedade com apenas 16 anos mas, em 2021, entrou em conflito com a editora discográfica Polydor que manteve o seu álbum de estreia na gaveta, alegando que só o lançaria caso os primeiros singles tivessem sucesso.
A cantora recorreu às redes sociais para se queixar da pressão que sentia e o resultado foi ser dispensada pela editora, com quem tinha um contrato de quatro álbuns. "Imaginem a pressão de acordar todos os dias a olhar como uma louca para números e estatísticas. Se vou sofrer, não o vou fazer em silêncio", escreveu na altura, como cita o "The Guardian".
RAYE não baixou os braços e continuou a fazer música, lançando-a de forma independente. "Escapism", a sua canção mais popular até ao momento, alcançou o nº1 no Reino Unido e fez sucesso nos Estados Unidos, o que fez que lançasse finalmente o seu álbum de estreia, "My 21st Century Blues".
Mas esses anos em que estava a lutar para conquistar um lugar ao sol tiveram consequências mentais e físicas para a cantora. Em entrevista recente à BBC, RAYE conta como, nessa fase estava num "estado constante de sedação", devido ao consumo de drogas como "erva, codeína e MDMA". "Quando finalmente conseguir ficar sóbria, apercebi-me de que não conseguia fazer aquilo sem consumir. Era profundo, era uma coisa mesmo profunda, aquilo que eu me estava a fazer para tentar ser alguém que eles queriam que eu fosse. E isso era muito triste. Cheguei a um ponto da minha vida em que pensei 'o que raio é que estou aqui a fazer?'", recorda.
Antes de conseguir conquistar a sua liberdade e lançar a sua carreira a solo, RAYE escreveu e produziu música para artistas como Beyoncé, Little Mix, Rihanna, David Guetta, John Legend e Ellie Goulding.