O evento, que decorreu entre 27 de junho e 1 de julho em Lisboa, teve como patrocinador oficial o Pingo Doce, em virtude de “um alinhamento inequívoco dos objetivos da Conferência dos Oceanos e do One Sustainable Ocean com os valores e os compromissos” da marca, explica Filipa Pimentel, diretora de Desenvolvimento Sustentável e Impacto Local do Pingo Doce.
Isto porque, continua, a ação passa exatamente por uma sensibilização da comunidade e uma oferta de “soluções escaláveis, simples e acessíveis. Afinal, não adianta criar ideias que não sejam sustentáveis e capazes de entrar no dia a dia dos consumidores”, refere Filipa Pimentel.
E que ideias é que o Pingo Doce implementa para ajudar e incrementar alternativas mais sustentáveis junto dos consumidores? Uma delas, por exemplo, passa pela disponibilização de opções que substituam produtos de utilização única — como as garrafas de água.
Quantas garrafas de água já desperdiçou hoje?
A mudança não pode dar-se através de uma “transição lenta”, “tem de ser agora”. Quem o diz é André Paiva, co-fundador e Managing Partner da Eco Water, uma empresa especializada na oferta de água filtrada em garrafas reutilizáveis, e que trabalha em parceria com o Pingo Doce, que esteve presente no One Sustainable Ocean — na qual a MAGG também esteve presente.
Talvez ainda não tenha tido tempo para olhar à sua volta e contar, por exemplo, quantas garrafas de plástico desperdiça durante um mês, mas há quem já o tenha feito – e os números assustam. Por estar consciente da gravidade deste problema, o Pingo Doce acreditou, desde os primeiros passos, na solução Eco Water, uma marca que apresenta uma alternativa ao normal consumo de água no retalho.
O conceito é simples. Em determinadas lojas Pingo Doce vai encontrar uma fonte Eco Water com água filtrada e garrafas de plástico com filtro UV, de diferentes tamanhos. A ideia é que, cada vez que visite essas lojas, volte a encher a sua garrafa de água sem ter de comprar uma nova.
E sim, leu bem. Garrafas de plástico. É que ainda que a culpa recaia sempre sobre o plástico, este material não é nenhum bicho papão, desde que seja reutilizado e não de uso único.
O problema está, sim, na forma como o utilizamos, explicou André Paiva, da Eco Water, na conferência “Eco Water — A Step Change to Protect the Ocean”.
“As embalagens plásticas têm uma série de vantagens e méritos no que toca à capacidade de conservação de produtos. O que devemos evitar é usar plástico descartável quando ele não é absolutamente necessário”, explicou o fundador da Eco Water para a plateia.
Esta parceria nasceu de uma procura constante do Pingo Doce por encontrar soluções mais sustentáveis e ecológicas, oferecendo aos seus clientes a oportunidade de fazerem as suas próprias escolhas e democratizando o acesso a soluções sustentáveis e economicamente viáveis.
E vamos a números? Desde o início deste percurso, a Eco Water já conseguiu evitar o consumo de mais de 300 toneladas de plástico de utilização única e 6,2 milhões de garrafas de plástico.
E se lhe é difícil imaginar esta quantidade, André Paiva dá uma ajuda. “A quantidade de plástico poupada dava para fazer uma fila indiana de Lisboa a Paris”, ouviu-se na sala de conferências.
Aquacultura, uma alternativa sustentável
Mas a proteção dos oceanos não começa nem termina com o fim do plástico.
Para dar resposta ao aumento da população mundial e do consumo de peixe – sendo os portugueses os terceiros maiores consumidores de pescado do mundo e os maiores consumidores da União Europeia – existe uma alternativa à pesca selvagem, que possibilita um consumo sustentável e que contribui para a preservação do oceano, ao reduzir a pressão sobre a captura das espécies selvagens, dando assim a possibilidade dos stocks se regenerarem.
É o que faz a aquacultura, como demonstrou o diretor de aquacultura da Jerónimo Martins (empresa dona do Pingo Doce), Pedro Encarnação, numa conferência em que falou sobre a componente responsável e sustentável desta atividade, e onde apresentou os vários projetos de desenvolvidos pela empresa.
Para contribuirmos para a preservação dos oceanos, não precisamos de eliminar o peixe da roda dos alimentos ou de adotar dietas vegetarianas, até porque, afirmou Pedro Encarnação, “podemos fazer uso do que vem do mar, incluindo do peixe, mas de forma sustentável”. E é este o caminho.
Ou seja, encontrar opções que “retirem pressão da captura selvagem”, explicou-nos em entrevista, e que contribuam para a conservação do oceano e preservação da sua biodiversidade. Este é o papel da aquacultura – e uma solução na qual o Pingo Doce tem vindo a investir.
É que ao contrário do que pode ter ouvido durante muitos anos, a aquacultura é uma atividade de muito baixo impacto ambiental e existem ainda muitos mitos à sua volta. “A indústria tem evoluído muito. Por exemplo, hoje em dia, a utilização de antibióticos no salmão é mínima. Usam-se vacinas”.
Mas afinal, quais são as vantagens da aquacultura? Comecemos pelas ambientais
Este método de pesca funciona com recurso a alta tecnologia que permite, em primeira instância, avaliar o local onde são implementadas as jaulas e monitorizar o seu impacto ambiental. E quando é necessário, as redes das jaulas são recolhidas e não ficam depositadas no oceano, como acontece com a pesca convencional.
No caso da Jerónimo Martins, pelo facto de estas estruturas estarem localizadas na costa portuguesa ou em zonas próximas, a cadeia de transporte é curta, o que não só reduz o impacto ambiental do transporte como aumenta a frescura do peixe que chega às lojas Pingo Doce. Em menos de 24h, o peixe está nas bancas do supermercado.
Além disso, na cadeia de alimentação, os peixes selvagens consomem entre sete a dez quilos de peixe para atingirem 1 kg de peso. Resultado? Reduzem a quantidade de peixe disponível e aumentam a possibilidade de escassez.
Para contrariar esta tendência, explicou Pedro Encarnação, a aquacultura recorre a um diferente formato de alimentação – que em nenhum momento coloca em causa a qualidade do peixe. Trata-se de um regime que mistura o consumo de peixe selvagem (num máximo de três quilos) com o recurso a ingredientes de origem vegetal, animal e marinha, que asseguram uma nutrição equilibrada e possibilitam que os peixes cresçam de forma saudável. São também aproveitados para a alimentação dos peixes de aquacultura subprodutos provenientes da indústria das conservas, da sardinha, do atum, do camarão, das lulas ou das potas, por exemplo, o que demonstra a circularidade desta atividade.
E não é só o ambiente que fica a ganhar. Durante muitos anos, e quando a aquacultura ainda era só uma miragem, o acesso a algumas espécies de peixe era limitado e por isso pouco acessível a grande parte dos consumidores. Com o recurso à aquacultura, “o acesso a peixes considerados nobres foi democratizado”, explicou à MAGG o diretor do departamento de aquacultura da Jerónimo Martins, que atualmente produz em mar aberto robalo e dourada.
“Ainda há um longo caminho a fazer”
Apesar da procura constante pela melhoria e redução da pegada ecológica, os problemas relacionados com o oceano vão além daquilo que é o trabalho de evolução da aquacultura.
Isto porque, explicou Pedro Encarnação, "há muitas espécies sobre-exploradas” na pesca selvagem e que assim vão continuar. Trata-se “de uma questão económica”, explicou-nos em entrevista.
O trabalho que está a ser feito é um princípio , mas “ainda há um longo caminho a fazer”.
Estratégia de pescado sustentável
Nos últimos 50 anos, o consumo de pescado quase duplicou, a nível global, colocando uma enorme pressão sobre os ecossistemas marinhos.
De forma a contribuir para a sua preservação, o Pingo Doce implementou uma série de medidas específicas para as espécies classificadas como "vulneráveis", “em perigo" ou “criticamente em perigo”, tendo por base a avaliação do estado de conservação de todas as espécies comercializadas, de acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN Red List of Threatened Species).
Estas medidas traduzem-se, por exemplo, na não comercialização, na peixaria do Pingo Doce, de enguias, consideradas “criticamente em perigo”, e na aposta na disponibilização de cerca de 200 espécies de peixe e marisco, permitindo aos clientes diversificar a escolha e assim reduzir o impacte sobre as espécies mais consumidas.
Isto além da disponibilização de alternativas provenientes de aquacultura, como já aqui falámos.