75% das mulheres em todo o mundo já foram vítimas de assédio em espaços públicos pelo menos uma vez na vida, segundo a Ipsos. Além disso, 52% das pessoas continuam a acreditar que as mulheres têm culpa desse assédio seja devido ao que têm vestido, ao comportamento ou por serem quem são.
O assédio em espaços públicos continua a ser um dos maiores obstáculos à liberdade das mulheres, condicionando rotinas, fragilizando a confiança e minando a autoestima. A narrativa coloca, na maior parte das vezes, a culpa na vítima. Mas a culpa não é sua. Nunca foi, nem nunca será — tal como evidencia esta formação.
Digam o que disserem, nenhuma mulher se "põe a jeito" ou acaba "vítima das circunstâncias". A vítima é-o do início ao fim, não devendo nunca ser culpabilizada. Mas a verdade é que o assédio não pode ser evitado ou controlado. E a maioria das pessoas não sabe lidar com ele (seja quando o sente na pele ou quando assiste).
A L'Oréal Paris acaba de lançar a campanha “A Culpa Nunca é Tua" para as mulheres que já se sentiram culpadas por terem sido assediadas, que já se viram obrigadas a mudar o caminho para casa, a pensar duas vezes na roupa que iriam vestir ou a ajustar o tom de voz para não chamar a atenção.
Esta campanha vem tentar mudar mentalidades, combater o estigma e capacitar a população. Vem defender a liberdade de ser quem somos e sublinhar que nenhuma mulher deve mudar-se por medo. Além disso, vem também ensinar a lidar, com segurança, com situações de assédio.
Integrada no programa Stand Up Contra assédio em Espaços Públicos, que chega a Lisboa entre os dias 17 de novembro ao dia 17 de dezembro, vem reforçar o compromisso de sempre da marca: empoderar, educar, inspirar, porque a mudança começa com conhecimento e empatia.
Como devemos agir perante uma situação de assédio?
No centro do programa Stand Up está a formação gratuita dos 5D's, que, desenvolvida em parceria com a ONG Right To Be, ensina a agir perante uma situação de assédio sem colocar ninguém em risco. É pratica, acessível e pode ser feita em poucos minutos e online.
- Distrair: Criar uma distração e forma segura e discreta de interromper o assédio. Pode ser algo simples como fazer uma pergunta à vítima ou deixar cair um objeto para quebrar a tensão. A ideia é mudar o foco do agressor e dar espaço à pessoa assediada;
- Delegar: Nem sempre é fácil agir sozinho. "Delegar" significa procurar ajuda, seja junto de um segurança, motorista, responsável do espaço ou mesmo outras pessoas que estejam por perto. O importante é envolver quem possa intervir com segurança;
- Documentar: Registar o que acontece pode ser útil, mas deve der feito com responsabilidade. Se for seguro, grave ou tire notas sobre o local, hora e descrição do agressor. Estas informações podem ser fundamentais para a vítima, caso decida fazer uma denúncia;
- Direcionar: A ideia é interromper o comportamento do agressor sem o confrontar de forma violenta, nem colocar ninguém em risco. É um "chamar a atenção" firme, assertivo e respeitoso, que mostra que aquela atitude não é aceitável;
- Dialogar: Depois do incidente, dirigir-se à vítima e mostrar apoio. Perguntas simples como "Está tudo bem?" ou "Posso ajudar-te?" fazem toda a diferença. Validar o que aconteceu ajuda a quebrar o ciclo de silêncio e culpa que muitas vezes as mulheres carregam.