Há uma nova loja em Lisboa que vai levar os amantes de artigos de luxo ao céu. Não dizemos isto pelo facto de, para lá entrar, ter obrigatoriamente de ir de viagem. É que fica no Aeroporto Humberto Delgado, sendo uma parceria entre a especialista irlandesa em travel retail e a ANA, integrada na operadora portuária VINCI Airports. Mas é lá que pode encontrar autênticas relíquias a preços mais amigos da carteira – e fazer com que as horas de espera até ao embarque tenham mais encanto. Nós explicamos.

A Preloved abriu na reta final de 2023, a 21 de dezembro, na zona comercial do aeroporto da capital. É um verdadeiro paraíso de artigos de luxo, mas há uma particularidade: aquilo que lá encontra já fez outras pessoas felizes. Trocado por miúdos, embora as peças pareçam novas, fruto do seu estado de conservação – que pudemos comprovar no evento de abertura da nova loja, esta terça-feira, 30 de janeiro – são todas em segunda mão.

Esta é a primeira loja da etiqueta em Portugal e a segunda no mundo, depois de o pontapé de saída ter sido dado em 2021, na duty free do aeroporto de Montreal, no Canadá. E a premissa de ambos estes espaços é simples: "Agarrar em duas grandes tendências, a circularidade e sustentabilidade dos produtos, aliadas ao crescimento do retalho de luxo", contou Cláudia Carvalho, diretora de marketing da Portugal Duty Free, à MAGG.

Várias são as marcas que pode encontrar neste espaço – e cada uma é mais luxuosa que a outra. As prateleiras do espaço, que tem cerca de 70 metros quadrados, estão recheadas de carteiras e bolsas com assinatura Gucci, Louis Vuitton, Prada, Fendi, Yves Saint Laurent, Celine, Bottega Veneta, Stella McCartney, Givenchy ou Valentino. A par disto, os famosos lenços da Hermès e até outros acessórios da Dior ou Chanel também não foram descurados.

Dos artigos mais recentes, que foram lançados durante as últimas estações, aos mais antigos, como algumas carteiras vintage que marcaram épocas passadas e que já não são fabricadas, das quais certos modelos da Louis Vuitton são exemplo, há de tudo nesta loja – e a qualidade e o preço atrativo são garantias da marca, cujos colaboradores nos revelaram os modelos mais requisitados, mesmo que ainda só estejam de portas abertas há pouco mais de um mês.

Veja os modelos mais requisitados.

"Há segunda mão e segunda mão – e aquilo que podemos encontrar aqui tem um nível bastante alto", confirma-nos Cláudia Carvalho, acrescentando que "qualquer um de nós podia usar as peças amanhã e não sentiria que já teriam sido usadas". Mas como é que isto acontece? Bem, é todo um processo, que começa no contacto com os fornecedores.

"Nós temos fornecedores, que são nossos parceiros, que têm equipas especializadas para identificar a autenticidade destes produtos", explica-nos a responsável. Ou seja, se noutras plataformas que se popularizaram pela comercialização de artigos de luxo a autenticação tem de ser feita pelo cliente (algo que, muitas vezes, tem um custo adicional), na Preloved o trabalho é todo realizado antes de o artigo chegar à loja.

Isto não se aplica apenas à autenticidade dos artigos, mas também ao seu estado de conservação, que pode ter vários níveis. Contudo, as etiquetas dos produtos que encontrar nas lojas da marca só vão evidenciar os três mais elevados – Pristine (imaculado, em português), Excellent (excelente) e Very Good (muito bom) –, que vão ter influência nos preços praticados, que podem começar nos 1000€.

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Para atribuir-lhes uma classificação, há inúmeros fatores a ter em conta e não há verdades absolutas. Vai tudo depender das marcas de uso – que vão de falhas nas costuras à descoloração da pele, passando pelos danos provocados pela luz solar ou a oleosidade do nosso corpo –, se o artigo se ainda se encontra em produção e até se tem ainda o dust bag original. Isto vai fazer com que um mesmo modelo possa ter preços diferentes.

Foi o caso de duas carteiras com assinatura Yves Saint Laurent. Uma azul escura e outra preta, são ambas do modelo Duffle Toy – contudo, a primeira, que custa 1.087€, foi avaliada como Excellent, e a segunda, que já é considerada Pristine, fixa-se nos 1.364€. Tudo por causa do estado de conservação, que difere entre ambas.

Assim, há uma preocupação da Preloved "em afinar a cadeia de valor para trás e definir se a qualidade dos produtos é digna ou não para uma loja", frisa Cláudia Carvalho, acrescentando que não defraudar o consumidor é a primeira preocupação da marca. "As compras aqui são muito rápidas, não são programadas. Portanto não podemos dar produtos que possam dar problemas no futuro, porque não há devoluções destes produtos", afiança.

E, de facto, embora uma parte da clientela seja portuguesa, os clientes da Preloved vêm mesmo de todo o mundo. Dos Estados Unidos, "que já têm muito presente o conceito de segunda mão e não há dificuldade em explicar-lhes o conceito", ao Brasil, passando pelos países do espaço Schengen, que são atraídos pelo facto "não encontrarem estas marcas com tanta facilidade nos seus países", Cláudia Carvalho reforça que estão a dar resposta às necessidades de todos.

"Queremos continuar a fomentar a ideia de que a segunda mão é um mercado e não é um fator depreciativo", reitera a diretora de marketing da Portugal Duty Free, dizendo que esta loja deverá ter um papel importante nesse percurso. Quanto a aberturas futuras, Cláudia Carvalho diz que é uma possibilidade. "É um projeto que pode ser exportada para outras concessões de aeroportos e, quem sabe, em aeroportos em Portugal", remata.

Veja a loja.