E se lhe disséssemos que está prestes a chegar a Portugal um paraíso de pechinchas que não descuram a qualidade? Estamos a falar da Zeeman, uma retalhista multinacional especializada em vestuário e produtos têxteis, que inaugura a sua primeira loja em território português, na quarta-feira, 26 de abril, em Matosinhos.
Localizada no coração desta cidade do norte, a Avenida da República, o objetivo da marca passa por reforçar o conceito "loja de bairro" junto da população – e esta era a zona mais indicada para isso. Até porque "o estudo de mercado da empresa diz que o mais atrativo é estar em locais que consigam estar mais perto das pessoas", conta Eunice Rodrigues, gerente regional da Zeeman, à MAGG, acrescentando que, mais do que qualquer outra, esta avenida encaixa nesse perfil.
Não é preciso muito para perceber que as raízes da marca pesaram na forma como os seus fundadores encaram o mercado. É que, em 1967, nos Países Baixos, a família Zeeman fez nascer este negócio que, apesar de pequeno em tamanho, era forte em alicerces. E isso culminou na sua expansão, fazendo com que, atualmente, a empresa tenha uma escala multinacional, com mais de 1.300 lojas abertas em países como França, Bélgica e Espanha – uma lista à qual Portugal se junta, fixando-se em oitavo lugar.
O que é que poderá encontrar nestas lojas? Bem, a bandeira estandarte é a roupa barata (e de qualidade) para toda a família. Isto significa que do público feminino ao masculino, passando pelo infantil, há um manancial de peças que visam dar resposta às necessidades de todos aqueles que lá entrarem – mas foi nos básicos que a Zeeman apostou todas as fichas.
Mas oferta não se esgota aqui, uma vez que poderá encontrar roupa interior, lingerie e pijamas, assim como têxteis de cama, banho e cozinha. A par disto, a marca também comercializa uma vasta seleção de produtos não-têxteis: "temos até um apontamento alimentar, temos brinquedos e até uma componente mais de oficina, com acessórios como colas e pilhas", afirma Eunice Rodrigues.
Há uma "linha de distinção" que separa a Zeeman da Primark
É normal que, quando pensa numa loja em que se venda um pouco de tudo a um preço tão reduzido, comecem a surgir comparações com a Primark, uma vez que é por essas características que ficou cimentada no imaginário coletivo. Contudo, além dos países de origem, há vários fatores que distinguem a marca dos Países Baixos da irlandesa. E isto fica patente com uma palavra holandesa, que se constitui quase como uma filosofia: "zuinig".
Calma, não é preciso ir a correr para o tradutor, nós explicamos. Trocado por miúdos, "zuinig" diz respeito a ter cuidados com as despesas e a causar o menos desperdício possível. E é este pequeno vocábulo que orienta a Zeeman e todo o seu método de produção, cuja pedra basilar é a consciência dos direitos humanos e da sustentabilidade.
"As pessoas vão-se questionando: como é que conseguimos praticar os preços baratos? Como é que pagamos os salários?", questiona, retoricamente, a gerente regional. E a resposta é simples: "Porque temos as nossas fábricas e visitamo-las frequentemente para ter a noção de que a produção não é feita por crianças e que é pago um salário justo", acrescenta.
Apesar de terem a produção sediada em países como a Índia, o Paquistão e o Bangladesh, onde a precariedade está associada à mão de obra, Eunice Rodrigues reitera que, com a Zeeman, não é esse o caso. "Estamos unidos para ter isso bem definido e para que as pessoas possam ter um valor que não fuja daquilo que seja possível para conseguirem viver com qualidade", refere.
E a prova disto é o facto de a marca estar ligada à Fair Ware's Brand Performance, uma organização sem fins lucrativos que trabalha para melhorar as condições laborais nas fábricas, avaliando a presença das marcas na mesma. À Zeeman, de acordo com Eunice Rodrigues, foi atribuída a qualificação de "Bom", o que significa que as boas condições estão mais do que garantidas. Já para não falar de que trabalham com matérias-primas cultivadas de uma forma ecológica ou feitas a partir de restos de materiais de produções anteriores.
"Trabalhamos com as pessoas e para as pessoas e isso é transversal à nossa produção", continua a responsável da marca em Portugal. "Não sei porque é que dizem que somos concorrentes da Primark, porque há uma grande linha de distinção, que é o preço praticado versus a qualidade", acrescenta, concluindo que "não há fabrico em grande escala, é tudo bem pensado e de uma forma bastante consciente".
Eventualmente, poderá comprar através de um site (e em novas lojas)
Esta é outra das grandes diferenças que separam a Zeeman da marca irlandesa – eventualmente, se não quiser, não precisará de sair do sofá para fazer compras. Isto porque a marca vai contar com um site, no qual os clientes terão acesso aos produtos da loja, tornando-os mais acessíveis.
Ainda que a abertura da loja de Matosinhos tenha data marcada para 26 de abril, o site só vai chegar um bocadinho depois. "É um projeto ainda em construção, porque ainda vamos ter alguma necessidade de o reajustar ao contexto nacional", explica Eunice Rodrigues, que deixa ainda a previsão de que, a meados de junho, a plataforma já estará totalmente funcional.
Para poder fazer compras através desta ferramenta, são expectáveis duas modalidades: o famoso click and collect, em que os clientes selecionam os artigos que deseja no site, recolhendo-os posteriormente na loja, ou a entrega ao domicílio, em todo o País. Contudo, esta última "ainda não foi completamente fechada", mas está tudo a ser estudado para que se torne realidade, afiança a gerente regional. Tudo o que está exposto nas lojas deverá marcar presença no site, pelo que se espera que a oferta online não seja menor do que a física.
Mas enquanto o site não chega, a Zeeman também já vai manifestando o desejo de expansão por outros pontos do País. Por isso, além da loja de Matosinhos, o norte vai ser presenteado com a abertura de mais duas lojas: uma em Canidelo, com abertura marcada para 10 de maio, e outra no Porto, a 24 de maio.
Quanto às restantes zonas do País, não há previsões, apenas muitos olhos atentos e um grande interesse de levar a marca a mais pessoas. "Por agora, o Porto é a nossa área geográfica de preferência. Mas olhamos para o nosso País com uma curiosidade nata de expansão", conclui Eunice Rodrigues.