Em Portugal, Francisco Borges Costa já vestiu uma mão cheia de celebridades, como Ana Guiomar, Olívia Ortiz e até Carolina Carvalho, cujo vestido foi responsável por ajudá-la a esconder a gravidez no âmbito dos Globos de Ouro, em 2022. No entanto, o designer de 26 anos já começou a dar cartas no mercado internacional, tendo vestido uma das sensações atuais da música brasileira: Luísa Sonza.
A cantora foi capa da "ELA", revista pertencente ao jornal brasileiro "O Globo", sendo a protagonista do editorial de julho, simultaneamente. Se podia ter vestido qualquer um dos nomes das casas de luxo mais badaladas para a ocasião? Podia, claro. Mas foi no talento do designer português, natural do Porto, que a artista – ou, melhor dizendo, a equipa – apostou as fichas todas.
"Fui contactado pelo stylist da revista com a proposta de vestir a Luísa", começa por explicar Francisco Borges Costa à MAGG, acrescentando que o tempo era apertado. "Só tinha três dias para desenvolver os desenhos, começar a fazer protótipos e costurar as peças finais", frisa. E embora se tenha tratado de uma situação de aperto, foi mais do que suficiente para que a artista servisse de montra viva ao seu trabalho.
O resultado? Um vestido feito à medida e bem dramático, por sinal. Isto porque a silhueta é bastante volumosa na zona da saia e das mangas, que são amovíveis. Por baixo delas, a artista revelou um corpete bem justo, que deixava a zona do decote à vista. E, de acordo com o criador, esta criação não podia ir mais ao encontro de toda a atmosfera do editorial.
"Tive espaço para criar o que queria", admite, reiterando que a equipa da revista lhe explicou que a ideia passava pela concretização de um "editorial muito high fashion" e que foram essas indicações que se afiguraram como mote desta peça. "O objetivo era também enaltecer a cidade de Lisboa e a Luísa Sonza", acrescenta.
Mas nem só isso pesou na balança de Francisco Borges Costa. O facto de estar a desenvolver uma coleção para a marca homónima também foi meio caminho andado para tirar as ideias da gaveta, além de se ter inspirado em várias eras, que é uma das pedras basilares da sua etiqueta. Por exemplo, no âmbito da coleção Paradisco, a estética da Grécia Antiga e da mitologia Grega casava-se com os tempos dos anos 70 e 80, em Nova Iorque.
No caso da peça da cantora brasileira, também houve a mistura de duas épocas, que acabaram por coincidir a certo ponto na linha do tempo. Estamos a falar do "glamour dos anos 20" e dos anos que se seguiram, que acabaram por dar origem à "Era Dourada de Hollywood". Esta teve um boom na reta final da década de 1920 e continuou em força até ao fim dos anos 60 – basta pensarmos em ícones como Marilyn Monroe, Grace Kelly e Clara Bow para a estética ganhar forma.
Em relação a esta experiência inédita, o criador admite que não podia ter ficado mais realizado. "Senti-me super feliz, adorei conhecer a Luísa Sonza, que foi super flexível, super amorosa. Foi mesmo um prazer trabalhar com alguém assim", explica, desfazendo-se em elogios à equipa da cantora. "Criámos uma boa relação e via-me a trabalhar com eles mais vezes em outros projetos", remata.
Veja as fotos do look.
Aos 26 anos, Francisco Borges Costa está à frente da sua marca, FBC. O designer tem uma ligação ao mundo da moda desde criança, mas só a começou a pôr em prática já em idade adulta, sobretudo com a passagem por duas revistas portuguesas deste ramo, "Vogue" e "GQ", enquanto estagiário de Publicidade e Relações Públicas.
Em 2020, foi assolado por uma complicação de saúde – um cancro, do qual entretanto conseguiu ver-se livre e que, embora não goste que o defina, serviu de mote à concretização do seu sonho, que passava por ter uma marca. "Tive de estar ao pé da morte para realmente ter coragem de fazer o que estou a fazer", rematou o designer, em entrevista à MAGG, em 2023.