Love & May, a primeira marca da influenciadora digital Inês Ribeiro, chegou no primeiro dia de maio, mês que tanto significa para a criadora de conteúdos. Trata-se de uma marca 100% portuguesa que defende a sustentabilidade e procura comercializar peças de roupa versáteis e de qualidade. "Love", portanto, amor, porque é o que mais valoriza e "May" (maio) porque é o seu mês, que sempre associou "a recomeços e momentos felizes".

Inês Ribeiro faz 30 anos no dia 27 de maio, mas foi há uma década que começou a fazer vídeos para o Youtube, plataforma que a lançou. Licenciou-se em Ciências da Comunicação pelo ISCSP, altura em que ambicionava ser repórter ou pivô, mas o projeto que nasceu para ser apenas "um ótimo treino de comunicação para um dia, por exemplo, ter um programa" tornou-se o ponto de partida para uma vida a partir do digital.

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"Apaixonada por moda", admirava a indústria da fast-fashion. Agradava-lhe a ideia de "a moda estar ao alcance de todos a um preço tão baixo, com tantas tendências, variedade e ofertas". Mas graças às redes sociais e à forma rápida como "a informação que não tínhamos nos chega, dando acesso a números que têm um impacto diferente em nós", este encanto esmoreceu.

"Números a nível de poluição, de impacto ambiental, que, por ignorância, eu desconhecia completamente", explicou-nos. Ciente da realidade, em 2019, começou a olhar para a indústria da moda de outra forma e a perceber que aquilo que outrora admirava "era o problema e o motivo pelo qual surgem várias alterações climáticas".

De um sonho de menina a um projeto de vida concretizado a dois

Surgiu a vontade de "fazer algo que pudesse ser diferenciador e que sensibilizasse para a questão da sustentabilidade". Tinha de ser made in Portugal e não contribuir, de forma negativa, para o impacto ambiental. Eram os primeiros passos da Love & May, "aquele sonho de menina" que já vinha desde a infância de Inês, que garante sempre ter tido espírito de empreendedora.

"Um dia, vou ter uma marca de roupa", chegou a dizer, em jeito de brincadeira, a uma amiga. "Quase aquele sonho clichê que quem gosta de moda tem", considera a influenciadora. Passou a ser um verdadeiro "propósito" que a "completa bastante". E foi com a ajuda do marido, Miguel Ribeiro de Sá, que concretizou o sonho.

Inês e Miguel, que começaram a namorar em 2019 e casaram em agosto de 2021, estão a "fazer praticamente tudo sozinhos" no que toca a esta marca. "O Miguel é todo dos números. Ele trata da parte mais financeira. Tudo o que é chato é com ele, tudo o que é giro é comigo", esclarece-nos a responsável da marca. "Fizemos esta equipa os dois. Eu não tinha conseguido criar algo como criei sem ele", diz, orgulhosa.

A pandemia veio atrapalhar os planos, mas não foi a única. A confeção das peças a cinco horas de distância também não ajudou, tendo dificultado "a tomada de decisões". "Ia recebendo as peças e depois não estavam como eu queria. Parecia que às vezes as coisas não fluíam. Sou muito picuinhas e tinha de mandar para trás", confessa-nos.

"Fui eu que desenhei tudo. Não tivemos designer. Acabei por não ter um desenho tão profissional e, no lado da confeção, acabaram por não perceber tão bem", revelou à MAGG sobre uma das partes "mais complicadas" do processo de criação da marca, que envolveu vários retrocessos e frustrações.

Inês achou que "ia ser muito mais fácil", mas, em vez disso, passou por um "processo sofrido, de luta, de resiliência". "Mas, no final, todas as dores de cabeça valeram super a pena, porque ficou exatamente aquilo que eu tinha idealizado". Neste momento, ainda se encontra numa "fase assim meia anestesiada, sem acreditar que está mesmo a acontecer".

A influenciadora de 29 anos não considera a Love & May "uma marca super inclusiva" ou "plus size". "As minhas peças não estão desenhadas para assim o serem", confessou, algo que identifica como "uma lacuna grande em que queremos trabalhar no futuro". Em vez disso, tentou que "vários tipos de corpos conseguissem vestir a mesma peça", adaptando os designs para tal. O site disponibiliza um guia de tamanhos para cada uma das peças.

The Choice. "Quero que esta coleção, daqui a três anos, ainda esteja atual"

A coleção "The Choice", que pode ser adquirida no site da marca, é composta por um vestido comprido e um curto, um top, uma camisa e uns calções. A palete de cores varia entre o branco e o bege — que "sempre foram escolhas óbvias", já que são as que Inês mais usa — , bem como o verde-oliva, "um clássico que não passa de moda, intemporal, e uma alternativa para quem gosta de tons mais escuros" — e o amarelo, que fica "lindo com peles morenas".

"Nem sou uma pessoa super de cores, mas este é dos amarelos mais bonitos que eu já vi. Fiquei apaixonada", explicou a responsável da marca à MAGG. O vestido Love é a peça favorita de Inês Ribeiro. Midi e descrito como "romântico e clássico", custa 120€ e está disponível em branco e em amarelo. O tecido é leve e fresco. Tem duplo forro e folhos na manga.

Já o top Dare, de 100% linho, existe em branco e verde. O "decote ousado" termina num nó frontal e as mangas são em balão. Tem o valor de 70€ e parece uma ótima adição a qualquer armário, graças à versatilidade da peça. Por sua vez, os calções Pleasure surgem em branco ou verde-oliva. Com um custo de 70€, a peça é 100% de linho e detém bolsos invisíveis na frente. Compridos e sem serem justos à pele, cativam pelo corte reto e clássico.

O vestido Dream, em bege, tem o valor de 95€ e também um cinto amovível para marcar ou não a cintura. Exibe mangas balão e, mais uma vez, folhos. Mostrar os ombros ou escondê-los com esta peça é também uma escolha. A camisa Freedom foi feita com bordado inglês e contém botões em madrepérola, bem como folhos no final das mangas (80€). Os pequenos buracos dão, como o nome indica, uma liberdade ao ar para circular em dias mais quentes.

Esta coleção, onde o linho é o protagonista, contém elementos que podem ser usados em ocasiões e ambientes diversos. The Choice, que "até uma semana antes do lançamento teve outro nome", está pensada para durar. "Quero que esta coleção, daqui a três anos, ainda esteja atual", garantiu-nos Inês Ribeiro.

Com The Choice acabada de chegar, a criadora da marca já tem em mente as próximas coleções. "Já temos alguns desenhos", assegurou-nos, sendo que terão também uma "nova categoria".

"Vamos ter uma coleção de casa". Esta chegará "mais para o final do ano" e consistirá em roupa sustentável para a casa. Também estão a trabalhar em peças novas para a próxima estação.

"A longo prazo, seria totalmente o negócio da minha vida ou, pelo menos, um bom complemento ao digital"

As expetativas de Inês Ribeiro quanto ao feedback do público estão a ser cumpridas. "Identificam a marca como minha, veem que é o meu estilo. Isso era algo que eu queria muito que as pessoas sentissem: uma peça da marca da Inês que é realmente da Inês". Embora equacionasse que as peças em branco "iam ter mais saída", têm sido as cores a roubar o coração aos consumidores — principalmente o conjunto verde-oliva e o vestido amarelo.

Um dos sonhos da criadora de conteúdos para a marca é ter uma loja física. "Adorava mesmo. Nem era preciso ser muito grande, mas que desse para ter mais proximidade com as pessoas", disse. "Como eu trabalho com o digital e para ecrãs, às vezes sinto falta do calor humano, de ver as pessoas", confessou-nos, pelo que "ia adorar ter um espaço para receber pessoas e falar um bocadinho com elas".

"Para já, não está nos planos, mas nunca se sabe", aponta, falando em "baby steps". De momento, considera mais realista eventuais parcerias com lojas. A influenciadora expressou também a vontade de ter a Love & May como um plano B.

"Se o digital corresse mal, gostava que isto fosse realmente um trabalho para mim, e até para outras pessoas." Inês Ribeiro "queria que a marca crescesse o suficiente para conseguir ter uma equipa a trabalhar" consigo.

O objetivo é "evoluir ao máximo, com a maior variedade possível de produtos e sempre na linha de sustentabilidade. Poucas quantidades, peças que não sejam super tendência, e sim intemporais. A longo prazo, seria totalmente o negócio da minha vida ou, pelo menos, um bom complemento ao digital".