Pedro Palha e Vasco Mendonça trabalhavam juntos mas rapidamente descobriram que, além do mesmo local de trabalho, partilhavam também os mesmos gostos no que diz respeito à roupa do dia a dia. "Não precisava de ser nada excêntrico. Gostamos de linhas simples, roupa confortável e que dure", explica Pedro à MAGG.
Perceberam que as linhas de roupa de homem em Portugal não lhes davam o que gostavam de vestir e começaram a comprar e a mandar vir do estrangeiro. "Tudo bastante caro e nada sustentável", refere. E por falar em sustentabilidade, a esta dupla de insatisfeitos juntou-se o amigo Pedro Gaspar, que na altura lia a biografia de Yvon Chouinard, fundador da Patagonia, uma marca de roupa norte-americana pioneira no que diz respeito à sustentabilidade da produção.
Juntos, e sem nenhum ter qualquer tipo de formação em moda, criaram uma marca de roupa cujo nome, além de ficar no ouvido, serve de acrónimo às palavras Independente, Soberbo, Transparente e Orgânico. Assim é a ISTO.
Produção sustentável
Identificaram imediatamente duas peças obrigatórias para começar a marca: uma T-shirt branca e uma camisa Oxford. "Os essenciais a qualquer guarda-roupa masculino", explica Pedro. A partir daí foram juntando casacos, sweatshirts, camisas de flanela ou de linho e, mais tarde, também uma linha de mulher.
Todas as peças da coleção têm em comum o facto de serem produzidas em Portugal, em fábricas de Lisboa, mas principalmente do norte, nomeadamente Barcelos, Guimarães e Vizela. Além disso, são feitas de algodão orgânico e numa produção controlada, o que possibilita dar mais atenção ao detalhe de cada peça.
No final, o preço é bastante mais baixo do que aquele que estavam habituados a pagar por peças feitas no estrangeiro. Mas se dúvidas houvesse, este trio fez questão de juntar a cada peça os pormenores de custos de produção. "É uma forma de o cliente saber exatamente aquilo que está a pagar", refere Pedro.
Vamos pegar na peça mais básica: a T-shirt branca. A etiqueta diz que é feita em Barcelos e com algodão orgânico. O fabrico custou 3,20€, a mão de obra 3€, as etiquetas 0,14€, o transporte 0,01€ e o embalamento 1,74€. Ou seja, o custo real da peça é 8,09€, o que no comércio tradicional chegaria facilmente os 80€, mas na ISTO se fica pelos 28€.
Toda esta informação detalhada pode ser encontrada no site, plataforma que serviu de ponto de venda durante mais de um ano. Agora, a ISTO lança-se numa loja física no Príncipe Real, em Lisboa, e ocupa uma das lojas do primeiro andar da Embaixada. Divide espaço com as peças da ÚTIL, o projeto de mobiliário português a cargo de Manuel Amaral Netto e da cerâmica da autoria de Cécile Mestelan.