Desde o dia 27 de junho que o número 12B da Avenida Infante D. Henrique, no Prata Riverside Village, em Marvila, Lisboa, é um oásis da moda de autor portuguesa. Dizemos isto porque foi lá que foi inaugurada a pop-up store P’La Arte Creative Room, um novo espaço que promete ser uma montra única tanto para designers emergentes, como para aqueles que já estão mais do que consagrados no País.

Valentim Quaresma, designer português e um dos fundadores da Plataforma P’La Arte, é também um impulsionador desta iniciativa e, em entrevista à MAGG, revelou alguns detalhes deste novo projeto, que começou pela organização de mercados. "Houve oportunidade de montar a loja, eu selecionei 10 designers que costumam participar nos mercados e abrimos o espaço", explica o criador.

Entre os designers presentes estão nomes como Alexandra Moura, Dino Alves, Filipe Faísca, Bárbara Atanásio, Renato Luiz, Lázaro Bonixe, Pé de Chumbo, Cristina Neves, assim como Valentim Quaresma. E o que é que todos estes nomes têm em comum? De acordo com o criador, são aqueles que se focam num "design mais autoral", se munem de uma identidade própria e bastante vincada.

Na verdade, o conceito de casar os trabalhos que resultam da mestria dos designers emergentes com os já estabelecidos é uma extensão daquilo que movia as iniciativas anteriores. "Esse também sempre foi o espírito do mercado, misturar designers emergentes com os que já estão estabelecidos. Esse sempre foi um dos critérios principais do mercado e, claro, depois passou para a loja", frisa o designer.

Veja as fotos da loja.

O espaço destaca-se por permitir aos designers selecionar as suas próprias peças, apresentando uma diversidade de conceitos. "São os designers que escolhem o trabalho deles. São peças mais emblemáticas das marcas – umas mais conceptuais, outras mais fáceis de vestir, outras não. Não é um critério muito específico para a escolha das peças", adianta Valentim Quaresma.

E porque a sua marca homónima também vai estar exposta na P’La Arte Creative Room, o designer afirma que nem só de peças de vestuário se vai fazer a festa. "É o meu trabalho de uma maneira geral", afirma, acrescentando que há um bocadinho de todas as áreas em que opera. "Tenho lá escultura, joalharia contemporânea, joalharia de moda, tenho roupa", frisa, aludindo não só para a sua amplitude criativa, como para a da loja em si.

Um dos principais desafios do projeto é atrair o público, de acordo com o próprio. E desengane-se quem acha que isso deve ao facto de, em Portugal, não haver um público muito presente dentro do contexto da moda. "Haver, há. As pessoas não são é curiosas, nem se deslocam muito para ir à procura de moda de autor, a questão é essa", acrescenta, reiterando que passar dos mercados para a loja é precisamente para tentar reverter essa tendência.

Trocado por miúdos, a P’La Arte Creative Room é menos volátil que os mercados, que acontecem de vez em quando e numa data específica, pelo que se proporciona um espaço fixo e contínuo para os designers interagirem com os clientes, algo que, quiçá, levará a premissa de suscitar curiosidade e mover as massas a bom porto. "E podem falar connosco, nós estamos mesmo lá na loja frequentemente", enfatiza Valentim Quaresma.

ModaLisboa. Valentim Quaresma levou-nos até a um mundo em que a mitologia e o futuro se misturam
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Além disso, um dos objetivos principais da loja é desmistificar a percepção de que a moda de autor é inacessível. "As pessoas pensam que a moda de autor é caríssima, o que é errado. Acho que só vindo é que as pessoas conseguem perceber o que é que os criadores fazem e os preços que praticam", continua o criador, acrescentando que as peças da loja começam nos 20€.

Sem previsão de encerramento, ao contrário do que costuma acontecer com as lojas pop-up, o espaço continuará a funcionar enquanto fizer sentido: "Abrimos [em junho] e vamos fechar quando tivermos de fechar", remata Valentim Quaresma, lembrando da importância do quão inédito este projeto é: "Não há nenhuma loja em Lisboa que venda só moda de autor".

Espreite algumas peças dos designers.