O Natal está mesmo aí à porta e, por todo o Mundo, as diferentes regiões apostam tudo nas decorações mais exuberantes e mágicas. A MAGG esteve na ilha da Madeira, para viver o espírito natalício deste paraíso português.
A Região Autónoma da Madeira criou toda uma programação de Natal, que começou no dia 1 de dezembro e que se vai estender até 8 de janeiro. "Na Madeira, quando se fala no Natal, é A festa", explicaram à MAGG, quanto à forma como se vive esta quadra entre os mais de 250 mil habitantes da ilha.
Não falta o que fazer para qualquer tipo de públicos, desde famílias com crianças a grupos de amigos e até casais. Há mercados, muita animação noturna, restaurantes com menus especiais, atuações ao vivo, um parque de diversões e iluminação natalícia por todos os cantos.
1. Visitar o Mercadinho de Natal (e beber uma poncha)
A Placa Central da Avenida Arriaga está agora mais mágica graças ao mercadinho de Natal que por lá se encontra. Inúmeras barraquinhas formam um corredor aconchegante que está sempre repleto de visitantes (tanto turistas como locais). Estas pequenas casas estão decoradas com luzes e um papel de parede com plantas e flores.
Dentro de cada uma há produtos regionais para provar, que vão desde a poncha (que pode ser, por exemplo, de tangerina, de macarujá ou à pescador, com aguardente de cana-de-açúcar, sumo de limão e açúcar) ao vinho Madeira, passando pelos bolos e broas de mel.
Este mercadinho é um ótimo local para comprar souvenirs ou presentes para colocar debaixo da árvore, como sementes de flores da ilha para plantar, ou até produtos para a ceia, como frutas típicas e frescas.
A magia natalícia no Funchal é reforçada com as atuações ao vivo de artistas, grupos de folcrore, coros e bandas filarmónicas para os mais diversos gostos. Os concertos acontecem num palco logo a seguir ao presépio gigante (e lindo) e às tendas onde se faz o repasto (como o clássico bolo do caco). No dia 23 de dezembro ocorre a principal noite do mercado, quando fecham o trânsito nas ruas à volta e milhares se juntam para fazer as compras e comer.
O mercadinho de Natal da ilha da Madeira funciona sempre a partir das 10 horas. De domingo a quinta-feira está aberto até à meia noite e até à uma da manhã às sextas-feiras e sábados. O horário estende-se até às quatro da madrugada nos dias 23, 30 e 31, e encurta-se até às 18 horas a 24. Vai estar encerrado a 25 de dezembro e a 1 de janeiro. Pode visitá-lo até dia 8 de janeiro.
2. Provar um almoço tradicional de Natal madeirense
A Adega do Pomar fica numa zona de passagem da Camacha, uma vila a poucos quilómetros do Funchal. Durante a quadra natalícia, o projeto de Márcio Nóbrega reforçou a ementa com as opções que mais se encontram nas mesas de Natal dos madeirenses. Um almoço neste restaurante custa entre 20 a 25€ por pessoa, sem bebidas incluídas.
A passagem da MAGG pela Adega do Pomar (que estava a abarrotar com madeirenses e estrangeiros) começou com algo que nunca falta na ilha: bolo do caco com manteiga e alho. As fatias deste pão achatado foram acompanhadas por uma poncha, antes de chegar aquela que é a comida mais típica do Natal na Madeira.
Esqueça o polvo ou o borrego. A carne em vinha de alhos é a protagonista de qualquer almoço tradicional de Natal madeirense. Esta carne fica a marinar durante pelo menos 24 horas em vinho tinto, vinho branco ou em vinagre, o que lhe confere uma certa acidez. É cozinhada lentamente com banha e também pode ser frita na frigideira.
O bacalhau também é bastante apreciado e, neste restaurante, a MAGG experimentou o bacalhau com broa, que estava divinal e cujas lascas saíam ao mínimo toque. Para sobremesa, nada de bolo rei. Na Madeira, é o bolo de mel quem sobe ao trono — mas atenção, nada de o partir com uma faca, para não trazer o sabor metálico indesejado. Tem de dividi-lo com a mão.
3. Tirar ideias para criar uma mesa de Natal única
Ainda tem alguns dias para se inspirar na composição daquela que vai ser a mesa onde todos lá de casa se vão reunir no Natal. É no Salão Nobre do Teatro Municipal Baltazar Dias, no coração do Funchal, que estão reunidas as oito mesas da 7.ª edição da exposição "Mesas de Natal com Bordado Madeira".
Como o nome indica, nestas mesas, o elemento principal é o Bordado Madeira, o bordado típico desta região, feito à mão há muitos séculos e com uma herança gigantesca. Esta exposição, que nasce de uma parceria entre a empresa Bordal, um dos principais fabricantes e exportadores deste bordado, e o Município do Funchal, está aberta ao público e pode ser visitada de forma gratuita.
Cinco hotéis, duas associações e um designer foram desafiados a compor uma mesa natalícia onde se destacasse o Bordado Madeira, quer através da própria toalha de mesa, quer de apontamentos menores, como bases para pratos. A MAGG passou pela sala opulenta onde se encontram agora expostas as criações enquanto ainda estavam a decorrer as montagens e pôde assistir ao corrupio.
Dois dias depois, voltámos para testemunhar o resultado final, e foi verdadeiramente encantador ver como tudo se transformou. Da criatividade dos objetos usados ao valor que cada um comporta, passando pela forma como jogaram com as cores e com o meio envolvente, é de tirar o chapéu (e de tirar apontamentos também, para impressionar a família e os amigos daqui a uns dias).
A Bordal, que existe desde 1962, está agora nas mãos dos sócios-gerentes João e Susana Vacas. Cada mesa desta exposição foi criada tendo como ponto de partida uma toalha com bordado da Madeira. "Escolhemos os bordados, o que queremos vender e expor, o que é tendência e o que as pessoas querem ver", explicou Susana Vacas à MAGG.
"Metemos de parte os elementos com mais impacto e tentamos que as pessoas vejam o que o bordado Madeira é. Não é aquele bordado antigo, da avó", alerta a sócia-gerente da Bordal, cuja fábrica (visitável sem qualquer custo até dia 6 de janeiro) fica no número 77 da rua Dr. Fernão Ornelas.
Na criação destas mesas, os artistas tentam juntar o que é deles às tradições e aos diferentes elementos. "Nesta altura do ano, o bordado sai da gaveta, tal como os melhores pratos", refere Susana Vacas, que acrescenta que "há pessoas que marcam viagens de propósito para a Madeira para verem as mesas e tirarem inspiração".
Os bordados da Bordal são vendidos online para todo o Mundo (desde peças para mesa, cama e bebé). Quando são feitos à mão na Madeira, têm um selo de garantia. As toalhas usadas para a exposição, depois de engomadas, foram o centro das atenções. No caso da mesa da Associação de Promoção da Madeira (APM), concebida pelo arquiteto Dino Gonçalves, o tema foi "um Natal tropical na Madeira".
Composta por loiça pintada à mão por Dino, duas bananeiras de metal e duas mesas, esta criação pretendia ser mais versátil e adaptável não só ao Natal, mas a outras alturas, como a Páscoa. "Este ano a ideia é um bar, onde dá para circular livremente", explicou o artista à MAGG.
Dino Gonçalves pegou em fita de gorgurão bordada e aplicou-a, em duplo X, em cada uma das seis toalhas, almejando conseguir uma treliça árabe. Com estas fitas, "parece que pintaram por cima do bordado", embora tal seja completamente proibido. "É preciso dar-se um twist moderno. Baseio-me muito na moda. Queria uma mesa sofisticada, mais atual", elucidou, pretendendo que "as pessoas se possam fotografar, que seja instagramável e que elas entrem na decoração".
As Mesas de Natal by Bordal estão expostas desde o dia 14 de dezembro e até 6 de janeiro. Podem ser vistas todos os dias, exceto 24, 25, 26 e 31 deste mês e 1 de janeiro. No dia 23 estão acessíveis das 10 às 13 horas, aos sábados e domingos das 15 às 19, de quarta-feira a sexta-feira das 10 às 19 e segundas-feiras e terças-feiras das 10 às 17h30.
4. Fazer uma caminhada pelas luzes natalícias da ilha
São mais de um milhão as lâmpadas que se acendem por toda a ilha da Madeira para iluminar a época festiva. Desde o dia 1 de dezembro que, às 18 horas, se ligam estas luzes das mais variadas cores pelos recantos mais óbvios, mas também os mais inesperados da região.
As luzes de Natal permanecem ligadas até à uma da manhã. Nos dias 23, 24 e 31 ficarão até às seis da madrugada e a 25, 26, 27, 28, 29 e 30 até às quatro. É quando o sol desaparece e cai a noite que se faz luz e que se cria a verdadeira atmosfera natalícia, onde quase tudo está iluminado.
Vista de cima, de um andar alto, a Madeira parece um autêntico presépio. Desde os troncos das árvores às ribeiras, há iluminações de Natal em tudo quanto é possível. Amarelas, azuis, verdes, vermelhas e de tantas outras cores, fazem com que estejamos sempre de queixo caído e de câmara na mão.
Na Praça do Município foi criada uma vila de Natal, perfeita para as crianças. Há algodão doce, pinturas, atuações e até um comboio que por ali anda. Também o Jardim Municipal do Funchal está todo iluminado e deve ser incluído numa tour pelas luzes natalícias, algo obrigatório para quem está pela ilha da Madeira nesta altura do ano.
5. Comprar o que falta para a ceia de Natal
O Mercado dos Lavradores é o sítio perfeito para adquirir o que não pode falhar na mesa de Natal. Inaugurado em 1940, este complexo do Funchal está encerrado aos domingos e aos feriados. Aos sábados apenas funciona entre as sete da manhã e as duas da tarde e nos dias úteis das 7 às 19 horas.
"É melhor ir ao mercado à sexta-feira ou ao sábado de manhã", sugeriu Graça Lopes, membro das guias-intérpretes oficiais da Madeira, à MAGG. Todos os domingos no mercado têm sido dedicados a temas ligados ao Natal, tais como decoração ou gastronomia, mas também podem existir antiguidades e artesanato, por exemplo.
É no mercado dos Lavradores que encontra o melhor peixe (como o indispensável bacalhau ou o adorado peixe-espada), mas também os legumes mais frescos e flores (como os sapatinhos, que associam bastante ao Natal). Há diversas especiarias, produtos orgânicos e frutas (sendo a tangerina "o fruto emblemático do Natal na Madeira", de acordo com a guia).
As frutas exóticas e apetitosas da ilha podem ser experimentadas no mercado, em provas que decorrem numa zona mais calma e resguardada, longe da confusão das compras para o Natal (e também é possível fazer provas de poncha ou de vinho Madeira). Todos os frutos têm apenas o sabor próprio, sem qualquer adição de açúcar.
A MAGG provou um tomate inglês (que pode ser o protagonista de uma poncha), um maracujá roxo (a partir do qual se faz a famosa Brisa Maracujá), uma goiaba, uma papaia, uma banana-maçã (que consegue ter ambos os sabores), uma monstera deliciosa (é mesmo o nome da fruta, e faz sentido) e uma manga (a favorita).
*A MAGG esteve na Madeira a convite da APM - Associação de Promoção da Madeira