Sexta-feira, 8 de novembro. Passam poucos minutos das 7h30 quando ponho o pé fora de casa, devidamente equipada com a carteira e o guarda-chuva. Poderia ser uma manhã invernosa igual a tantas outras, não tivesse entre mãos uma missão que tinha tanto de desafiante como de delicioso: descobrir qual é o melhor croissant simples de Lisboa. E porquê simples? Porque os verdadeiros amantes de croissants querem apreciar o sabor e textura da massa, sem estar camuflada pelos recheios.
A rota dos croissants incluía 13 pastelarias, previamente selecionadas com base na opinião dos jornalistas que conhecem a doçaria lisboeta como ninguém. Tentei mentalizar-me de que não podia ser assim tão difícil carregar 13 croissants até à redação para o teste final, mas logo na primeira pastelaria percebi que me iam trocar as voltas. "Só um croissant? Nem pensar. Preparámos duas caixas para si". Duas caixas cheias. Lá se ia a teoria de conseguir carregar tudo sem esforço.
A minha sorte foi que consegui escapar-me de comer croissants em praticamente todas as pastelarias. Mas quando cheguei a Algés, quase sem braços, fui praticamente obrigada a comer um do Careca, acabado de sair do forno. O dono afirmava: "Não vai conseguir avaliar o nosso croissant sem comer um quente. Coma agora um, coma agora um", insistiu. Não me interpretem mal, tenho todo o gosto em comer croissants do Careca — o problema é que teria de o repetir quando chegasse à redação, juntamente com os restantes 12 concorrentes. Não há estômago que aguente tanto croissant.
Quando cheguei à Eric Kayser, descobri a verdadeira história dos croissants. Sabia que não são uma invenção francesa? Pois, nem eu. Yara, a dona da pastelaria, contou-me que têm origem austríaca e eram conhecidos pelo nome viennoiserie. "Mais tarde, em 1770, os franceses aperfeiçoaram a receita vienense e o croissant tornou-se num dos mais famosos doces da pastelaria francesa a nível mundial", explicou. Uma verdadeira aula de croissants.
A correria de pastelaria em pastelaria continuou e nem paragem para almoço houve — também não havia fome nem vontade de comer, só conseguia pensar que tinha 13 croissants à minha espera. Quase já ao final da tarde, consegui finalmente chegar à redação com dezenas de croissants nos braços.
Chegava a altura de fazer a derradeira prova. Depois das devidas fotografias, sentei-me à mesa de faca e bloco de notas na mão. Qual o melhor croissant de Lisboa, perguntam? Eu respondo-vos com o Top 10, do pior para o melhor. Bom apetite.