Há coisas em que não há consensos possíveis. No frango assado, por exemplo, jamais se irá convencer um amante do frango da Valenciana, em Campolide, Lisboa, que o do Rio de Mel, em Alvalade, é melhor. Não vale a pena a discussão. Cada um fica com a sua, e amigos como dantes. Com as praias é mais ou menos a mesma coisa. Uns gostam de ondas, outros de areais grandes, há quem goste de praias desertas, outros preferem um bom restaurante de praia, há os que têm recordações que valem para a vida, outros que conhecem aquele mar desde sempre e nunca o irão trocar. Por tudo isto, a MAGG criou o desafio Guerra de Praias, que durará ao longo dos meses de julho e agosto. A ideia é que os vários colaboradores da MAGG defendam, com unhas, dentes e facas afiadas, todas as segundas e sextas-feiras, aquela que é, para cada um, a melhor praia do mundo, a praia da sua vida. Os argumentos vinculam cada um dos autores. Depois da Terra Estreita, passamos para a praia da consultora de moda e lifestyle da MAGG, Fabíola Carlettis, que fica mesmo ao lado. Aqui vai:
Sempre fui de verão, de praia e de bronzeado (e alguns escaldões pelo meio, confesso). E sempre andei, de carro ou a pé, o que fosse preciso para chegar a uma qualquer praia a que quisesse muito ir. Quem conhece a Praia da Amália, em Odeceixe, por exemplo, sabe o filme de terror que é para lá chegar. Mas nem isso me impediu de lá ir, várias vezes.
Claro que com a idade e agora com uma filha, o conceito de praia foi mudando. Mas ainda assim, quero muito mostrar à Francisca as praias incríveis que temos, mesmo que não seja fácil lá chegar.
Quando o desafio foi lançado, automaticamente pensei numa praia: Vale Figueiras. Fica em Aljezur e foi a minha praia de eleição para as férias de verão nos últimos dez anos. Era deserta e de difícil acesso, o que fazia com que muitas vezes tivesse a praia quase só para mim. Mas isso mudou drasticamente. Começou a ser falada, divulgada nas redes sociais, o chão foi alcatroado e passou a ser frequentada por famílias inteiras, que levam a casa atrás. Até já se podem fazer massagens numa tenda. Perdeu o encanto, portanto.
As memórias ficam e nem que seja pelo menos uma vez por verão ainda lá vou, mas aquilo que a tornava especial deixou de existir. Ficou apenas mais uma praia bonita da Costa Vicentina.
E, por isso, a minha escolha acabou por ir mais para sul, para uma praia onde passei grande parte dos meus verões. E há um motivo para isso — é realmente a melhor praia do mundo.
A Praia do Barril, que fica em Tavira, é a praia para onde quem está hospedado no aldeamento Pedras d'el Rey normalmente vai e era para onde eu ia passar férias com os meus pais. Durante 12 anos, pelo menos duas semanas do meu verão eram passadas lá, onde acabei por fazer um grande grupo de amigos de todo o País. E são em grande parte essas memórias de infância ou de adolescência de verão que nos fazem ter umas praias mais especiais que outras.
Muitas pessoas conhecem ou pelo menos já ouviram falar desta praia por causa do famoso comboio, mas acreditem que há muitas outras razões para conhecer o Barril.
Podemos começar pela localização, que faz logo com que as minhas hipóteses de ganhar esta guerra sejam altíssimas. Apesar de ficar no Algarve, este é um Algarve completamente diferente. Sem a agitação e população excessivas “das Vilamouras e Albufeiras”, e com espaço para pôr a toalha na areia, sem pisar 350 pessoas.
Apesar de ser uma zona com cada vez mais afluência, ainda se pode dizer que a Praia do Barril é calma e com pessoas q.b. para não se ter que ouvir a conversa dos vizinhos.
Quem fica hospedado em Pedras d’el Rey tem a vantagem de não pagar o comboio e vai a pé até lá, tendo só que atravessar uma ponte por cima da Ria Formosa. Quem não está, pode levar o carro até muito perto dessa mesma ponte, onde existe um parque de estacionamento. Nesse caso, o comboio tem um custo de 1,50€ por pessoa, e crianças até aos cinco anos não pagam.
Este é o único Algarve de que eu gosto. Sossegado, descontraído e familiar. E esse é outro ponto que considero uma mais valia (principalmente agora que sou mãe). A Praia do Barril é perfeita para famílias. O trajeto de comboio até à praia é divertido para as crianças e quando chegam lá, têm um areal grande (que já foi bem maior) onde podem brincar, e que é vigiado, e uma água que raramente está fria (e eu sou a pessoa mais friorenta do mundo, nisto ganho de certeza).
Além das boas acessibilidades, a praia tem vários espaços de restauração, com diferentes tipos de oferta, que fazem com que haja opções para os mais velhos e para os mais novos, e para variar de dia para dia.
Há camas e toldos para alugar numa grande parte da praia e há ainda espaço para quem leva os próprios chapéus de sol.
Para quem o fator família não seja importante, e percebo que haja várias pessoas para quem não seja e que prefere não ter crianças aos gritos e a correr de um lado para o outro, talvez esta não seja a praia ideal. Mas para os pais e mesmo para as crianças que vão, esta é, sem dúvida, a praia de eleição.
Para quem quiser fazer compras, também o pode fazer por lá. Há uma loja com biquínis, vestidos, toalhas e muitos outros acessórios de praia. Ou seja, é uma praia onde se pode passar um dia completo, de manhã à noite, com tudo o que é preciso.
Infelizmente, já não vou lá há uns anos e ainda nem levei lá a minha filha, mas é, sem dúvida, a praia onde quero que a Francisca venha a criar memórias também.