Que te culpem - e culpam-te, e vão culpar-te - por aquele penálti falhado, é lá com eles. Foi uma escolha do teu selecionador que, num assomo qualquer de psicologia do pataco, achou que a soma vontade + frustração + ego = bom desempenho. Foi um risco enorme, infantil, foi um desafio ao qual nunca estarias à altura. E correu como tinha de correr. Mal.

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Os que te puseram lá em cima nos píncaros, outrora, vão dizer mal de ti. Como já dizem, de resto. 24 anos é pouco para ter experiência, segurança emocional, racionalidade e sangue frio para lidar com a torrente de lava que se sucederá nos meses que vêm. Mas são anos suficientes para saíres do lugar de vítima onde te colocaste e segurares as rédeas do teu próprio destino.

Como - para o bem e para o mal - demonstrou tantas vezes o teu capitão, o lado emocional comanda (quase) tudo. Podes ter a melhor preparação física, o melhor treino, estar na melhor equipa, mas se a tua cabeça não estiver no lugar certo, não vais a lado nenhum. E depois tens casos, tantos casos, em que o gajo que não era nem o melhor nem o mais competente se faz grande porque tem o estado de espírito, a segurança, o entorno familiar e a vontade certas.

São circunstâncias que podem ser pré-existentes mas que também podem ser criadas. Esta segunda hipótese é mais difícil. Criares o teu espaço seguro, a tua confiança, as tuas barreiras emocionais, saíres do teu próprio umbigo, deixares os amuos, o teu ego de jovem estrela que perdeu o brilho, custa muito. Mas se queres sair por cima desta situação, se queres pôr a bom uso o talento enorme que tens, é o que tens de fazer.

Nem sempre os que nos dizem o que queremos ouvir estão certos. Muitas vezes não estão. Então, se formos milionários e famosos, muito menos. E ouvir o que não queremos também custa. A tendência é afogarmo-nos num mar de autocomiseração, o nosso ego ferido alimentado pelos falsos elogios dos interesseiros do costume.

É difícil sair desse ciclo vicioso. Implica fechar a porta a pessoas que nos são próximas, implica solidão. É preciso fazer escolhas difíceis para se ser adulto. E vais ter de as fazer, a não ser que queiras para sempre ser o Peter Pan do futebol.

Depois de a tormenta passar, pega no telefone e fala com o teu colega Diogo Costa. Ou com o Rui Patrício, ou até com o veterano Pepe. Fala com quem tem altruísmo, com quem tem vontade intrínseca e altruísta de ser melhor.