O cancro da mama é o mais comum entre as mulheres portuguesas. Anualmente são detetados cerca de 7000 novos casos, dos quais 1800 acabam em morte. Segundo a Liga Portuguesa contra o Cancro , nos homens a percentagem de casos é de 1%. Contamos-lhe a história de dois homens que lutaram contra esta doença oncológica.

Pedro Henrique Mascarenhas e Marco Longhini tiveram esta doença e ficaram para contar a história de como é fazer parte da reduzida percentagem de homens com cancro da mama. O que para estes homens não passava de um simples caroço na mama era, na verdade, cancro.

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Para combater o excesso de peso, Pedro Henrique Mascarenhas realizou uma cirurgia para emagrecer, mas ainda antes do procedimento já sentia caroços nos dois lados do peito. “Achei que era gordura”, revela à revista "VivaBem". Depois de emagrecer continuou a senti-los no lado esquerdo do peito e foi numa consulta de rotina que, aos 39 anos, descobriu que tinha cancro da mama. “Sentia caroços dos dois lados do peito. De um lado desapareceu, do outro ficou uma bola que parecia um limão”, recorda Pedro.

Apesar da desconfiança, Pedro não se mostrava preocupado pois os médicos tinham-lhe dito que a doença é rara nos homens. Mais ou menos um mês depois da primeira consulta e dos primeiros exames chegaram os resultados. A doença já estava no estádio II, numa escala que vai até ao IV estádio.

“Sem perceber nada do que estava escrito, fui para o médico”, recorda Pedro, falando ainda do momento em que ouviu a palavra 'cancro' da boca do médico. “Primeiro é um choque, tentamos mostrar-nos fortes, mas quando estás sozinho debaixo do chuveiro, desabas”, confessa Pedro.

Independentemente da reação, sabia que tinha de contar à família e aos amigos qual tinha sido o diagnóstico. “Foi um choque pensar nos meus filhos, mas não quis esconder-lhes nada”. Depois das emoções, chegaram os tratamentos. Após 16 quimioterapias, uma cirurgia e 25 sessões de radioterapia conseguiram reduzir o tumor, de 5,4 centímetros passou para 2 centímetros.

Já no final das sessões de radioterapia a tão aguardada notícia chegou, o cancro estava em remissão. Atualmente Pedro faz exames de seis em seis meses e medicação para ajudar a prevenir o regresso da doença. A doença oncológica mudou completamente a sua forma de pensar na vida. “Antes pensava muito no trabalho para conseguir levar coisas boas para casa. Depois do cancro, penso em qualidade de vida e procuro estar mais presente na vida dos meus filhos”, reflete.

“O homem não tem o costume de apertar a mama, mas é importante"

Também Marco Longhini descobriu em 2019 que fazia parte da reduzida população masculina com cancro de mama. “Sou o 1%”. O perito de 59 anos não imaginava que o caroço na mama esquerda que teve durante anos era na verdade um tumor. “Não tive nenhum sintoma, só um pequeno caroço. Tu achas que é só uma glândula.”

Até que um dia sentiu algo de errado com aquilo que seria só uma glândula e decidiu ir ao médico. “Senti uma diferença na mama esquerda, diminuiu. Tinha um buraco como se tivesse ido para dentro do peito”, revela.

Depois de realizar alguns exames, Marco confirmou a sua suspeita. Tinha cancro da mama em estádio III. “Já tinha ouvido dizer que os homens podiam ter cancro da mama, mas não esperava que me acontecesse a mim. Eu sou o 1%. Inicialmente fiquei mal, tu pensas ‘estou tramado’”, confessa o perito.

Marco fez a mastectomia da mama esquerda, que teve um resultado positivo. Mas o percurso até à remissão da doença ainda era longo. Depois de seis sessões de quimioterapia, em março de 2022 o cancro estava em remissão. “Foi a melhor notícia que podia ter recebido.”

“O homem não tem o costume de apertar a mama, mas é importante. Agora, dou uma cutucada do outro lado para ver se tem alguma bolinha”, admite Marco ao mesmo meio de comunicação. 

Os dados mais recentes do Ministério da Saúde brasileiro revelaram que, em 2020, morreram 207 homens com cancro da mama.