Anosmia (a perda total do olfato) e a ageusia (falta do paladar) são novos sintomas para COVID-19. De acordo com o "New York Times", na sexta-feira, 20 de março, alguns otorrinos britânicos começaram a recomendar testes e isolamento para pessoas que perdem o olfato, mesmo não tendo outros sintomas de COVID-19, por forma a diminuir a propagação da doença.
Claire Hopkins, presidente da Sociedade Rinológica Britânica, e Nirmal Kumar, presidente da ENT UK, um grupo que representa os otorrinos na Grã-Bretanha, emitiram uma declaração conjunta a pedirem a todos os profissionais de saúde para usarem equipamentos de proteção individual ao tratar pacientes que perderam o olfato.
Segundo o "New York Times", relatórios anteriores vindos de Wuhan, na China, alertaram que especialistas em otorrinolaringologia, assim como oftalmologistas, foram infetados e morreram em grande número. Também outros relatórios da Coreia do Sul dizem que um número significativo de pacientes com COVID-19 tinha asnomia, 30% dos dois mil pacientes tiveram asnomia positiva como o principal sintoma.
A Academia Americana de Otorrinolaringologia publicou no domingo informações no seu site a dizer que evidências crescentes indicam que o olfato perdido ou reduzido e a perda do paladar são sintomas significativos associados ao novo coronavírus, e que foram observados em pacientes que testaram positivo sem outros sintomas. Estes sintomas, na ausência de alergias ou sinusites, devem alertar os médicos para rastrear os pacientes.
"A maioria dos otorrinolaringologistas tentou, por sua própria iniciativa, reduzir a dimensão (dos possíveis infetados com o COVID-19 e de pessoas que podem vir a ser infetadas)", disse Rachek Kaye, citada por "New York Times", acrescentando que o seu departamento em Rutgers, New Jersey, já tinha começado a usar equipamentos de proteção individual e parou de realizar exames não essenciais.
Nas áreas da Itália mais afetadas pelo vírus, os médicos concluíram que as perdas de paladar e olfato são uma indicação de que uma pessoa que aparenta ser saudável pode estar com o vírus e pode, consequentemente, espalhá-lo por outras pessoas.
Clemens Wendtner, professor de Medicina do Hospital de Ensino Académico da Universidade Ludwig-Maximilians de Munique, disse que os pacientes recuperaram a capacidade de cheirar após alguns dias ou semanas e que a perda ocorreu independentemente do quão doentes eles estavam. "O uso de gotas nasais ou sprays não ajudou", disse Wendtner.
Vários pacientes americanos que apresentaram sintomas consistentes com o novo Coronavirus, mas que ainda não foram testados ou estão a aguardar os resultados, indicaram a perda de sentidos do olfato e do paladar, mesmo com o nariz limpo e sem congestionamento.