Usamos o smartphone e os tablets para tudo e mais alguma coisa, desde ler mensagens, e-mails, falar ao telefone, tirar fotos e tantas outras coisas.
Mas é precisamente nas funcionalidades de escrita destes aparelhos, bem como na visualização de conteúdos (seja uma série no tablet ou as notícias do dia no telefone) que residem dois problemas relacionados com a tecnologia que estão a afetar os seus músculos, postura e corpo no geral.
Francisco Neves, fisioterapeuta na Clínica Centrus, explicou à MAGG que se tratam de “problemas do novo milénio, que surgiram com o boom da tecnologia. Há 10 anos atrás não nos preocupávamos com os danos que a rapidez e quantidade de mensagens que escrevemos no telefone podiam causar aos músculos.”
Pedimos ao especialista ajuda para identificar as situações mais recorrentes e preocupantes, bem como soluções rápidas para que use todos os seus gadgets sem danos associados à saúde.
Text neck
A expressão é inglesa, mas é a mais vulgarmente utilizada para identificar os danos que olhar constantemente para o telefone ou tablet causam ao nosso pescoço.
O que é: “O text neck acontece quando o pescoço está permanentemente numa posição a olhar para baixo. Este gesto faz com que as estruturas do pescoço estejam sempre sob tensão, a gerar processos inflamatórios”, explica Francisco Neves.
O que fazer: De acordo com o especialista, a medida mais eficaz é a prevenção — ou seja, reduzir ao máximo a postura curvada a olhar para baixo. “Mantenha a cabeça o mais direita possível e levante os braços, de forma a que o dispositivo fique mais perto da linha do olhar”, salienta o fisioterapeuta.
Para aliviar a dor causada pelo text neck (que em casos extremos pode gerar dores de cabeça intensas e problemas discais), uma massagem local desde a nuca até à zona dos ombros é o ideal. “O contacto manual, ondulatório, quase como se estivesse a mexer em massa de pão, diminui a tensão gerada por esta situação. Colocar uma toalha molhada em água quente por baixo da nuca, enquanto se deita de barriga para cima, também resulta no alívio da dor”, salienta Francisco Neves, que alerta que nunca se deve usar gelo para este tipo de desconforto.
Dedo em mola
Também popularmente apelidado por dedo em gatilho, esta expressão refere-se ao gesto de digitar no telefone com os dois polegares.
O que é: Causado pelo uso excessivo e repetitivo dos polegares, sem repouso, Francisco Neves explica que “ a expressão médica é tenossinovite estenosante e caracteriza a tensão nos tendões flexores do polegar, sendo que também pode acontecer nos outros dedos.”
O que fazer: Em casos extremos, esta é uma situação que até pode ter de ser resolvida com recurso a cirurgia. Para que não chegue a esse ponto, altere o uso dos polegares com os indicadores para manusear o smartphone, dando assim descanso aos dedos mais usados. “Estique os dedos para trás com a ajuda da outra mão, quase como se estivesse a alongar os polegares, e tente massajar o foco da dor”, conclui o fisioterapeuta.