O humorista Nuno Markl, de 54 anos, deu entrada no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, na noite de quinta-feira, 20 de novembro, depois de ter sofrido um AVC. O comunicador, que tinha horas antes publicado várias fotografias no Instagram, já se encontra fora de perigo, mas a verdade é que o seu estado de saúde acabou por preocupar não só familiares e amigos como também grande parte da população.

Nuno Markl sofreu um AVC. Humorista está internado no Hospital São Francisco Xavier
Nuno Markl sofreu um AVC. Humorista está internado no Hospital São Francisco Xavier
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O radialista da Rádio Comercial está atualmente internado na unidade de cuidados intensivos, onde já realizou vários exames, e inclusive já deixou um registo nas redes sociais. "Estou a pensar nisto como recolha de material para uma boa edição d’O Homem Que Mordeu o Cão", brincou, acrescentando que, por vezes, temos de nos lembrar de que "não somos super-homens".

Sobre o tema, a MAGG falou com o professor e neurologista Vítor Rocha de Oliveira, que explicou que "90% das causas de um AVC podem ser prevenidas", e que os maiores fatores de risco, podem, de facto, ser modificáveis. "Chamam-se mesmo fatores de risco modificáveis. É evidente que a idade é um dos fatores de risco que não é, mas um dos que se pode modificar é a hipertensão arterial", começa por explicar. 

Professor e Neurologista Vítor Rocha de Oliveira
Professor e Neurologista Vítor Rocha de Oliveira Professor e Neurologista Vítor Rocha de Oliveira

"Isso tem que ver com, muitas vezes, os hábitos alimentares, sobretudo com o consumo exagerado de sal. É uma coisa que está nas nossas mãos, e que precisa mesmo de ser modificado. Outro fator importante é o tabaco, que é perfeitamente modificável. O tabaco é um fator extremamente importante para o desenvolvimento da aterosclerose, que vai provocar alterações no sistema arterial. Depois, os diabetes também são um fator, porque resultam também, por vezes, de má alimentação e falta de exercício", explica. 

O stresse, por sua vez, não é um fator de risco direto, mas é algo que faz com que, no caso de algumas pessoas, seja "uma desculpa para comer mais". "O stresse contribui nesse aspecto para o saciamento, para uma compensação digamos do seu estado de humor através da comida", explica o médico. Além disso, o neurologista esclareceu também a diferença entre os dois tipos de AVC. 

"A comparação mais óbvia é comparar isto com a canalização de um prédio, e a canalização será aqui a circulação", começa por dizer. "Portanto, num prédio os esgotos também entopem, e isso faz faz com que a água não passe. Ou seja, no caso cerebral, é o sangue e o oxigénio que não passam porque existe um bloqueio, e isso é chamado de AVC isquémico. O hemorrágico é quando o cano ou, neste caso, a artéria, rompe". 

O mais comum é o AVC isquémico, mas o AVC hemorrágico, apesar de só "rondar os 12%" dos casos, como afirma o professor, é muito mais grave. "Grande parte deles, não todos, mas grande parte deles resultam da tensão arterial, e alguns chegam a ser fatais, porque a artéria rompe. Portanto, os hemorrágicos, embora seja felizmente um número muito mais reduzido, são muito mais perigosos", explica.

Quais os sinais de alerta a ter em atenção?

AVC
AVC créditos: Unsplash

"Regra geral é uma perda de função e a instalação súbita", diz, dando o exemplo de uma pessoa que sente falta de força num membro e perde a sua função muito rapidamente, algo que acontece normalmente num braço ou numa perna. "Também a pessoa começar a ficar com a língua enrolada ou deixar mesmo de falar, ficar com uma fala alterada", acrescenta, falando da regra do acrónimo FAST. 

"'FAST' em inglês que é 'Face', 'Arm', 'Speech' e 'Time'. Portanto, é 'Face' para a boca que começa a ficar de lado, 'Arm' para a falta de força no braço, 'Speech' para a alteração na fala, e 'Time', para o tempo que demora. Este é fundamental, porque quando ocorre qualquer suspeita deste tipo, é preciso que se haja com rapidez para reverter ou minimizar rapidamente os danos. Dito isto, a melhor maneira de reagir perante uma ameaça destas é mesmo chamar o 112 e não agir por conta própria", remata.