A quarentena moldou a forma como trabalhamos, como fazemos compras, como comunicamos. Tudo passou a ser feito essencialmente de forma virtual. Da mesma forma que percebemos que estes métodos são eficazes e dão-nos mais tempo para dedicar a outras tarefas, nada seria mais útil do que deixar de perder horas em deslocações ao dentista.

Foi a pensar nisso que a Impress, uma clínica especialista em ortodontia invisível já instalada em Espanha e Itália, decidiu trazer para Portugal, em março, uma técnica inovadora: é que além de evitar os bráquetes com cores da bandeira nacional, substituiu-os por um aparelho invisível para que quase ninguém se aperceba de que está a corrigir problemas dentários, permitindo ainda que todo o acompanhamento durante o processo seja feito à distância — incluindo a radiografia. Sim, o raio-X pode ser mesmo feito virtualmente.

Mas afinal o que é isto da ortodontia invisível? "É um conjunto de alinhadores transparentes, personalizado para cada paciente, portanto, são individuais a cada tipo de oclusão, que fazem com que haja uma determinada pressão aplicada a cada dente para que ele se mova da posição inicial à posição final", explica a especialista Inês Landeiro numa apresentação digital, acrescentando que esta técnica é atual e tem vindo a crescer nos últimos anos, mas já conta com mais de 20.

Passo a passo, é assim que funciona o tratamento com ortodontia invisível

A Impress, com clínicas em Lisboa, Porto, e Braga, tem também sede na app store dos telemóveis dos pacientes para que possam instalar a aplicação através da qual os especialistas acompanham o tratamento. Tudo começa então com uma vídeoconsulta, seguida de uma avaliação pelos profissionais de saúde da clínica, e aqui é que está a questão principal: como avaliar à distância se o paciente tem cáries, qual o tipo de oclusão, no fundo, que tratamento será necessário aplicar?

Tudo isso é analisado através de uma radiografia, para perceber se é necessário alguma intervenção antes de colocar os alinhadores, e de um exame 3D, sendo que neste é digitalizado o sorriso do paciente de forma a que os profissionais de ortondontia recolham a informação necessária para posteriormente produzir um vídeo de simulação do tratamento. É que a tecnologia não se fica por estes exames virtuais. O vídeo é como uma bola de cristal que permite visualizar como é que o paciente vai ficar em cada etapa do tratamento, bem como no fim.

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Após este processo de avaliação, sem compromisso, o paciente recebe então em casa um kit de tratamento completo e deve tirar uma fotografia panorâmica do seu sorriso a cada duas semanas e colocá-la na app. É assim que as visitas mensais ao dentista feitas tradicionalmente dão lugar a um acompanhamento da evolução do processo ainda mais presente, mas mais distante. 

Mas é mesmo eficaz? É que isto de controlar digitalmente a saúde oral deixa-nos com várias dúvidas e uma delas é se é mesmo possível avaliar virtualmente as necessidade de cada paciente com precisão? Janaina Oliveira, Custumer Care da Impress, garante que sim: "Fazemos todo o seguimento através de uma aplicação. Quando o paciente recebe o kit em casa, recebe também um aparelho para conseguir tirar as fotos pela aplicação e os médicos controlam por ai".

Impress
Impress créditos: divulgação

O mistério dos aparelhos ortodônticos

A ortodontia além de, obviamente, melhorar a estética dentária, tem também impacto no bem-estar do dia a dia. Sabia que uma má saúde oral pode afetar até a digestão? Talvez esteja aqui a justificação para um problema que nunca conseguiu perceber, mas o que é facto é que a ortodontia é essencial para desfazer melhor os alimentos na boca, ajudando assim a digeri-los melhor.

Outra das mudanças que o tratamento com ortodontia invisível permite é melhorar a fala, dado que o facto de os dentes estarem posicionados corretamente permitem uma melhor passagem do ar, logo, uma melhor dicção. A juntar a isto, há lá coisa melhor do que ter um tratamento mais higiénico, em que é possível pôr e tirar os alinhadores para limpar (bem como para comer mais confortavelmente), em vez que ficar com restos de comida presos num dos braquetes?

No entanto, estas mudanças dependem de cada um. Tal como nas dietas e exercício físico ambicionamos resultados rápidos, ortodontia invisível não é exceção porque há sempre uma condicionante: disciplina. Os resultados do tratamento que dura no máximo sete a 14 meses — embora o mais usual sejam seis meses — só aparecem se se comprometer a usar o aparelho durante 22 horas. Pode parecer uma carga horária imensa, mas quando comprada com a ortodontia tradicional são menos 2 horas do que as 24 sob 24 e consulta atrás de consulta.

"As urgências de ortodontia são praticamente zero na ortodontia invisível. Porquê? Porque não temos arcos a picar, não temos feridas, nada. A única urgência que pode acontecer é o paciente perder ou fraturar um alinhador", destaca a especialista Inês Landeiro sobre o facto de os pacientes raramente precisarem de recorrer a consultas presenciais. "O paciente pode estar do outro lado do mundo que não tem de ir a correr para a clínica. Esta ortodontia não pressupõe visitas mensais de acompanhamento", acrescenta.

E quanto é que tudo isto custa? Existem duas opções de tratamento — o Impress (1.975€) ou o Impress Plus (2.975€) — cuja diferença reside no facto de se tratar de um caso mais ou menos complexo. Em ambos, tudo está incluindo: desde os exames iniciais, até à primeira contenção (que deve ser mudada a cada seis ou nove meses e custa 95€).