Uma rapariga de 9 anos pediu à mãe para fazer a depilação às pernas para usar a saia do uniforme da escola tal como as colegas. Seria muito cedo para eliminar os pelos? perguntou a mãe num fórum online onde os pais colocam as suas dúvidas. A mesma questão assalta outros pais cujas filhas, ainda muito pequenas, começam a querer tirar o buço ou a depilar as axilas. Há uma idade razoável para esta luta feminina contra os pelos?

“De forma geral, a fase da adolescência é a de maior interesse e preocupação quanto ao crescimento do pelo”, afirma a psicóloga Marta Calado, da Clínica da Mente, no Porto. No entanto, "não podemos estabelecer uma idade mínima", frisa. Por vezes há danos emocionais causados por pelos em excesso numa criançaque implicam "uma intervenção atempada”, acrescenta.

Para a dermatologista Leonor Girão, também não há uma idade definida e é pouco provável que seja necessário fazer a depilação antes da puberdade. “Até essa fase os pelos são finos e claros, a partir daí é que começam a tornar-se mais fortes e escuros”, explica. “Arrancar o pelo não é de forma alguma prejudicial, salvo os casos em que haja alguma infeção ou até pele seca. Pode fazer-se a depilação seja em que idade for garantindo sempre a utilização de creme hidratante e com intervalos certos”, garante a especialistas.

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Por norma o crescimento do pelo não é algo que incomode as crianças, mas há casos em que é excessivo e precoce, deixando-as desconfortáveis, sujeitas a comentários depreciativos e ao bullying. “Quando as crianças verbalizam ou expressam sinais de embaraço, como por exemplo, esconder partes do corpo, recusar-se a usar saia ou mangas cavadas, devem fazer a depilação, mas sob a orientação do dermatologista ou do pediatra”, adverte Marta Calado.

“Não há qualquer contraindicação, mas numa criança não é justificável sujeitá-la a métodos dolorosos” afirma a dermatologista quando questionada sobre os riscos que a depilação possa ter. “O laser não é aconselhável apenas porque as hormonas vão impulsionar sempre o crescimento do pelo até ao fim da puberdade. Aclarar o pelo ou usar creme depilatório são as melhores alternativas”, acrescenta.

Caso os pais notem qualquer constrangimento nos filhos por pilosidade excessiva (no rosto, buço, axilas ou nas pernas), a psicoterapeuta aconselha a procurarem especialistas que ajudem a identificar a origem do problema e que posteriormente tenham uma conversa com a criança para encontrar a solução que lhe devolva o bem-estar físico e emocional, quer isso passe pela depilação ou por lhe explicar a importância de se aceitar como é.

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As crianças não estão imunes aos padrões de beleza que o meio que as rodeia transmite. “As bonecas à venda nas prateleiras, as princesas da Disney, e as protagonistas das séries mais badaladas transmitem um padrão físico que invade todos os lares e as mentes mais indefesas. A mensagem transmitida é a ausência de pelo associada à beleza, ao vestuário que consomem e na forma como se apresentam”, explica Marta Calado.

“A ditadura da beleza não permite viver cada etapa do desenvolvimento no seu devido tempo. Os cuidados estéticos devem estar presentes em qualquer idade, mas não precisam de invadir a inocência da infância”, avisa a psicóloga.

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