Outubro é o mês de prevenção do cancro da mama e a MAGG entrevistou Sara Rodrigues, que foi diagnosticada com cancro da mama invasivo, triplo negativo grau 3 com 31 anos. A influenciadora digital partilhou o diagnóstico nas redes sociais em junho do ano passado, assim como todo o processo.
Sara Rodrigues, atualmente, encontra-se em remissão, “sob vigilância apertada” durante “cinco anos”, principalmente nos primeiros “três anos e meio”. A influenciadora digital contou à MAGG que começou por sentir “uma dor no peito do lado esquerdo”, fez “apalpação” e sentiu “um nódulo à superfície”.
Contudo, Sara alerta que “há mamas mais densas” em que “há mais dificuldade em perceber se tem algum nódulo ou não” mas que, no seu caso, “a deteção foi fácil”. Como a influenciadora tinha colocado implantes “um ano” antes, o seu primeiro passo foi procurar “o cirurgião”.
“Como o nódulo fazia parte da mama e não tinha nada que ver com os implantes, ele passou-me a prescrição para eu fazer uma ecografia mamária com um médico especialista da patologia da mama”, contou, acrescentando que esperou “uma semana e tal” pela consulta.
Depois disso, Sara afirma que “o médico achou suspeito”, “decidiu por bem fazer a biópsia já naquele dia” e teve o resultado “passado uma semana e meia”. “Este tipo de cancro específico afeta idades jovens, entre os 27/30 até aos 30/37 anos. Os outros tipos de cancro aparecem em idades mais tardias, mas também podem aparecer em idades jovens. Este é o mais comum em idades jovens, que eu desconhecia na altura”, informou.
Sara revelou ainda que tinha “histórico familiar de cancro da mama”, pela mãe e avó, mas que “sempre disseram que não era hereditário e genético” e, como tal, “não era motivo de alerta nem de preocupação, porque tiveram em idades muito tardias”. “Nunca me preocupei, achei que nunca me iria aparecer nada com 31 anos, mas apareceu. Eu fui o caso mais jovem da família a ter cancro”, contou. O tumor situava-se na mama esquerda, “muito perto da axila”.
Quanto ao tratamento, Sara fez quimioterapia durante “cinco meses” e depois fez uma “ressonância magnética para ver se os resultados da quimioterapia fizeram o devido efeito, o efeito desejado, que era eliminar o tumor”. Mais tarde, “passou pela cirugia” [cirurgia conservadora e esvaziamento ganglionar axilar], onde teve “a resposta das margens que vieram completamente limpas” e “a resposta de remissão total da doença”.
Além disso, “por prevenção”, fez “30 sessões de radioterapia local”, pois há “vários fatores a ter em conta”, como “a idade e o tipo de tumor”. A nível físico, a influenciadora digital “já estava à espera” das consequências do tratamento, “principalmente as questões de [queda de] cabelo e pelo”. Contudo, alerta que tem que ver com “o tipo de quimioterapia”, porque, hoje em dia, “algumas não têm esse efeito”.
No entanto, “tudo o resto era uma incógnita”. "Não sabia se ia emagrecer, se ia engordar ou que complicações ia ter, já que era a primeira vez que estava a viver aquilo”. “Graças a Deus não tive muitas alterações, nem muitos efeitos secundários”, revelou.
Sara afirma que, a nível físico, “na quimioterapia foi mais duro do que na radioterapia”. Nesta, foi pior “a nível psicológico”, até porque “já tinham passado oito meses de tratamentos, cirurgia” e “estava um pouco cansada psicologicamente”. Além disso, o facto de ter de ir “todos os dias” ao hospital “era uma coisa cansativa”.
Sara Rodrigues não recorreu logo a terapia para lidar com todo este processo, porque “na quimioterapia emocionalmente e psicologicamente não estava afetada”, bem e tranquila, sem ansiedade ou demasiado stresse. Contudo, depois da radioterapia, sentiu “mais necessidade de procurar ajuda”.
Quanto ao facto de ter implantes, Sara afirma que tal não complicou o processo nem teve de os remover. Contudo, alerta que “cada caso é um caso". “O sítio onde estava o tumor, pequeno que depois desapareceu, não estava em contacto com a parede que o corpo cria quando se coloca o implante. É o corpo que reage a um produto que não faz parte do corpo e protege-se, cria ali uma espécie de membrana, uma pele dura. Como o tumor não estava em contacto com essa parede, não foi preciso mexer no implante”, explicou.
Sara Rodrigues decidiu partilhar o seu diagnóstico e todo o processo nas redes sociais. “Primeiro não queria simplesmente desaparecer das redes sociais sem dizer alguma coisa. Depois, acho que as pessoas ficaram muito chocadas com a minha história, porque eu era saudável, era um comum mortal saudável, nunca tive nenhuma complicação, nunca fui de hospitais, nunca fui de fazer exames médicos assim específicos, nunca fui operada a nada. Achei que ao partilhar isto podia estar a alertar as mulheres, nos homens também aparece, mas é uma percentagem muito inferior e é mais comum nas mulheres, a estarem atentas e a não ignorarem sinais”, afirmou, acrescentando que “um diagnóstico precoce é os 99% da cura, que é a taxa de sucesso do cancro da mama”.
Além disso, quis mostrar que “é possível fazer uma vida ao fazer tratamentos”. “É possível treinar, é possível passear, ir ao supermercado, passear o cão, é possível fazer tudo”, disse.
Como Sara já “treinava e comia bem” e até tinha “noção do valor nutricional da comida”, não teve de mudar muito os seus hábitos. Teve de comer mais de certos alimentos “para as análises estarem sempre boas para receber os tratamentos que baixam muito o sistema imunitário, o ferro e as defesas”, e “fazer exercício sempre moderado”.
"Todos os meses deviam ser como este”, diz Sara Rodrigues sobre outubro, o mês de prevenção do cancro da mama. “Não podemos esperar por outubro para fazermos as nossas ecografias ou os nossos exames de prevenção ou de rotina. É importante haver um mês de sensibilização para reforçar esta ideia de que temos mesmo de nos preocupar connosco e de estar sempre alerta do que está a acontecer. É necessário fazer apalpação em casa e não ignorar a dor”, apela.
O conselho que deixa é para “as pessoas viverem o máximo que puderem mesmo a fazer os tratamentos, não se isolarem de todo e tentarem fazer a vida normal”, que é algo que “ajuda a relaxar e a não nos sentirmos doentes psicologicamente”.