O nome pode suscitar algumas brincadeiras, mas a verdade é que esta condição médica não tem nada de divertido. A vulvodínia é uma doença incrivelmente dolorosa. Apesar de pouco conhecida, segundo o jornal "Mirror" acredita-se que afete cerca de 15% das mulheres.
A doença caracteriza-se por ardor e dor na região genital da mulher, na área da vulva, podendo estender-se até ao clitóris. De acordo com o Serviço Nacional de Saúde da Irlanda (NHS), a vulvodínia pode afetar mulheres de todas as idades, e muitas vezes surge em pessoas saudáveis. A condição, que pode tornar-se num problema a longo prazo, pode ser desencadeada por algo tão simples como inserir um tampão ou ser tocada durante o sexo. Para além disso, pode ter causas orgânicas, ainda que não sejam conhecidas. A vulvodínia não é necessariamente apenas um quadro de dor, podendo ser “apenas” de ardor. Para algumas pessoas, o problema pode ser ainda mais grave, espalhando-se pela parte interna e externa das coxas.
Em Portugal, um estudo realizado em 2014 afirma que 6.5% das mulheres sofriam com esta doença. Como explica o ginecologista e obstreta Fernando Cirurgião à MAGG, "a vulvodínia pode ser confundida com outras questões, como circunstâncias orgânicas e infeções". O médico diz que "o desconforto impede estas mulheres de terem uma vida normal, desde o simples ato de sentar até ter relações sexuais".
Para chegar ao diagnóstico de vulvodínia, as mulheres têm de ter dor no mínimo por três meses. Numa fase inicial, o ginecologista tem de excluir também as causas físicas e infeciosas.
Como se trata então a vulvodínia?
Já existe uma variedade de tratamentos para quem sofre com esta condição, incluindo um gel anestésico e medicamentos. Há também uma série de truques que ajudam as mulheres a sentirem-se melhor, como aplicar compressas frias na área, de maneira a aliviar a dor.
No entanto, novas pesquisas podem ter encontrado uma maneira alternativa de melhorar a vida de milhões de mulheres que sofrem de vulvodínia. Investigadores da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, em Portland, acreditam que sessões de terapia em grupo podem ajudar as mulheres a aliviar os sintomas.
O estudo, publicado no Jornal da Doença do Trato Genital Inferior, como cita o jornal "Mirror", mostrou que a maioria das mulheres com a condição experimentou uma melhoria significativa nos sintomas após seis meses de terapia cognitivo-comportamental, baseada em atenção plena.
Esta terapia é normalmente utilizada para tratar a depressão e a ansiedade, e ajuda as pessoas a resolver problemas, mudando a maneira como pensam e agem.
De acordo com os investigadores, quando comparados com grupos de apoio à educação, o grupo de terapia cognitivo-comportamental mostrou mais melhorias e sugeriram que poderia oferecer "vantagens na redução do sofrimento associado à vulvodínia localizada."
De acordo com Fernando Cirurgião, a fisioterapia também é importante para trabalhar os músculos do pavimento pélvico e ajudar no relaxamento e controlo desses músculos. Além disso, é importante não descurar a parte psicológica de toda a doença: "É uma situação grave, e não tão bem documentada, pois é difícil encaixar estas mulheres com dores vulvares", conclui.