A 28 de novembro aconteceu, em Lisboa, o primeiro evento do TikTok em território nacional. O Discover TikTok Portugal reuniu criadores, parceiros e marcas para explorar o potencial desta plataforma — e a MAGG aproveitou para recolher algumas dicas úteis para tirar o melhor partido dela.
Nesta iniciativa, foram abordados temas como as oportunidades de negócio graças ao TikTok, o impacto da plataforma na indústria musical e no marketing digital em Portugal, assim como os investimentos que têm vindo a ser feitos na segurança da plataforma. Atualmente, todos os meses mais de 3,3 milhões de pessoas usam o TikTok em Portugal.
A MAGG entrevistou os tiktokers Kapinha, Raquel Janeiro (Explorerssaurus), Constanza Ariza, Andréa Mary e Rafael Bailão, de modo a perceber como começaram o percurso nesta rede social e o que fez com que conseguissem a projeção que têm hoje.
Dos primeiros passos aos milhões de seguidores
Kapinha já tem mais de 1,3 milhões de seguidores na plataforma. "Eu faço entretenimento, pranks, as coisas que me divertem, que gosto de ver enquanto espectador", descreve, classificando o TikTok como um "game-changer" que "diverte, ocupa o tempo, mas também dá informação de qualidade".
O músico e ator de 49 anos chegou ao TikTok "no início da pandemia" da Covid-19. "O meu agente já me tinha falado desta nova rede social e eu só pensava 'mais uma? Não, por favor, já chega, já tenho tanto com que me chatear'". "Mas, realmente, o TikTok veio revolucionar isto tudo. É o poder dos micro-vídeos", refere.
Inicialmente, para transmitir uma mensagem através desta app, era preciso fazê-lo em 15 segundos. Kapinha aproveitava para produzir algumas paródias, "uma coisa meio parva". "Começou como uma brincadeira e criei um monstro", reconhece, em entrevista à MAGG.
Andréa Mary também começou "na altura da pandemia", quando "estava toda a gente a ir para o TikTok". A maquilhadora profissional admite que sentiu "dificuldade" ao aperceber-se de que não sabia dançar, já que existia a ideia inicial de que a aplicação servia apenas para isso.
"É uma rede social, vou para lá fazer o que sei fazer: maquilhar e ensinar a maquilhar", pensou. Como "vinha de uma plataforma de fotografia" e "não trabalhava muito com vídeo", não foi fácil adaptar-se ao novo formato. Raquel Janeiro também entrou nesta fase, em 2020. "Toda a gente falava, mas falavam mal", recorda.
"É uma plataforma para miúdos, não vai dar em nada", ouvia. "Quanto menos pessoas houver a tentar, maior a probabilidade de dar certo", decidiu, em conjunto com o marido, Miguel Mimoso, com quem criou o projeto Explorerssaurus. "Começámos a postar vídeos que tínhamos no telemóvel", lembra.
"Crescemos muito rápido à conta do algoritmo. Tivemos um crescimento exponencial com dez vídeos, que alcançaram 50 milhões de pessoas, o que é surreal, louco. O poder da viralidade do TikTok é extraordinário", crê. Rafael Bailão entrou para a plataforma por achar "importante estar presente nas redes sociais".
"Toda a malta à minha volta tinha TikTok. Foi a partir daí que publiquei o meu primeiro vídeo, de comédia, a brincar. Teve uma dimensão muito grande", conta à MAGG, incentivando-o a continuar. Constanza Ariza foi a que começou mais cedo a usar a plataforma, quando ainda se chamava Musical.ly.
"Comecei com 16 anos. Encontrei na aplicação uma maneira fácil e rápida de fazer vídeos da minha paixão, que é a dança", reconhece a criadora de conteúdos, que está há sete anos nesta rede social e que já acumula mais de um milhão de seguidores.
"Crio conteúdo do que mais gosto de fazer, da minha vida. Consigo explorar mais a minha criatividade. E ajuda a entreter-me. Vou dormir e passo horas a ver TikToks. Já não procuro nada no Google", afirma Constanza Ariza, que continua a dançar, mas que também canta e faz vlogs, por exemplo.
"O tiktok fez-me desabrochar o lado de comunicar. Foi uma ferramenta que me permitiu reaproximar-me das pessoas e apresentar-me a novas. É uma plataforma que rapidamente permite seres descoberto, já que o engajamento é bastante superior", aponta Rafael Bailão, que já ultrapassou os 600 mil seguidores.
Para Raquel Janeiro, cuja conta está prestes a atingir um milhão de seguidores, "a mais valia da plataforma é o modo como mostra o conteúdo a tantos milhões de pessoas de forma orgânica e gratuita". "Vai haver sempre espaço, porque todos nós somos únicos, temos formas de comunicar diferentes e audiências diferentes", argumenta.
Como ter sucesso no TikTok?
"O que diria a alguém que quer começar é: começa", declara Andréa Mary, mais conhecida por Mind of Mary, nome a partir do qual ensina técnicas e truques de maquilhagem. "O que mais gosto de fazer no TikTok é ensinar, mostrar como funciona algum produto, e também uso para aprender coisas sobre viagens, limpeza e organização", afirma.
Andréa considera que se trata de uma app "super enriquecedora" e que o segredo para o sucesso está na consistência. "É preciso estar sempre lá, publicar. Não há uma receita para fazer um vídeo que vai viralizar. É responder aos comentários, dar sempre a cara e partir do princípio de que vais fazer o que queres", continua.
"No meu caso, só faço conteúdo de maquilhagem, mas só uso maquilhagem cruelty-free e falo do tema, já que há essa abertura para trazer temas mais sérios", explica a maquilhadora, que já tem mais de 113 mil seguidores no TikTok. Raquel Janeiro está de acordo quanto à consistência: "é necessário postar diariamente ou mais que uma vez ao dia".
A criadora de conteúdos ligados às viagens e ao lifestyle deixa algumas dicas: "chamares logo a atenção nos primeiros segundos, transições rápidas, mostrar um sítio incrível, tentar fazer conteúdo que seja relevante e conciso, às vezes vídeos de 10/15 segundos é o suficiente para transmitir uma mensagem ou mostrar algo".
Neste momento, depois de já ter identificado algumas "regras que dá para seguir", diz que já consegue "olhar para o conteúdo e dizer 'isto vai viralizar'". "Não temos propriamente uma estratégia de crescimento no TikTok. Todo o conteúdo que produzimos de vídeo colocamos lá, sobre as nossas viagens, a nossa família", explica.
"Recomendo a toda a gente começar a partilhar os hobbies, as coisas de que gostam, porque foi o mundo digital que mudou completamente as nossas vidas, portanto eu não posso incentivar mais e tentar inspirar mais pessoas a partilharem com o mundo aquilo que as faz feliz", conclui.
Para Kapinha, o segredo do sucesso é "saber reinventar-se", "dar o cunho pessoal", "inovar, acompanhar as tendências, fazer coisas giras e não estagnar". "A dica mais importante é instalarem a app e começarem a divertir-se a ver. A partir daí, vai nascer o bichinho", disse à MAGG.
Constanza Ariza destaca a ligação com os seguidores. "Se só criarmos conteúdo e não tivermos atenção ao que o nosso público pede e quer ver, dificilmente vamos crescer. Temos de nos ir adaptando à opinião dos nossos seguidores, de responder a comentários, a mensagens diretas, criar uma comunidade", defende.
"Sejam vocês próprios e vejam o que têm de especial. Cada um de nós tem algo de diferente. Não recomendo imitar ou copiar outros conteúdos. Podem inspirar-se e adicionar algo criativo. Façam aquilo de que realmente gostam e não se foquem nos números, nem nos gostos, nem nos comentários, nem nos seguidores, senão, deixam de fazer por gosto", aconselha.
Para a tiktoker, há que deixar fluir e "não pensar demasiado". "Divirtam-se e passem uma boa mensagem de felicidade", termina. Rafael Bailão, que se descreve como "um músico que gosta de entreter as pessoas", usou sempre o TikTok com o objetivo de "ter uma dimensão grande para conseguir difundir" a sua música.
Quase 600 mil seguidores depois, acha que se deve "começar com um mindset de que criar conteúdos é uma coisa engraçada e divertida, mas não é algo que dê a melhor economia" em Portugal. "Não se deixem maravilhar por isso e tenham muito cuidado com a saúde mental. As críticas negativas vão impactar o teu psicológico", alerta.
"O que faz a diferença num criador de conteúdos relativamente aos outros é a sua forma de ser, de pensar, de criar e de se interligar ao público. Cada pessoa tem uma forma diferente de comunicar aquilo que quer. Vai sempre ser único", acredita, defendendo que ainda existe espaço para novas caras.