Estava descansado na sua vida a navegar pelo mural dos seus amigos no Facebook quando, sem mais nem menos, o visor do seu telemóvel apagou. Tentou de tudo: deixou-o sozinho num canto na esperança de que organizasse as ideias e voltasse à vida; rezou e prometeu que da próxima vez não o deixaria cair tantas vezes, e até soprou pelas várias entradas do telemóvel na tentativa de afastar uma qualquer poeira que estivesse a incomodar o bicho.
Nada resultou e assumiu derrota. Foi à loja mais próxima e comprou um novo smartphone — mais rápido, bonito e potente. Antes de sair da loja ouviu um conselho que lhe pareceu estranho: "O telemóvel vai com meia carga. O ideal é carregá-lo até 100% assim que chegar a casa, e depois deixar o equipamento em repouso durante 24 horas. Feito isto, recomendamos que o deixe descarregar até 0% e só depois poderá usar o equipamento normalmente". O quê? Como disse?
Curioso, vai à internet e a informação que encontra é altamente contraditória. É que, ao confirmar-se aquilo que o assistente de loja acabou de lhe dizer, vai passar as primeiras 24 horas sem usufruir do novo aparelho.
Boas notícias: isto é mito, mas não é o único. Reunimos todo o tipo de informação errada que muitos (provavelmente) desconhecem, mas que ainda hoje continua a ser partilhada como certa e útil.
Fechar as apps poupa bateria e torna o telemóvel mais rápido
Seja em iPhones ou telemóveis Android, há uma coisinha fantástica que quase toda a gente está a usar de maneira errada. Chama-se janela de multitarefa e serve para que os utilizadores possam alternar entre as várias aplicações ativas, ou para as encerrar definitivamente. A ideia é libertar a memória que estava a ser utilizada e, assim, tornar o telemóvel mais rápido. Certo? Errado.
Quantas vezes já viu alguém com este tipo de comportamento: abrir What's App, responder a uma mensagem, voltar ao ecrã principal, ativar a janela de multitarefa e deslizar com o dedo para encerrar a aplicação? Demasiadas vezes, provavelmente. O problema é que é expectável que, minutos depois, receba outra mensagem e tenha de abrir a aplicação outra vez.
Ao libertar da memória RAM do telemóvel uma aplicação que estava ativa no background do telefone só vai fazer com que da próxima vez que precisar dela, o sistema tenha de realizar um esforço maior para a abrir — não só está sobrecarregar o processador (o que leva a um maior gasto de bateria) como tem de esperar mais tempo para que a aplicação esteja disponível para ser utilizada.
Os telemóveis estão programados para ficarem lentos com o tempo
Ao comprar um novo telemóvel esperamos que seja rápido, responsivo e capaz de executar todo o tipo de tarefas. Mas com o tempo a performance vai diminuindo e isso nada tem a ver com uma conspiração a nível corporativo com o intuito de nos fazer gastar mais dinheiro.
As aplicações vão ficando mais exigentes e novas versões dos sistemas operativos vão-se tornando mais pesadas. E embora possam ser instaladas em telemóveis mais antigos — que antes eram considerados os melhores no mercado —, com o tempo até esses vão começar a acusar desgaste.
É o preço a pagar pela rápida evolução das tecnologias num mercado que incentiva que todos os anos sejam lançadas novas versões de telemóveis totalmente capazes de durar mais que dois anos.
Mais megapixeis = melhores fotografias
Comprou um novo smartphone com uma câmara traseira de 12 megapixeis e reparou que tira piores fotografias que outras câmaras com 8 megapixeis? Isso é porque os megaixeis só têm como objetivo captar a maior quantidade de informação possível pelo sensor e, com isso, permitir fotografias com maior resolução — maiores em comprimento e altura.
Assim, esta é uma medida que não está diretamente relacionada com a nitidez do shot, com o contraste das cores, ou com a profundidade do plano.
No fundo, para que uma fotografia seja bem conseguida é necessário que se verifiquem vários critérios, como a perfeita sintonia entre software (pós-processamento da fotografia realizado pelo sistema) e hardware (tipo de sensor, abertura e velocidade da lente e megapixeis).
Películas de vidro temperado protegem o ecrã em caso de queda
Se antes os protetores de ecrã em plástico eram muito utilizados, atualmente assiste-se a uma mudança de paradigma e são os de vidro que estão a conquistar o mercado. Vantagens? Assemelham-se à textura de um ecrã normal, não distorcem a imagem e não modificam as cores.
Contudo, partem como qualquer ecrã e não são assim tão fantásticos como muitas marcas nos querem fazer crer. Como em qualquer caso de queda, o fator sorte é muito importante e desempenha um papel crucial entre um ecrã intacto e outro completamente despedaçado após uma queda feia.
Basta o contacto entre uma pedra pequenina no chão e um dos cantos do smartphone para ter um — senão ambos — os vidros partidos. Além disso, são muito mais caros que as películas convencionais e sem efeitos comprovados que justifiquem o valor acrescido.
As baterias viciam e precisam de ser carregadas dos 0 aos 100%
Este é um dos mitos que mais são espalhados entre os vários utilizadores de todo o tipo de tecnologia. Em parte, devido à utilização de baterias antigas que, antes, exigiam que fossem totalmente descarregadas antes de serem ligadas à corrente.
Contudo, nas novas baterias de iões de lítio (presentes nos mais variados produtos como telemóveis, tablets, consolas, leitores de música, e computadores), não é necessário adotar o mesmo tipo de comportamento. Até porque um dos maiores inimigos deste novo tipo de baterias é o calor.
Carregamentos prolongados é igual a mais calor no equipamento que, por sua vez, se traduz num rápida degradação da bateria. Isto significa que o ideal é que faça carregamentos fragmentados (dos 20 aos 80%, por exemplo) e nunca tenha receio de carregar apenas 5% numa só carga. Quanto menos tempo estiverem a carregar, melhor.
Mais, as novas baterias são inteligentes o suficiente para saber quando estão inteiramente carregadas —não há problema em deixar o telemóvel ligado à corrente durante a noite inteira. A certa altura, este deixará de puxar energia pela corrente.
Quanto mais caro melhor
Está neste momento a pensar mudar de smartphone? Se acha que um iPhone X por 1,179€ é superior a um OnePlus 5T por apenas 559€, pense novamente.
Numa altura em que bons telemóveis estão a ficar mais baratos e telemóveis baratos estão cada vez melhores, é difícil justificar o preço elevado de um iPhone quando existem alternativas tão ou mais capazes de desempenhar todo o tipo de tarefas como os vários smartphones de topo no mercado — o novo Samsung Galaxy S9 é outro exemplo, a custar 1,099,90€.