Buenos Aires, Argentina. Uma criança de 12 anos enforcou-se numa árvore, tendo registado com o telemóvel os momentos antes do suicídio. As autoridades acreditam que ela pode ter sido encorajada a tirar a sua própria vida, uma vez que foram descobertas mensagens suspeitas no WhatsApp. Se se confirmar que havia uma relação com o Momo, esta será a primeira vítima deste novo desafio.
O novo jogo que circula pela internet está a deixar as autoridades em alerta. Falamos do Momo, um desafio aterrador que está a ser disseminado pelo WhatsApp, embora também haja relatos da sua popularidade no jogo Minecraft. Ao que parece começou na Rússia, mas rapidamente chegou ao Brasil, México, Colômbia e Japão, entre outros países.
A Unidade de Investigação em Crimes Informáticos do estado de Tabasco, no México, já emitiu um alerta sobre o desafio viral. De acordo com as autoridades, é perigoso e pode ser usado para roubar informação pessoal, incitar à violência e ao suicídio, assediar e extorquir as suas vítimas e gerar transtornos físicos e psicológicos como a ansiedade, depressão, insónia, entre outros.
A semelhança com o desafio da Baleia Azul é inevitável. No ano passado, Portugal e o mundo pararam com esse jogo. O nome aparentemente inofensivo escondia uma série de 50 desafios, que terminava com o jogador a suicidar-se. Mais de 130 pessoas morreram desde 2013, altura em que começou a circular na internet.
No Momo não é assim tão diferente. Há relatos de utilizadores que participaram no jogo e receberam mensagens violentas e agressivas. Também há quem descreva situações de roubo de dados pessoais, envio de vírus e incitação ao suicídio. Chamadas às três da manhã foram igualmente denunciadas.
Como é que funciona o Momo
O jogo consiste num número de telemóvel com o indicativo do Japão (+81) que aparentemente adiciona pessoas aleatoriamente e começa a interagir com elas. Também há quem tenha entrado em contacto com Momo deliberadamente — uns descrevem que conseguiram estabelecer contactos, outros nunca chegaram a receber resposta.
Ao que parece, tudo começou com um utilizador do Facebook, que publicou um número de telefone a pedir ajuda. Várias pessoas adicionaram o contacto e começaram a falar com ele. De repente, mandar mensagens ao Momo tornou-se num desafio. O problema é que as respostas, pedidos e ameaças eram bem reais.
Este contacto age como uma espécie de entidade sobrenatural — na verdade, há quem garanta que o número está amaldiçoado. A fotografia de perfil ajuda a tornar toda a experiência ainda mais intensa, claro.
A menina assustadora é na verdade uma escultura que esteve em exposição no museu Vanilla Gallery, em Tóquio, em 2016. É da autoria de Keisuke Aisawa.
O (grave) problema dos imitadores do Momo
Neste momento existem vários perfis falsos de Momo, tornando-se difícil perceber qual é o original. Também existem vários relatos de youtubers que juram ter conseguido interagir com ele (ou ela), mas começa a ser complicado perceber se as histórias que contam são reais ou se esta é apenas uma forma de ganharem mais seguidores.
Seja como for, os perigos são reais. Estejam as crianças e jovens a entrar em contacto com o perfil original ou não, é indiferente. As autoridades e especialistas são unânimes: os perigos são verdadeiros, criminosos podem aproveitar-se para roubar dados dos utilizadores e brincadeiras de mau gosto podem terminar em tragédias.
Em Santa Catarina, no Brasil, um perfil do Momo ameaçou pelo menos cinco adolescentes de 12 e 13 anos, incitando-as a enviarem fotos nuas. Como estudam todas na mesma escola, é possível que se trate de um imitador. O caso está neste momento a ser investigado.
A imitação também pode explicar o porquê de Momo falar várias idiomas — pessoas de diversas partes do mundo garantiram ter entrado em contacto com a personagem, em línguas diferentes.