Mais de três mil pessoas concorreram ao novo programa da SIC, “Casados à Primeira Vista”. É um número particularmente surpreendente se considerarmos que não estamos a falar de um reality show, pelo menos não nos moldes tradicionais — não vai haver expulsões ou um cobiçado prémio final. Aqui o único objetivo é descobrir o amor. Só que para isso tem que casar primeiro.
Este domingo, 21 de outubro, chega à SIC “Casados à Primeira Vista”, o programa que promete rivalizar com “Pesadelo na Cozinha”, da TVI. O formato inspira-se em “Married At First Sight”, que nasceu na Dinamarca em 2014. Em exibição em 13 países — EUA, Austrália, Israel, Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Itália e Polónia são alguns exemplos —, o programa junta desconhecidos no sagrado matrimónio para depois descobrir se a relação funciona ou não.
Mas nada é deixado ao acaso. Os casais são formados por especialistas que, atendendo às características individuais de cada participante, juntam as pessoas que à partida terão maior probabilidade de criar uma relação a longo prazo e de sucesso.
“Casados à Primeira Vista” vai ser apresentado por Diana Chaves, e contará com uma versão diária ao longo da semana. 14 concorrentes, uma lua de mel e oito semanas de convivência. No final, decidem se querem ficar juntos ou não. Perdido? Nós damos uma ajuda. Estão aqui 11 coisas que precisa de saber sobre o programa.
Quem vão ser os especialistas
Os especialistas são responsáveis por casar, em sentido figurado e literal, os candidatos — além de fazerem todo o acompanhamento durante o programa. Nos formatos internacionais costumam ser três (nós vamos ter quatro) e são das mais variadas áreas — psicólogos, sexólogos, sociólogos, terapeutas de casais, pastores ou especialistas em comunicação e relacionamento. Conheça os especialistas da versão portuguesa.
Como é que funcionaram os castings
No programa da SIC, os participantes tiveram que responder em primeiro lugar a um questionário com 78 itens. Lá fora, este inquérito costuma ter menos questões. Em entrevista ao ET Online, o produtor-executivo da versão norte-americana, Sam Dean, revelou mais detalhes sobre o questionário: “Tem aproximadamente 50 perguntas. Se for feito corretamente, demora cerca de 12 horas a ser preenchido”.
Após o questionário, houve uma entrevista presencial com um psicólogo e a equipa do programa. Aqui não houve câmaras, uma vez que o objetivo era despistar possíveis concorrentes que só quisessem entrar pela fama. Não é o objetivo do programa: as pessoas têm de estar determinadas em descobrir o amor e dedicarem-se à relação. Caso contrário, não vai funcionar.
Nas versões internacionais isto também acontece. Quando o número de candidatos está reduzido a entre 100 a 200, fazem-se entrevistas presenciais com avaliações psicológicas profundas. As entrevistas entre homens e mulheres são feitas em alturas diferentes, para que nunca haja o perigo de os candidatos se cruzarem.
No final, os casais são escolhidos pelos especialistas. O coach Eduardo Torgal elaborou um love map dos participantes, por exemplo, enquanto o neuropsicólogo clínico Alexandre Machado utilizou técnicas e instrumentos de avaliação das áreas da neuropsicologia, psicofisiologia, psicopatologia, psicologia das emoções e motivação e psicologia do desenvolvimento durante esta fase.
O que já se sabe sobre os casais
Tal como nas versões lá fora, a faixa etária vai ser variada: uns terão mais de 50 anos, outros andarão na casa dos 30. No total serão 14 concorrentes. Lá fora o número de participantes varia consoante o país, mas já foram desde três até 11 casais.
Do que é que os especialistas estão à procura
Para já só sabemos a opinião dos especialistas das versões internacionais. De acordo com Pepper Schwartz, a socióloga do programa norte-americano, “alguém que está disposto a aceitar conselhos. Estou à procura de coração, calor, capacidade de ter empatia por outra pessoa.”
Chris Coelen, CEO da Kinetic Content (a produtora de “Married At First Sight”), acrescenta que a combinação perfeita não pode acontecer apenas no papel. “Trata-se de tentar escolher pessoas que sejam sinceras e gentis. Não é preciso ser-se honesto e gentil para se ter um ótimo casamento, mas nós realmente queremos pessoas que sejam autênticas sobre as suas razões e que estejam de coração aberto.”
Como é que vai funcionar o programa
Ao que parece, a versão portuguesa vai aproximar-se da australiana. O que sabemos é isto: depois do casamento os participantes vão de lua de mel, seguindo-se oito semanas de convivência. Primeiro ficam num espaço arranjado pela produção, depois vão para a casa de um e de outro.
Na versão australiana, todas as semanas há encontros com todos os casais, para que todos se conheçam, e decisões sobre se querem continuar juntos ou não. À partida em Portugal só poderão escolher no fim, segundo a sinopse do programa: "No final desta experiência, cada casal terá de tomar uma decisão: ficar casado ou pedir o divórcio."
Os casais são filmadas dez horas por dia
É assim na versão norte-americana. Durante oito semanas, as câmaras não os largam, filmando-os durante dez horas por dia. “Nós vemos isto mesmo como um documentário”, diz Chris Coelen. “Tivemos alguns problemas, em que as pessoas queriam desesperadamente um marido ou uma mulher mas não queriam ser documentadas. Muitas pessoas durante o processo de seleção de elenco acham que é ótimo, maravilhoso, já viram o programa e adoram, mas quando chegam lá dizem: ‘Eu não gosto disto’.”
Porque é que alguém haveria de entrar neste programa?
“Eu quero casar. Estou nesse momento da minha vida”, explicou a concorrente Monet Bell. Já Cortney Carrion disse: “A oportunidade apresentou-se na minha frente, e eu pensei: ‘Porque não?’. Se dissesse que não e saísse da sala, iria sempre pensar ‘e se?’ para o resto da minha vida. Não quero viver com arrependimentos.”
Os casamentos são mesmo a sério?
Lá fora foi assim, e é expectável que por cá também seja. A versão australiana do programa foi a única a abrir uma exceção devido à Lei do Matrimónio Australiana. Nos restantes, todos os participantes tiveram de aceitar casar-se legalmente com alguém que nunca conheceram. O documento de casamento foi assinado imediatamente após a cerimónia.
Houve algum casamento que funcionasse?
Nas primeiras três temporadas de “Married At First Sight UK”, não houve uma única relação sobrevivente — a mais longa durou um ano. Na Austrália foi diferente: Zoe Hendrix e Alex Garner estão juntos até hoje e, em novembro de 2016, tiveram o primeiro filho. Erin e Bryce e Sara e Telv também foram casos de sucesso. Mostramos-lhe alguns casais que estão juntos até hoje.
Então e quem é que paga pelo divórcio?
Por cá não sabemos, lá fora é o programa que fica responsável pelos custos, nomeadamente dos advogados. Ainda assim, e precisamente para facilitar este processo, os participantes assinam um acordo pré-nupcial para evitar complicações no momento em que decidem separar-se.
“É um acordo muito breve e curto. Basicamente diz que com o que eles entram no casamento é com aquilo que saem”, explicou Chris Coelen. “Queremos dar-lhes alguma proteção. Se por alguma razão não resultar, pelo menos estão protegidos.”
Os participantes são pagos para estar no programa?
De acordo com o produtor-executivo Chris Coelen, “praticamente nada. Não queremos pessoas motivadas pelas razões erradas.” Na versão portuguesa não sabemos.