Para cada grande produção como "A Guerra dos Tronos", há cinco ou mais séries que passam despercebidas e que não são conhecidas ao ponto de se tornarem assunto de conversa em jantares de amigos. "The Americans", terminado em 2018 e considerado pela crítica como um dos melhores (e mais desconhecidos) títulos dos últimos anos, é só um exemplo.

Todas as segundas-feiras, a MAGG traz-lhe uma sugestão imperdível na nova rubrica "A série que ninguém está a ver", com o objetivo de dar a conhecer algumas das produções com menos visibilidade — mas que merecem tantos ou mais elogios do que outras populares. A primeira sugestão é "Servant", o melhor thriller intenso dos últimos anos que, apesar de por vezes roçar o terror, não assusta ninguém com técnicas simples (mas por vezes eficientes) como o jumpscare. Aqui o monstro é outro.

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O facto de pertencer ao catálogo do novo serviço de streaming da Apple, pouco promovido em Portugal e ainda escasso em conteúdo, pode ser a explicação para que "Servant" não esteja na boca dos viciados em séries. E ao contrário de "The Morning Show", outra série da Apple, esta não tem grandes nomes associados ao elenco — exceto o de Rupert Grint (da saga de "Harry Potter") e o de Lauren Ambrose ("Sete Palmos de Terra"). No entanto, "Servant" tem tudo o que é necessário para fazer dela uma série de topo.

A Apple promoveu "Servant" como sendo da autoria de M. Night Shyamalan, o realizador de cinema responsável por filmes como "A Senhora da Água" e "O Sexto Sentido", mas tudo não passou de uma pequena batotice para aliciar novos subscritores. Na verdade, o conceito e o argumento são da autoria de Tony Basgallop enquanto Shyamalan serve apenas como produtor executivo e realizador de dois episódios.

Apesar disso, a influência do realizador está presente em todos os capítulos da série — através de uma atmosfera densa e na aposta de uma paleta de cores mais escuras para marcar o tom dos episódios. A série é naturalmente escura em estilo e negra em tom, e isso dá-lhe carisma.

E as técnicas de realização de Shyamalan estão cá todas: takes longos para acompanhar e dar corpo ao suspense das cenas, o uso do background por detrás das personagens para contar outras histórias e realçar detalhes ou shots panorâmicos durante uma cena. E todas essas abordagens são importantes tendo em conta o tipo de história que "Servant" quer contar.

É que a série acompanha a vida de um casal aparentemente normal que contrata uma babysitter para cuidar do bebé na ausência de ambos. Problema? O bebé não passa de um boneco extremamente parecido à criança que, sabe-se logo no primeiro episódio, morreu de forma inexplicável durante os primeiros meses de vida.

A babysitter, por sua vez, parece estar associada a uma seita religiosa e tem a capacidade de dar vida aos mortos. Quando ela está presente na casa do casal, o boneco ganha vida e tem o choro, a voz e as feições do filho que os pais perderam.

O pai, interpretado por Toby Kebbell, vive assoberbado pela tragédia, mas é a mulher (Lauren Ambrose) quem desenvolve um trauma ainda maior designado de stresse pós-traumático. Não só não reconhece que o filho morreu, como olha para o boneco como uma criança real. No entanto, há momentos em que as lembranças da morte da criança vêm ao de cima e a deixam num estado catatónico e inerte.

Os motivos reais da morte da criança só são conhecidos no penúltimo episódio de "Servant", bem como os responsáveis pelo que aconteceu. Por isso, esta é daquelas séries que, em vez de dar resposta às questões que vão surgindo a cada episódio, gera ainda mais perguntas e dúvidas. Será que o bebé é mesmo real e a babysitter é uma espécie de bruxa? Ou há uma explicação mais lógica que nada tem que ver com elementos sobrenaturais? Não vamos revelar nada, mas prometemos que a resposta o vai surpreender.

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Por ser das poucas séries que conseguiu manter o mesmo grau de mistério e intriga do início ao fim (o último episódio estreou-se a 17 de janeiro), "Servant" é sem dúvida uma das melhores de 2019 que pouquíssimas pessoas conhecem.

Além da história, genuinamente bem escrita, a série conta ainda com episódios de apenas 30 minutos. Numa altura em que os capítulos de outras produções chegam a totalizar os quase 60 minutos de duração, "Servant" revela o necessário em muito menos tempo — e nunca chega ao final de cada um a achar que podia ter sido mais longo.

A primeira temporada de "Servant" tem dez episódios e já está a caminho uma segunda, também exclusiva da Apple TV+.

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