Carlos M. Cunha foi o convidado deste sábado, 29 de janeiro, do programa "Conta-me", da TVI. À conversa com Maria Cerqueira Gomes, o ator, que integra atualmente o elenco da novela "Festa é Festa", onde dá vida ao padre da aldeia, falou sobre a infância também numa aldeia e o momento em que, já com uma filha, decidiu mudar de vida e ir à procura do que o fazia feliz.
"No dia em que fiz 30 anos estava a viajar e parei o carro e pensei : '30 anos. É isto que eu vou querer fazer o resto da minha vida? É aqui que começa a germinar na minha cabeça que tenho de mudar. Eu fiz desmoronar um prédio que estava a ser construído que era a minha família. Graças a Deus tive uma grande mulher, a mãe da minha filha, que na altura percebeu o que estava a acontecer na minha cabeça e disse-me: 'Vai'", conta à apresentadora.
Nessa altura partiu para o Algarve e mais tarde para o Alentejo. Consigo levou só o indispensável e confessa que não passou por períodos fáceis. Apesar de haver momentos em que chegou a não ter o que comer, diz que foi por opção, porque podia ter ligado ao pai que o ia ajudar.
"Essa altura foi dura, mas era uma dureza que levava muito bem. Deu-me uma riqueza de conhecimento brutal. Se a vida te dá dificuldade, aproveita isso. Tem de ter um lado positivo nisso. Há qualquer coisa na dureza que te vai fazer ficar mais resistente e foi isso que aconteceu", frisa.
"O teatro começa a sobrepor-se ao artesanato de uma forma natural"
Ainda no Alentejo, conta que a representação surgiu na sua vida de uma forma natural. "Alguns dos miúdos a quem eu dava workshops [de artesanato] faziam parte do teatro e estavam-me sempre a dizer que tinha de lá ir fazer umas aulas. Assim fui e a Julieta convidou-me para entrar na próxima peça. E ali começa o bichinho do teatro. O teatro começa a sobrepor-se ao artesanato de uma forma natural."
Do teatro para a comédia e depois para representação em televisão, a vida de Carlos M. Cunha deu muitas voltas, mas o artista assume que não podia estar mais feliz. "Gostava de ser tão feliz na vida como sou no palco. No palco sou realmente feliz porque o meu trabalho é fazer rir os outros."
Durante o percurso, acabou por se cruzar com Ricardo Peres e César Mourão, com quem fundou o grupo Commedia à la Carte. Apesar do sucesso de bilheteiras que depois foi, Carlos M. Cunha revela que, no princípio, os portugueses não perceberam bem o conceito nem acreditavam que aquilo era tudo improvisado.
Carlos M. Cunha sobre "Festa é Festa": "Estou a fazer uma coisa de que gosto"
Com os teatros encerrados devido à pandemia da COVID-19, Carlos, tal como todos os artistas, revela ter passado uma fase mais difícil, mas no caminho surgiu um convite inesperado. Até à participação na telenovela da TVI "Festa é Festa", onde dá vida ao padre da aldeia, o ator nunca tinha integrado um elenco por um período de tempo tão longo.
"Cada vez que chegava e fazia algumas apresentações sentia sempre que era um órgão estranho num corpo e eu não gosto de viver as experiências assim. Gosto de estar nelas e trabalhar em equipa", diz relativamente a participações passadas. Contudo, este foi um sentimento que deixou de sentir neste novo desafio.
"Só o facto de ser um padre fez-me gostar logo da ideia. Estou a fazer uma coisa de que gosto e tive a felicidade de ter encontrado uma equipa completamente generosa, mós adoramo-nos todos. É realmente uma família", remata.
Quanto a planos para o futuro, Carlos não faz muitos, mas confessa a Maria Cerqueira Gomes que o casamento com Marisa Lopes estará para breve.