Se já viu "Big Mouth" e não aguenta a espera pela chegada dos novos episódios de "BoJack Horseman", há uma nova série com bonecada que tem de começar já a ver. Chama-se "Desencantamento" e é a mais recente produção de Matt Groening, o animador norte-americano que ficou conhecido por ter criado "Os Simpsons" e "Futurama" — dois clássicos do género.
A série, que chegou à Netflix a 17 de agosto, é uma comédia para adultos e passa-se na época medieval e no reino de Dreamland. No centro da ação está Bean (Abbi Jacobson), a princesa rebelde que passa grande parte do seu tempo a desrespeitar as ordens do pai (John DiMaggio).
Ao longo da história, Bean faz-se acompanhar de duas personagens muito características: um elfo mágico (Net Faxon) e um pequeno demónio fofinho (Eric André) que foi enviado para destruir o reino. Ao longo da história, porém, os três acabam por criar uma forte ligação de amizade.
A história começa quando Bean é obrigada, pelo pai e rei de Dreamland, a casar com um príncipe de modo a formalizar uma aliança entre as duas casas reais. A princesa, por não concordar com o casamento, faz de tudo para o impedir — desde tentar que o príncipe desapareça ou manipulá-lo para fazer uma viagem de barco pelo oceano e obrigá-lo a ouvir o canto mortal das sereias.
Mas este é só um exemplo da rebeldia da princesa que, ao longo da história, vai causando o caos e a destruição por onde passa. A meio da história, é expulsa do castelo por não ser útil em nada e tenta encontrar um trabalho onde possa um dia vir a mostrar as suas qualidades. Mas nem isso corre bem já que depois de aceitar ser um dos carrascos do reino, nunca é capaz de matar ninguém que esteja condenado.
Pode parecer uma série pesada e séria, mas a verdade é que todas as situações são descritas com a ironia e o humor já tão característicos do criador de "Os Simpsons". Pelo meio há muita aventura, gargalhadas e uma história comovente de uma família que nunca aprendeu a ter uma relação saudável e estável. Mas se mesmo assim não ficou surpreendido, a MAGG diz-lhe porque é que devia começar já a ver "Desencantamento".
É perfeita para quem é fã de "Os Simpsons" e "Futurama"
"Desencantamento" é da autoria de Matt Groening e só isso justifica todas as semelhanças que possam existir com "Os Simpsons" ou "Futurama" — e isso tem tanto de bom como de mau. Para quem tiver visto, ainda que de uma forma mais casual, uma das duas séries mais conhecidas do animador, vai certamente encontrar neste novo projeto uma experiência divertida e interessante.
No entanto, se for um grande fã de trabalhos anteriores de Groening, a nova série da Netflix pode parece muito semelhante a projetos anteriores, ao ponto de parecer que as piadas e as ideias foram recicladas de outros projetos de maneira a fazerem sentido num novo contexto.
Uma coisa é certa: apesar de, por vezes, "Desencantamento" parecer datada e até um pouco conservadora nas piadas que faz (pelo menos quando comparada com outras séries animadas da Netflix), a verdade é que é perfeita para quem gosta do mesmo tipo de ambiente cáustico e hilariante que se encontra em "Os Simpsons".
O ambiente, o traço das personagens e a sátira ao status quo são alguns dos ingredientes que fazem desta nova produção uma experiência agradável e merecedora de atenção.
Há uma história contínua que não termina a cada episódio
A primeira temporada contou com dez episódios que, apesar de parecer que não iam dar a lado nenhum, tinham um propósito narrativo e faziam parte de uma história maior que não terminou no último episódio. Ao contrário de outras séries do género, como "Family Guy", em que um episódio trata de relatar um ou vários acontecimentos específicos que têm uma conclusão no final, em "Desencantamento" isso não acontece.
Ao longo dos dez episódios os espectadores vão conhecendo as personagens, as relações que criam entre si e todo o seu passado. Pode parecer insignificante, mas são essenciais para perceber o que acontece nos instantes finais da série.
No final há uma reviravolta inesperada
E por falar em instantes finais, há um momento no último episódio que muda a história por completo e que ninguém estava à espera. Nem mesmo os críticos internacionais de televisão que só tiveram acesso a sete episódios — e isso foi mais do que suficiente para que começassem a surgir as primeiras críticas negativas.
É que a série melhora (e muito) à medida que se aproxima do final. E só por isso vale a pena fazer o esforço durante os dois primeiros episódios que, confessamos, podem ser um bocadinho aborrecidos.
É a companhia ideal para desligar o cérebro após um dia de trabalho
O humor utilizado na série é leve o suficiente para que "Desencantamento" possa ser a sua companhia depois de um dia cansativo de trabalho. Apesar de ter uma história e personagens complexas como protagonistas, a verdade é que não precisa de estar com muita atenção ao que aconteceu nos episódios anteriores ou ao que está a acontecer à medida que vai acompanhando a série.
Nunca corre o risco de perder o fio à meada e é aí que está a beleza de "Desencantamento" — a capacidade de saber contar uma história com princípio, meio e fim com episódios aparentemente "soltos".