Conhece alguém com sensibilidade química múltipla? Provavelmente não. É uma doença rara, e quem a tem, sofre de uma alergia invisível "à vida." Estas pessoas são alérgicas a (quase) tudo: a roupas novas, a cosméticos, à poluição, e até ao cheiro de um qualquer champô. E é também dela que trata a nova série da Netflix.
Em "Doenças do Século XXI", seguimos sete histórias (reais) de pessoas que sofrem de doenças crónicas e raras. Daquelas que se sentem, mas não se veem. Na série, há até quem sofra de mais do que uma destas doenças.
Eletro-hipersensibilidade, fadiga crónica, sensibilidade ao bolor, doença de Lyme e sensibilidade química múltipla. Todos os casos retratados na série foram diagnosticados, mas os sintomas não aparecem nos exames médicos, e é muito fácil que estas pessoas passem por hipocondríacas ou loucas. E parece que é isso que está a acontecer, mas não à conta dos espectadores – os protagonistas culpam a produtora da série (a Doc Shop).
Através de desabafos na Medium, queixaram-se da exclusão dos diagnósticos individuais e da edição da série, que a torna altamente sensacionalista. Estão insatisfeitos com a forma como as suas histórias foram contadas, e temem que, para o público, passe a mensagem de que as suas doenças são do foro mental, quando não é disso que se trata.
Jake Sidwell é um dos protagonistas. Sofre da doença de Lyme e foi mais longe do que os outros – publicou um vídeo no YouTube com a sua versão da história.
A ideia (errada) que a série passa é a de que as doenças crónicas são psicossomáticas, e os protagonistas sentem-se incompreendidos. "Participámos porque os nossos diagnósticos são mal compreendidos e estigmatizados. Nunca imaginámos que o projeto nos expusesse ao ridículo", desabafaram na plataforma digital.