"Lua de Mel" estreou-se esta segunda-feira, 6 de junho, na SIC, após o "Jornal da Noite", com duração prevista até outubro. A estação de Paço de Arcos prometeu que seria a "novela das novelas", mas será que está a cumpri-lo? Fomos averiguar, vendo o primeiro episódio, e temos tanto a dizer.

Para já, temos de dizer que "Lua de Mel", à partida, não é a típica novela. Apresenta caras novas, como qualquer outra, mas também resgata algumas das personagens mais acarinhadas pelo público de produções anteriores — o que implica a existência de um mega crossover (cruzamento entre histórias).

Como vai ser a Nazaré em "Lua de Mel"? Falámos com 5 atores da nova novela da SIC
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Há-de ser algo muito interessante para quem acompanhou, na última década, as novelas da SIC. Porém, para quem não o fez (como é o nosso caso), acaba por ser uma confusão, já que não existe uma explicação para o background de cada personagem. Mas tudo bem, nada que não se resolva até ao final do episódio.

(Esta crítica contém spoilers do primeiro episódio de "Lua de Mel")

O arranque foi positivo, com o tema "Juramento Eterno de Sal" no génerico. Atualmente, haverá música mais verão do que esta? Tanto na abertura, como no resto do episódio, lá vão alguns dos atores "recorriendo Portugal" (em tourné por Portugal), como canta Álvaro de Luna. Apreciámos a coerência.

O genérico em si é mais moderno e juvenil, chegando a dar vibes de "Morangos com Açúcar". Nada de close-ups de atores melancólicos ou cavalos a correr pela paisagem. Desta vez, antecedeu um episódio repleto de boa disposição, com os necessários momentos de maior suspense e complicação.

Um início na Nazaré, com Nazaré, da novela "Nazaré"

A ação começa na Nazaré, com Nazaré, da novela "Nazaré". Útil para ninguém se perder no enredo, talvez? Nazaré é interpretada por Carolina Loureiro, que, pelo que vimos, será a protagonista de "Lua de Mel" — tal como o foi na novela homónima, que estreou em 2019. De acordo com o que a atriz disse à MAGG, o público pedia um regresso da personagem. Mas não percebemos porquê.

Não entendemos o encanto de uma personagem tão abrutalhada e violenta, que, vá-se lá saber como, faz frente às autoridades depois de ser incriminada (incluindo berros e safanões). "Ó, mas o que é que é isto? Eu tou a trabalhar", reclamou. Peixeira de profissão e de personalidade, junto das douradas e dos robalos tinha cocaína. Como reagiu?

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E porque não passar a perna às autoridades? créditos: Divulgação SIC

Fez uma rasteira a um dos polícias e conseguiu roubar-lhe a arma, que procedeu a apontar aos restantes, lógico. A única coisa que explica ter conseguido escapar ilesa é caso seja uma peixeira que tenha artes marciais como hobby. Ficção pura e dura, lá conseguiu roubar uma mota sem ter nenhum dos polícias atrás de si. Um ainda apontou a pistola, mas foi só isso. Pegar no carro e perseguir a criminosa não pareceu uma opção.

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Além de peixeira, a personagem de Carolina Loureiro é pró em fugas à polícia? créditos: Divulgação SIC

Carolina Loureiro arrasa mesmo com os trajes do ofício, que devem tresandar a peixe. Teve de abandonar os filhos (que primeiro o são, depois já não o são, e depois são outra vez?) depois de acontecer esta "coisa chata" (como explicou à miúda) e, para assumir a nova faceta de fugitiva, chamou um género de Uber Eats para o crime.

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Houve uma química inesperada entre Nazaré e o seu capataz, ou fui só eu que senti? créditos: Divulgação SIC

Pelo menos, parece ser essa a personagem de Afonso Pimentel. O Toni (o nome assenta bem) vem carregado de perucas, de um telemóvel e de um novo cartão de cidadão. Nazaré é agora Carla Isabel, loira. Apesar de estar a acontecer uma mudança de identidade, não deixámos de reparar na tensão entre os dois. Das duas uma: ou já tiveram um caso ou ainda o vão ter. Lamentamos, Duarte (José Mata), que apareceu no episódio só para se ir embora.

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José Mata interpreta Duarte, o par de Nazaré, por Carolina Loureiro. Aparece apenas nos momentos iniciais do episódio, para se despedir. créditos: Divulgação SIC

Nazaré, agora Carla Isabel, tenta roubar outro veículo (desta vez, uma carrinha), mas não consegue, pois o dono não estava a dormir. Mais tarde, acabou por lhe fazer um mata leão (movimento de arte marciais). Como se não bastasse o Toni, tem também um primo que a segue como um cão fiel (um tal de Bernardo, muito nervoso). A devoção é tamanha que, para salvar a prima, o rapaz (interpretado por Guilherme Moura) pega no carro e vai para junto da polícia... sem carta de condução. Haja coragem.

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Uns óculos e uma peruca et voilà: irreconhecível! créditos: Divulgação SIC

Uma Sara Matos que não passava nos "Ídolos" e um Ivo Lucas preocupado com a condução

A foragida acaba a conduzir o autocarro de digressão dos cantores da novela. "Motorista precisa-se", indicava o veículo dos artistas — mais uma coincidência daquelas. Lá dentro, estão dois casais, formados pelas personagens de Rodrigo Trindade, Filipa Nascimento, Ivo Lucas e Joana Aguiar. Um tanto confusos, já que estes últimos não estão emparelhados. Na novela, a namorada de Ivo Lucas quer construir uma família com o amado, que não podia mostrar menos entusiasmo.

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Nazaré (agora Carla Isabel) passa a ser motorista dos cantores. créditos: Divulgação SIC

Teve muito mais fervor quando pediu à personagem de Carolina Loureiro para ter uma condução segura. "Nada de peões, está bem?", apelou (demasiado cedo?). Mas pronto, química não existe entre nenhum dos pares. No início do episódio, a Sandy, de Joana Aguiar, garantiu que era apenas amiga do outro moço, mas, poucos minutos depois, já estava a ser engolida por ele atrás do palco, ao som de uma música cuja letra era: "O amor está a acontecer, o sol brilha mais e o mundo é melhor"... em loop.

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Duas parelhas sem sentido, química ou sequer diálogos interessantes. créditos: Divulgação SIC

Do nada, os espectadores deixaram de ver "Lua de Mel" e passaram a ver "Ídolos" — ou pelo menos foi o que pareceu quando Sara Matos começou a "cantar". Daquilo que recordamos, fazia melhores duetos com o Lourenço Ortigão nos "Morangos com Açúcar". Encarna uma personagem pindérica, mas caricata, que teve uma das melhores tiradas de todo o episódio: "Mas quem é que é o verdadeiro Canhão da Nazaré?".

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Sara Matos canta e não é no "Ídolos". créditos: Divulgação SIC

De Penafiel à África do Sul, com direito a reviravoltas "dramáticas"

Além da Nazaré, a ação também se desenrola em Penafiel e na África do Sul. É no concelho nortenho que está localizada uma prisão só de mulheres onde, pelo comportamento, deveria estar Carolina Loureiro. Não se passa grande coisa, além de um coro de presidiárias a enaltecerem Deus, com a ajuda de um padre excêntrico. Algo como uma versão beatificada de "Orange Is The New Black".

É ao som da dupla Calema que mudam para as cenas no outro continente, onde está Jessica Athayde, agora Lili, outrora Mimi (sim, as referências a "Morangos com Açúcar" continuam). Pelos vistos, estamos perante mais uma personagem mimada, endinheirada e desocupada. "Já passou uma semana. Não podes continuar nessa depressão", diz-lhe um amigo como se nada fosse.

E porque telenovela não é telenovela sem personagens a descobrirem, tarde na vida, que são adotadas, a fava tocou a Lili. Certo dia, descansada no jardim da sua moradia, recebeu uma encomenda vinda da mãe, cujo interior continha uma câmara de filmar que revelava o grande segredo. Lili deixa cair a caixa no chão, da forma mais dramática, em choque absoluto — talvez por não ter recebido a notícia por WhatsApp?

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Jessica Athayde faz de Lili, uma mulher adotada que pensava ser sul-africana, mas afinal é portuguesa. créditos: luademel.sic.oficial/Instagram

"Eu só preciso de entender quem sou e, assim que souber isso, eu volto", disse, antes de rumar a Portugal, onde apareceu num abrir e piscar de olhos, pois não há tempo a perder em horário nobre. Já no nosso País, vai para a casa dos pais, que, julgando pelo facto de todas as fotografias emolduradas estarem a preto e branco, devem estar mortos. Na mansão supostamente desocupada surge um homem, a quem Lili, viril, aponta uma faca.

A personagem de Fernando Pires, o cantor Renato França, consegue retirar-lhe a arma em três tempos, sem qualquer resistência, e o clima fica estranho. Não por estar a acontecer uma invasão de propriedade, mas pelas trocas de olhares e pelo sorriso da sul-africana (afinal portuguesa) no final. Quase jurávamos que havia um desconhecido na casa dos pais de Lili, mas pronto. Na vez seguinte em que a vemos, está na prisão (a tal onde há coro), a visitar a irmã que a vendeu, retratada por Luísa Cruz.

"Lua de Mel" é tudo ao molho e fé em Deus

Mas como assim irmã? Não devia ser mãe? E como é que ela já sabe quem é? Pronto, nesta fase, já estamos completamente perdidos. Voltando ao cantor (mais um) bem sucedido, que, afinal, é sem abrigo, prevê-se uma dinâmica engraçada com Cláudia Vieira, no caso Dina Cruz, empregada de limpezas que procura dar o golpe do baú ao famoso cuja caracterização o faz parecer um Harry Styles vestido de Shawn Mendes.

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Cláudia Vieira é Dina Cruz e Fernando Pires é Renato França em "Lua de Mel". créditos: luademel.sic.oficial/Instagram

Não tem dinheiro para mandar cantar um cego, mas as fãs não sabem disso. Que o diga Gisela, que só se apercebe de quem é o cantor depois de conversar com ele uns bons minutos. Interpretada por Cecília Henriques, já é a nossa personagem preferida: a sua trapalhice misturada com a sua leviandade fazem prever momentos muito divertidos. É o primeiro episódio, mas já conseguiu fazer barulhos de cavalo. Ainda assim, foi um bom tipo de vergonha alheia.

"Já fui influencer e depois pronto, tive que abandonar. Tive que começar do zero. Aconteceram umas cenas", confessou esta nova personagem, que também faz limpezas. Cabeça no ar, esconde a chave da casa de Jessica Athayde numa planta, como se ninguém estivesse a ver, mas claro que o artista estava no sítio certo à hora certa.

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Será que é esta loira misteriosa quem está por detrás da confusão de Nazaré? créditos: Divulgação SIC

No que diz respeito à ficção portuguesa, a clássica loira misteriosa também não podia faltar. Mas conseguiram surpreender ao meterem o Fernando Rocha (sim, o humorista) a treinar nadadores salvadores como se fossem para a tropa. "Eu quero fazer com que cada um de vocês seja a Pamela Anderson", exclamou.

Mais do que qualquer outro, um episódio de estreia tem de acabar num cliffhanger, portanto, num acontecimento que aguce a curiosidade ao espectador, para que este queira ver o próximo. No caso de "Lua de Mel", a história acaba quando Nazaré — ainda com a peruca loira que, pelos vistos, a torna irreconhecível — decide não parar numa operação STOP. Já nós estamos seriamente a pensar em parar... de ver.

Pode assistir ao primeiro episódio de "Lua de Mel" aqui.

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