A música não foi algo que o acompanhou ao longo da vida. Em criança, apesar de sentir que tinha "jeito para a coisa", nunca se dedicou muito à arte e nunca foi estimulado nesse sentido. Os anos foram passando, e, só na universidade, quando passou a integrar a tuna da faculdade que frequentava, é que aprendeu a tocar guitarra e percebeu que o gosto pela música era muito.
Aos 23 anos, começou a ter aulas de canto, aos 25 fez um curso de teatro musical e descobriu também a paixão pela representação. Aos 31 decidiu, uma vez mais, concorrer a um concurso de talentos.
Falamos de Márcio Gonçalves, o artista natural de Amarante que em 2020 brilhou no palco do "The Voice Portugal". Na altura, tal como chegou a contar no programa, tinha recentemente largado o trabalho que tinha para se dedicar a tempo inteiro à música — sem saber que uma pandemia ia chegar para lhe trocar as voltas.
Mas não foi só nesse momento que Márcio sentiu que algo lhe trocava as voltas. Durante o programa, algo inesperado aconteceu e o concorrente de Amarante viu-se obrigado a desistir.
"Apanhei COVID e não cheguei a fazer a prova do Tira Teimas porque não consegui ir", conta à MAGG, revelando ter fico muito "desiludido" e "triste.
Esta não era a primeira vez que Márcio tentava a sua sorte num concurso de talentos. "Já tinha tentado algumas vezes, mas nunca tinha passado dos pré castings", conta. Contudo, em 2020, as coisas foram diferentes. Nas Provas Cegas, Márcio conseguiu virar três das quatro cadeiras e recebeu vários elogios dos mentores. Acabou por ficar na equipa de António Zambujo que, na fase de batalhas, optou por continuar com ele.
"A música que ia cantar era incrível, estava tudo a correr bem e mesmo que não passasse era muito melhor. Fiquei com a dúvida do que é que poderia ter acontecido." E é exatamente essa dúvida que Márcio quer tirar ao concorrer novamente ao programa da RTP. Este domingo, 14 de novembro, o artista de 32 anos volta a pisar o palco e tenta voltar a virar as cadeiras.
"Fiquei com o sentimento de uma coisa que ficou por terminar. Decidi tentar novamente e ver como corre. Se chegar, pelo menos, onde tinha chegado no passado já fico muito feliz", afirma, revelando que foram muitos os que o incentivaram a participar uma vez mais. À MAGG, Márcio conta ainda que o vírus também acabou por lhe afetar a voz, algo que foi recuperando com o passar do tempo.
Quanto à forma como a cultura tem vindo a ser tratada durante o último ano, o artista refere que falta "mudar a mentalidade do sistema". "Há uma falta de apoios enorme. Todos os artistas reclamam, fazem o melhor que podem e conseguem, mas acho que ainda não somos levados a sério. Se calhar, há um estigma associado à cultura e aos artistas que faz com que as pessoas não nos levem muito a sério", diz.
Com esta participação, Márcio quer uma vez mais mostrar o seu talento e lutar pela carreira na qual acredita. "[A última edição] foi incrível. Adorei o companheirismo da malta, a experiência, fiz muitos bons amigos e também quero que isso aconteça este ano. Depois, claro, o meu objetivo principal é chegar onde cheguei. O meu objetivo, na loucura, é ganhar", remata.
Márcio Gonçalves volta a apresentar-se aos portugueses este domingo, 14 de novembro, naquela que é já a quinta ronda das Provas Cegas desta edição do programa de talentos da RTP1. O "The Voice Portugal" continua a ter como apresentadores Vasco Palmeirim e Catarina Furtado e como mentores Marisa Liz, Aurea, Diogo Piçarra e António Zambujo.