É talvez uma das séries mais esperadas de 2019, e com razão. A primeira temporada de "True Detective" estreou em 2014 e desde logo que foi elogiada pela crítica, que a considerou a nova série de culto que toda a gente deveria começar a ver. Para ajudar ao sucesso, contou com a presença de Matthew McConaughey ("O Clube de Dallas") e Woody Harrelson ("Assassinos Natos") nos papéis principais.
A segunda temporada não surpreendeu e a desilusão foi tal que foram várias as publicações que se propuseram a explicar o que estava a acontecer na série. Desde personagens cujas histórias se cruzavam de forma aparentemente desconexa e confusa, à falta de carisma de alguns dos protagonistas, a verdade é que a segunda temporada de "True Detective" esteve destinada desde o início a não corresponder às expectativas.
A quebra nas audiências e a falta de confiança dos produtores numa nova série de episódios obrigou a uma pausa de quase quatro anos para que o criador, Nic Pizzolatto ("Os Sete Magníficos"), tivesse tempo para pensar na fórmula que queria aplicar aos novos episódios. E parece que valeu a pena a espera.
É que o trailer da próxima temporada foi relevado na madrugada de segunda-feira, 27 de agosto, e as primeiras imagens mostram um regresso às origens, principalmente no conceito. Nos novos episódios, que estreiam em janeiro de 2019, será Mahershala Ali o protagonista, que ganhou maior notoriedade depois da sua participação em produções como "House of Cards", "Luke Cage" e "Moonlight" — o filme que lhe valeu um Óscar de Melhor Ator Secundário, em 2017.
A história vai centrar-se na investigação de um crime macabro que aconteceu no coração de Ozarks, no Estados Unidos, e será contada de forma fragmentada em vários espaços temporais. Um pouco à semelhança do que aconteceu na primeira temporada, em que a narrativa alternava entre o passado e o presente.
Mas são necessárias várias mudanças para que o thriller policial volte a conquistar o público. A MAGG reuniu as 4 mais importantes.
Queremos mais mistério e momentos de tensão
Um thriller policial pede momentos de mistério, suspense e tensão — tudo coisas que estiveram em falta na segunda temporada e que deixaram muitos fãs desiludidos. Com os novos episódios queremos ficar agarrados ao sofá, gritar, espernear e até chorar com aqueles momentos estranhos ou reviravoltas incríveis que nos deixam a pensar durante horas.
É óbvio que é difícil ter momentos desses a cada episódio, mas não somos exigentes. Um ou outro, aqui e ali, é mais do que suficiente para garantir que os espectadores não se cansem. O facto de existir um assassino em série meio louco é só um bónus (spoiler: vai haver um desses na terceira temporada).
É preciso simplificar
É difícil identificar a fórmula que levou ao sucesso da série em 2014. Seja o que for que possa ter contribuído, como o trabalho dos atores, a qualidade do guião ou a forma como a série foi filmada, há um elemento que marcou a temporada desde o primeiro ao último episódio: a simplicidade. A história é contada através das memórias de dois detetives da polícia que, juntos, tentam chegar à identidade de um assassino em série que anda a matar mulheres de formas estranhas.
Ao longo dos oito episódios há momentos de tensão, mistério e conspiração, mas o objetivo mantém-se sempre o mesmo: descobrir quem é o assassino, por que motivo matou aquelas mulheres e como. Na segunda temporada houve tudo menos simplicidade.
Além das mais de muitas histórias cruzadas (e foram mesmo muitas), havia também demasiadas personagens a investigar um único caso que, por si só, não era assim tão interessante — pelo menos não tão interessante como o assassino da temporada anterior.
O trailer da nova temporada parece revelar um regresso à fórmula anterior, com a presença de dois detetives em busca da resolução de um caso muito complexo que já fez várias mortes, e que parece deixar as personagens principais obcecadas. À revista "DigitalSpy", o ator Jon Tenney ("Tombstone"), que terá uma breve participação na série, confirmou que o ambiente criado nos novos episódios será muito semelhantes ao da primeira temporada, o que certamente deixará muitos fãs satisfeitos.
"Não posso entrar em muitos detalhes, mas acho que esta nova temporada vai ao encontro daquilo que foi feito na primeira. Muito mais do que aquilo que aconteceu na segunda. Os guiões são tão entusiasmantes e complexos que tenho a certeza que as pessoas vão gostar", revelou.
É importante que os vilões tenham uma identidade
A segunda temporada esteve muito focada na noção de uma rede de homens corruptos que eram capazes de controlar toda a narrativa, o que tornava difícil ao espectador identificar quem gostariam que sofresse as consequências. Entre os mafiosos ou os políticos, poderia ou não haver quem merecesse um destino fatal — mas não há necessidade de criar este tipo de confusão nas pessoas.
Nada contra a presença de personagens complexas, como Walter White de "Breaking Bad", em que no final fica a dúvida se seriam ou não vilãs. Mas num thriller como "True Detective", é importante que haja uma certa linearidade neste aspeto: os fãs querem ver os maus a fugir dos bons. E, no final, um deles tem sempre de ganhar, caso contrário a história não faz sentido.
É preciso que existam personagens fortes
Na primeira temporada, as personagens de Matthew McConaughey (Rust Chole) e Woody Harrelson (Marty Hart) funcionaram bem porque eram personagens fortes e muito diferentes uma da outra. Enquanto Rust era um indivíduo pessimista e niilista, Marty fazia o papel de "polícia bom" com alguns traços de ingenuidade e até de alguma sonsice.
Na segunda temporada, porém, faltou essa química. Os protagonistas Vince Vaughn ("Separados de Fresco") e Collin Farrell ("A Lagosta") não vingaram, e nem a ajuda de Rachel McAdams ("O Caso Spotlight"), que foi introduzida com o único objetivo de abordar a emancipação feminina num meio tipicamente masculino e opressor (o das forças policiais), ajudou.
O resultado foi uma segunda temporada pouco satisfatória, que registou um quebra de mais de 22% nas audiências. Segundo a revista "Business Insider", o último episódio da primeira temporada foi visto por 3,52 milhões de pessoas em todo o mundo. Já o final da segunda temporada só conseguiu captar a atenção de 2,73 milhões.
Para a próxima temporada queremos um equilíbrio entre a insanidade das personagens da primeira temporada e a seriedade e compostura dos protagonistas da segunda. Olhando para o elenco da próxima temporada, que conta com Stephen Dorff ("Blade"), Mamie Gummer ("O Hospício") e Carmen Ejogo ("Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los"), as expectativas estão muito elevadas.