Era uma vez. Assim foram as primeiras palavras de Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), a narradora e uma das protagonistas de "O Sexo e a Cidade", no primeiro episódio da série emitido a 6 de junho de 1998. A partir daí, seguiram-se seis temporadas e mais dois filmes. Sempre juntas, Carrie, Samantha (Kim Catrall), Miranda (Cynthia Nixon) e Charlotte (Kristin Davis) foram confidentes e companheiras nos melhores momentos. Mas nem tudo é um conto de fadas.
Passaram 22 anos desde o lançamento da série e o mundo mudou. As mulheres já não esperam pelo príncipe encantado montado no seu cavalo branco, muito menos aos 30 anos. Ou a idade que for. Há milhares de mulheres que podem comprar um par de sapatos da marca mais luxuosa e serem independentes. Nem os homossexuais representados na série são só aquilo. Nem os judeus são só aquilo. O último episódio foi para o ar em fevereiro de 2004 e o que é certo é que todos ficámos marcados por esta série.
A falta de representatividade de algumas minorias na série acarreta uma visão estereotipada daquilo que é o mundo. Após todos estes anos, e tendo em consideração alguns acontecimentos recentes, já não pensamos daquela maneira. Movimentos como o #MeToo ou #BlackLivesMatter trouxeram outra perspetiva da realidade. Uma ideia que deve ser veiculada pela indústria audiovisual. Posto isto, alguns episódios de "O Sexo e a Cidade" acabaram por transmitir ideias menos inclusivas. Conheça aqui algumas.
1. A pressão exercida pelos homens em relação às mulheres, que se pode ver na forma como o diretor da "Vogue" tratava Carrie. Ou até quando o namorado de Charlotte insistiu para que esta lhe fizesse sexo oral.
2. Os estereótipos anti-semitas contra judeus, representado pelo marido de Charlotte que é advogado, peludo e sofre de suores.
3. A pressão sexual imposta pelas próprias mulheres, quando Samantha pressiona Charlotte a fazer sexo anal para não perder um namorado.
4. Os estereótipos relacionados com as personagens gay, que acabavam por não ter destaque e limitarem-se ao papel de serem os melhores amigos das protagonistas.
5. As más opções financeiras de Carrie, para além do dinheiro que gasta em sapatos com o cartão de crédito, chega a pedir dinheiro emprestado para pagar a casa.
6. A maneira como as mulheres são julgadas por não serem casadas aos 30 anos, este é o caso de Carrie que se vê muito frustrada e pressionada.
7. A falta de representatividade de negros na série, que dá destaque a um grupo de brancos a viver em Nova Iorque.
8. Que as mulheres, uma vez casadas, podem deixar o emprego, que é o caso de Charlotte quando deixa o emprego por se ter casado.
9. A imposição da existência de uma classe, quando Charlotte escolhe alguém para a substituir na galeria que a faz lembrar a si própria, em vez de dar oportunidade a uma classe mais baixa.
10. Por último, a falta de representatividade das minorias em geral, pois não é dado espaço na série a drag queens, bissexuais, lésbicas, entre outros.