“Chamo-me Rui Alves, tenho 22 anos. Venho de Vila Real, Trás-os-Montes, e sou pastor”. Foi assim que o primeiro concorrente do “Big Brother 2020” se apresentou aos portugueses. O seu sonho era ter 400 ovelhas daqui a uns anos e tornar-se famoso a tocar acordeão. E bastaram estes segundos para que Rui Alves se tornasse num dos concorrentes do programa mais acarinhados. Mas a vida do pastor de Vila Real nem sempre foi fácil.

Os pais biológicos de Rui abandonaram-no com dias de vida, tendo sido depois entregue aos pais adotivos, Itelvina e Arsénio Alves. O casal esteve esta terça-feira, 28 de abril, no “Você na TV” para explicar a Manuel Luís Goucha esta situação.

“Ele veio numa ocasião em que os meus filhos já tinham 20 e muitos anos”, começou por contar a mãe adotiva do concorrente. Itelvina acrescentou que tinha dois filhos, um rapaz e uma rapariga que, chegados a jovens adultos, quiseram deixar Vila Real e procurar “por outras experiências”. “Senti-me sozinha”, recordou. “E pensava muitas vezes nas crianças que precisavam de amor, de um lar. E foi assim que ele entrou em nossa casa. Com 14 dias”.

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A Manuel Luís Goucha, o casal explicou que sempre estiveram de acordo em acolher aquele bebé com poucos dias de vida e Itelvina referiu que, depois de o ver, não conseguiu largá-lo. “Eu quando o vi disse: ‘Meu Deus’. Era um ser tão pequenino. Pensei: ‘Vou ter de dar uma volta à vida e não o vou largar mais’. E a partir daí começou a batalha”. Batalha essa que foi o processo de adoção que demorou quatro ou cinco anos. “Tínhamos medo de não conseguirmos”.

Durante esse tempo, a mãe de Rui Alves relembrou um episódio que o filho teve com uma professora que o marcou profundamente. Apesar de saber da sua condição desde pequenino, Itelvina revelou que foi complicado explicar ao filho que não era seu filho biológico. “Há quem saia da barriga, ele saiu do coração”, referiu. Mas a verdade é que os pais não lhe tinham explicado “grande coisa”.

“Um dia ele fez uma redação onde perguntavam com quem ele era parecido. Ele respondeu com o pai. E a professora disse-lhe ‘Como é que podes ser parecido com o pai se ele não é teu pai?’”, relembrou a mãe. “Foi terrível”. Na altura Rui Alves teria uns quatro ou cinco anos e ficou “sentido, inquieto, triste e amuado”. Como consequência destas palavras, o agora concorrente do “Big Brother”, teve de consultar uma psicóloga. “Ficámos triste porque não era assim que se devia explicar as coisas. Mas foi superado”.

Sobre a participação do filho no reality show os pais explicaram que não estavam de acordo, mas o filho queria participar e resolveram apoiá-lo. Acreditam que o objetivo final do filho é ser artista e esperam que a fama lhe traga mais concertos quando sair. Sobre Rui ser um possível vencedor, a mãe explica prontamente: “Esperemos que sim, mas ele é como um cordeirinho no meio de raposinhas. Não tem muito jogo de cintura”.