Há poucas palavras para descrever a gala do último domingo do "Big Brother - A Revolução", e o problema é (praticamente) só um: os concorrentes. É verdade que as dinâmicas do programa eram bastante mais divertidas na edição do "BB 2020". Também é verdade que a apresentação e textos de Teresa Guilherme nos remetem para reality-shows mais datados, e que já lá vão os tempos (vá, na verdade foi só em março) em que um programa de entretenimento podia ser palco para discussões vitais à volta de temas como homofobia e saúde mental.
Mas mesmo com muros a impedir a vista da praia da Ericeira e uma necessidade da produção em alterar vários aspetos desde o "BB 2020", a coisa podia dar-se, caso o grupo de concorrentes escolhido tivesse o mínimo de sumo. Só que não. Já não há paciência para os casais forçados, para o "somos só amigos", mas, principalmente, para os falsos frontais.
Há um mês que este grupo entrou na casa, e apesar de os conflitos se sucederem, com muitas facadas nas costas, discussões explosivas, e comentários à parte, cada vez que são confrontados, nomeadamente em direto durante as galas, fazem um sorriso parvo, dizem que já passou e que está tudo bem.
E foi praticamente este o mood de toda a gala do último domingo, em que por mais lenha que a produção atirasse para a fogueira, os extintores do aborrecimento dos concorrentes davam conta da ocorrência. Toda o programa foi um aborrecimento atroz, à exceção da intervenção de Pedro, pai de Jéssica Fernandes, que por momentos nos fez recordar os "bons tempos" de vergonha alheia misturada com um sentimento de "oh meu Deus, isto está mesmo a acontecer?", ali numa homenagem às intervenções do senhor Fernando, pai de Fanny.
Sim, porque quando as intervenções da família são a coisa mais polémica de uma gala, estamos a ver o nível básico do sucedido, não é?
Jéssica, Renato e um pai que está pronto para a batatada com a produção
Esta semana, e após a saída de Sandra no último domingo, Jéssica Fernandes e Renato beijaram-se pela primeira vez (Zena e André Abrantes também? Ficámos sem perceber, até porque esses dois são mais úteis como adereço a um quadrado amoroso e o seu envolvimento foi muito pouco explorado).
A coisa parecia encaminhada para a formação do primeiro casal da casa da Ericeira, mas a produção resolver pregar uma partida a Jéssica e Renato e, durante a gala, a filha de Sandra foi confrontada com imagens em que o "amado" dizia estar disponível para hipotéticos envolvimentos com qualquer rapariga na casa — Renato explicou depois que as imagens eram anteriores ao primeiro beijo do casal e que estava chateado com Jéssica na altura. Falou ainda de uma tentativa de beijo a Catarina e da ligação íntima com Zena.
Jéssica, que já não reage bem sob pressão, estava especialmente abatida por estar com o período (sim, ela deu mesmo a justificação do período para não estar a ter um raciocínio mais coerente; mas nada contra, também já usei a mesma desculpa, a diferença é que tinha 15 anos e só me queria escapar do teste Cooper nas aulas de Educação Física). Desta vez, ficou com um nó no cérebro e visivelmente afetada por estar na berlinda.
Quem não gostou nada foi Pedro, o pai da concorrente, que em estúdio dirigiu duras críticas à produção do reality-show e até mesmo a Teresa Guilherme — que tem tantos anos disto que lhe consegue dizer com toda a elegância, e mesmo que com outras palavras, que está-se bem marimbando para as críticas de Pedro. O pai de Jéssica afirmou que o programa sabe "mexer com a cabeça das pessoas", que a filha está a ser levada ao "teste máximo" e que a ligação de Jéssica com Renato foi criada pela produção.
"Agora, vocês levam a Jéssica para onde querem e fazem da Jéssica o que querem. Uma menina que queriam muito que tivesse uma ligação com o Renato e assim aconteceu. Agora estão a tirar o tapete porque há a Zena e ela fica baralhada", disse Pedro, que ainda avisou que ou Jéssica saía por vontade dos portugueses ou acabaria por desistir.
Jéssica não foi expulsa, sendo a segunda a ser salva, e acabou até por melhorar o humor para o final do programa, sendo mais assertiva nas nomeações. Mas a intervenção do pai, bem como o look — algo notado por Ana Garcia Martins—, foi realmente um dos pontos altos do programa, ou mesmo o único. E isso é só triste.
Catarina. Quando a saída de uma concorrente é o ponto mais alto de uma prestação
Catarina tinha uma das histórias mais fortes do programa. Violada aos 13 anos, e sem nunca contar a verdade até agora, guardou um segredo por uma culpa que não tinha, e sofreu com isso durante muito tempo. A concorrente revelou tudo isto na sua Curva da Vida, mas apesar da empatia dos colegas e mesmo do público em casa, a história dura não foi suficiente para que a curva na casa fosse ascendente.
E mesmo que a votação dos portugueses tenha oferecido o título de planta a Jéssica Antunes (bem oferecido, atenção, que acho que foram raras as vezes que sequer ouvi a voz de Jéssica; aliás, uma planta a esvoaçar faz mais barulho que ela), Catarina era a definição literal do cargo.
As poucas vezes em que tentou ter alguma intervenção no jogo falhou redondamente, com uma aproximação a Renato que era brincadeira, mas se calhar não era, mas de certeza que era (ufa). Correu mal, os portugueses viram-na como um espinho no florescer do namoro de Renato e Jéssica F., e depois de ter sido nomeada diretamente por Rui, acabou mesmo por sair este domingo.
E foi justamente a saída que causou alguma movimentação na casa, com especial destaque para o ar perdido de Rui quando viu Liliana regressar à casa. "Ainda não é", tentou enganar-se a si próprio. É sim, Rui, fizeste porcaria. Porque apesar de 20 anos de reality-shows, os concorrentes continuam a achar que sabem quem é forte dentro de quatro paredes. Pode ser que tenham aprendido a lição.
Espera, o quê? Andreia salvou Joana e nomeou diretamente Renato porque o acha muito forte e sabe que ele não sai? Temos todos memória de peixe e não conseguimos reter o que se passou, literalmente, 45 minutos antes? Talvez, ou talvez Andreia seja a única coisa polémica na casa nos próximos dias e o tenha feito de propósito.
A par de Renato, Carina, Pedro e Liliana estão em perigo de sair no próximo domingo.
"A Andreia do bunker vai regressar". Esperemos, pela salvação da revolução mais fraca de todos os tempos
Quando esta edição do "Big Brother" arrancou, muitas foram as vozes, desde fãs a comentadores, que se levantaram contra o desperdício de uma jogadora como Andreia no bunker. Toda a dinâmica dos infiltrados foi resolvida sem pés nem cabeça numa semana, mas o estrago estava feito.
Provavelmente com receio (bastante justificado) de ser posta de lado devido à idade e sempre com a desculpa de ter chegado depois, Andreia deixou a sua personalidade explosiva e crítica, que mostrou na primeira semana, bem fechadinha no bunker, e surgiu na casa como a psicóloga de serviço, a querer agradar a tudo e todos.
Traduzindo, pasmaceira total e uma onda de Maria vai com todos que já ninguém aguentava. Até este domingo, em que a concorrente ganhou a liderança, e uma imunidade que lhe garantiu, pelo menos, 15 dias no jogo. Deu logo um ar de sua graça ao nomear Carina, porque afirma que a concorrente do Porto tem de aprender limites, e salvou Joana de ir a votações, trocando-a por Renato (devia ter sido Rui Pedro, mas ao menos mexeu com a casa).
E já avisou, em conversa com Teresa Guilherme, que tem mais para mostrar. "A Andreia do bunker vai regressar". Ai mulher, tu assume a cobra que há em ti e mexe com isto, que qualquer dia até o "Ponto de Encontro" tinha mais polémica.