Jacques Costa, que marcou o “Big Brother 2024” pela diferença, já que foi a primeira concorrente a entrar num reality show a identificar-se como uma pessoa não-binária, surpreendeu toda a gente ao recusar-se a nomear na gala deste domingo, 7 de abril, uma vez que não gostou de algumas atitudes de Catarina Miranda. O Big nomeou-a diretamente, mas face à indignação de Cláudio Ramos com a quebra de uma regra do jogo, acabou expulsa do reality show da TVI.
Em conversa com os jornalistas na manhã desta segunda-feira, 8, Jacques Costa revelou o que sente relativamente à sua participação no programa. “Saí desta casa com a certeza de que sou uma pessoa muito íntegra e se calhar eu nem me conhecia desta forma. Sabia que era íntegra, mas não a este ponto, e verdadeira”, começou por dizer.
A concorrente explicou o que a levou a tomar a decisão de não nomear ninguém. “Eu estava super pronta para nomear, eu na verdade sabia muito bem que era um jogo e essa era a grande questão. (...) E o que é que me levou a fazer isto? Foi uma situação particular. (...) A gota de água foi quando houve a VT do Gabi, que me emocionou, ele é uma pessoa tão querida, tão real, tão honesta e tão generosa. Quando passou a VT dele, olhei para a Catarina [Miranda], quase a tentar forçar o choro, e depois ia ser o momento dele, da VT dele, do momento dele no reality, e ela diz: ‘não, eu tenho que lá ir’ ou algo deste género, sei lá, e fez daquele o momento dela. O Gabi, que é uma pessoa tão generosa, nem viu isso nem ninguém viu isso”, esclareceu.
“As minhas regras do jogo nunca iriam para lá das minhas regras enquanto pessoa”, garantiu, acrescentando que estava a “adorar” o programa e a experiência, mas que não se arrepende da sua decisão. “Eu só me arrependo quando faço alguma coisa que vá contra os meus valores”, atirou.
“Naquele momento, eu fiquei muito incomodada com a situação que estava a acontecer e fiquei muito incomodada com as pessoas não estarem a ler o grau de manipulação e não perceberem que aquilo é inaceitável, mesmo a nível humano. (...) Eu tinha clara confiança de que ia conseguir contra-argumentar contra ela, isso nunca esteve em causa, mas na verdade estava incomodada com a situação”, explicou.
Jacques revelou ainda o que foi mais difícil para si nesta experiência. “Eu acho que uma pessoa já sabe como é que as pessoas são mas, de alguma forma, ter uma confirmação de que as pessoas fazem tudo para aparecer e isso deixou-me incomodada. Perceber que as pessoas fazem tudo para aparecer, até passar por cima de outras pessoas que são reais, de carne e osso, e estávamos ali todos na mesma experiência”, disse.
Depois de Jacques ter-se recusado a nomear, o Big Brother nomeou-a diretamente. Contudo, Cláudio Ramos mostrou-se indignado com o comportamento da concorrente, por tentar quebrar uma regra do jogo, e discordou da decisão do soberano do programa. Como tal, este voltou com a sua decisão atrás e informou que, se Jacques não nomeasse, seria expulsa do reality show. Como a concorrente manteve a decisão, abandonou o programa.
“Não sei se foi justo ou não. Percebi, percebi de onde é que veio, há regras. (...) Eu fui justa comigo e isso é que me importa”, garantiu, revelando que a primeira conversa que teve com Cláudio Ramos foi em direto no “Dois às 10” e que não sentiu qualquer mal-estar com o apresentador. “É um jogo e é o trabalho do Cláudio. Sinto que não desrespeitei de todo o jogo, pelo contrário. Sinto que ofereci muito ao jogo e que teria muito para oferecer. E agora, quando o conheci, senti-o uma pessoa muito querida e muito amável. Se houve alguma crispação, acho que está ultrapassada. Demos um abraço e agora somos amigos”, esclareceu.
Desde que Jacques entrou no “Big Brother 2024” que gerou debate sobre o facto ser uma pessoa não-binária. Com a sua saída precoce do programa, a concorrente não considera que esta consciencialização da população tenha chegado ao fim. “Claramente tinha essa, não digo responsabilidade, mas tinha a noção do meu papel nesse sentido e da visibilidade que ia ter e do que é que isso podia significar nas mesas de conversa da Páscoa e do que quer que fosse. O meu primeiro objetivo não era a consciencialização e acho que nem devo isso a ninguém, foi uma coisa que veio por acréscimo. Claramente que foi uma coisa importante e da qual eu me orgulho imenso, e acho que expliquei bem. (...) Não sinto que interrompeu nada. O meu processo de consciencialização é ser eu todos os dias e sair à rua”, refletiu.
Quanto ao debate que gerou e ao facto de mais pessoas saberem o que é ser uma pessoa não-binária com a entrada de Jacques no reality show da TVI, a agora ex-concorrente garante estar “muito satisfeita”. “Tenho a esperança de que, se houve alguma criança ou algum pai que tenha visto isto, que tenha obviamente facilitado a vida de alguém”, concluiu.