Até que ponto conseguimos ultrapassar os erros daqueles que mais amamos? “Happy Face”, uma das séries mais esperadas da SkyShowtime deste ano, ficou disponível esta quinta-feira, 8 de maio, na plataforma de streaming, e promete expor a dolorosa realidade de uma filha que descobre que o seu pai é um assassino em série. Baseada numa história, num podcast e num livro real, “Happy Face” não pretende ser uma série de conforto ou redenção, mas sim um relato perturbador sobre segredos e muita culpa.

Inspirada na história real de Melissa G. Moore, no seu podcast homónimo e bastante aclamado pela crítica, “Happy Face”, e na sua autobiografia “Shattered Silence”, a série dá-nos a conhecer uma Melissa de 15 anos, quando esta descobre que o seu amado pai é, na verdade, o prolífico assassino em série conhecido como Happy Face. Sendo esta uma história de amor entre pai e filha que rapidamente se torna no pior pesadelo da jovem, Melissa teve de aprender a viver com este fardo, sem deixar que o rasto de sangue feito pelo pai manchasse a sua alma.

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Annaleigh Ashford, atriz norte-americana de 39 anos conhecida pelos seus papéis em “Clube da Sedução” e “American Crime Story”, é quem interpreta Melissa Moore. “Preparar-me para este papel foi muito especial porque não só tive o podcast ‘Happy Face’ para ouvir, mas também tive o livro de Melissa e a presença da própria Melissa para não só fazer perguntas como também para nos dar acesso a fotos da história da família e a cartas que o pai lhe tinha escrito”, começou por dizer a atriz à MAGG. 

“Ela foi uma fonte inesgotável de conhecimento para mim. E a partir disso, pude criar o que senti ser necessário para a história que contámos”, acrescentou Annaleigh Ashford. A história vai então intercalando entre momentos do passado de Melissa, especialmente de quando soube que o pai era o Happy Face Killer, com momentos atuais, onde a mulher é agora casada e já tem dois filhos. No entanto, Melissa teve de mudar de nome, uma vez que queria manter o seu segredo enquanto o pai cumpria pena de prisão perpétua. 

No entanto, há uma história por trás de toda a narrativa: afinal, “Happy Face” não é só sobre a vida da filha de um assassino em série, e sim sobre o dilema que esta vai enfrentar tantos anos depois. Isto porque a narrativa se centra num homem que foi acusado por um dos crimes de Keith Jesperson, o famoso assassino, e Melissa vai tentar ajudá-lo a sair da prisão. Ou seja, para libertar um inocente, a mulher terá de trair o homem que a criou. “Ao estar perto da Melissa, estou a testemunhar o quão desconfortável este dilema vai ser para ela para o resto da sua vida, e também como ela tem usado este erro que nunca poderá corrigir para se tornar numa defensora das pessoas que foram tocadas por este tipo de traumas”, confessou a atriz sobre Melissa G. Moore. 

Para o papel do Happy Face Killer, Dennis Quaid foi o escolhido, ator que já tem uma longa carreira no mundo das artes - e que conseguiu desde cedo entregar uma atuação que promete arrepiar, criando uma dinâmica, no mínimo, bastante intensa com Annaleigh Ashford. “Falamos tantas vezes sobre a química que é necessária quando se fazem cenas românticas, mas esquecemo-nos de falar sobre como é importante, e acho que ainda mais importante, ter química com alguém que está a interpretar um membro da família”, disse Annaleigh Ashford à MAGG.

“Tivemos muita sorte, os dois conhecemo-nos pela primeira vez e tivemos logo uma química de pai e filha muito fácil. Ele é um dos nossos maiores atores”, acrescentou, referindo que Denis Quaid foi a escolha certa para interpretar o Happy Face Killer. “Uma das coisas que acho mais excitantes na forma como ele abordou este papel é que sim, ele é assustador, manipulador e repugnante, tudo aquilo que um assassino em série seria, mas também é vulnerável e ama a filha. E acho que é isso que torna a sua atuação tão desconfortável”, disse.

Mas encontrar esse equilíbrio para Annaleigh Ashford não foi assim tão fácil, até porque Melissa, ao longo de todo o processo, vai descobrindo o impacto que o pai teve nas famílias das vítimas, o que faz com que comece a repensar na sua própria identidade. “Colocar-me no lugar dela foi de partir o coração e desconfortável.O que farias se um membro da família cometesse um ato violento e arruinasse a vida de outra família? A culpa e a vergonha que carregarias e a mancha que isso deixaria na história de outra família e na história da tua própria família é muito difícil”, disse.

Espreite as fotos.

No entanto, não só destas histórias se faz “Happy Face”, até porque uma das outras grandes narrativas é a relação de Melissa com a filha, Hazel, interpretada por Khiyla Aynne. A relação das suas começa a tornar-se intrigante, especialmente quando surgem segredos entre elas. No início, sabe-se que Keith Jesperson conseguiu voltar a contactar a família através de um postal que enviou à neta no seu aniversário, mas o desenrolar da história vai fazer com que Hazel esconda segredos da mãe, que se podem transformar em grandes reviravoltas. 

“Esta relação na série exigiu que a minha personagem confrontasse o trauma geracional que os seus filhos herdaram de toda a história. Isto é um lembrete de que quando uma tragédia atinge uma família, seja a da vítima ou a do agressor, a marca permanece por gerações”, disse Annaleigh Ashford. Desta forma, a atriz referiu que a maior lição de “Happy Face” é “lembrarmo-nos das famílias”, que vão sempre precisar de muito mais amor do que notícias nos meios de comunicação social. 

Assim, “Happy Face” não é apenas uma série sobre crime, mas sim uma produção que quer fazer a diferença, mostrando ao público que nem todas as maçãs caem perto da árvore - mesmo que, por vezes, seja esse o sentimento. “A série abordará a questão do medo de se tornar como os próprios pais, mas posso dizer que, convivendo com a Melissa, sei que ela nunca será nada parecida com seu pai”, rematou Annaleigh Ashford. Os primeiros três episódios já estão disponíveis na SkyShowtime.