Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa) dizia no famoso poema "Tabacaria" "tenho em mim todos os sonhos do mundo". Para muitos, um é viajar o mais possível, dentro ou fora de Portugal. O que interessa é cumpri-los para dar ação ao verso e "enquanto não alcances, não descanses", como escreveu Miguel Torga em "Sísifo".

"Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve, as saudades", e se saudades houver após o roteiro que se segue, então é sinal de que Luís de Camões tinha razão: de entre as novidades, as boas ficam para sempre na memória. 

"O Meu Escritório é lá Fora”. Quase foi atropelado por uma vaca, temeu pela vida na Índia e agora ganhou um prémio
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Citações à parte, uma das novidades é o Festival Literário Douro (FLiD), que regressa ao Espaço Miguel Torga em maio para mais um ciclo de conversas, apresentações de livros e até cinema num espaço simbólico: o museu dedicado à vida e obra do poeta que nasceu em São Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, distrito de Vila real.

Vários nomes portugueses bem famosos estão imortalizados em alojamentos, museus e até em comida e é disso que vamos falar.

1. Torel Palace Porto

Quarto executive deluxe Almeida Garrett no Torel Palace Porto
Quarto executive deluxe Almeida Garrett no Torel Palace Porto créditos: torelpalaceporto

Começamos já pela dormida, sono esse que é feito sob o olhar atento de Almeida Garrett no Torel Palace Porto. Pode ser que o escritor e dramaturgo romântico lhe dê inspiração ao acordar, algo que é elevado ao expoente máximo graças à decoração sumptuosa do hotel que tem uma das piscinas mais magníficas pelo ambiente misterioso e de natureza.

Outra particularidade deste hotel é que os 24 quartos e suítes têm o nome de escritores e poetas, basta escolher o que prefere mediante a tipologia. Pode ficar no clássico de Sophia de Mello Breyner Andresen (desde 302,30€ por noite para duas pessoas), no executive superior de Almeida Garrett (desde 361,60€) ou na suite royal de Eça de Queiroz (desde 669,20€).

Torel Palace Porto

Localização: Rua de Entreparedes N. 42, Porto,4000-197
Reservas: +351 226 090 559/ online 

2. Festival Literário Douro (FLiD)

Espaço Miguel Torga
Espaço Miguel Torga créditos: facebook

É já a 4.ª vez que o Festival Literário Douro (FLiD) se repete e, novamente, junta uma série de escritores naquela que foi a casa de Miguel Torga e agora é um museu com eventos, exposições, concertos e tudo sobre a vida do poeta que morreu em 1995 em Sabrosa. O festival decorre de 5 a 7 de maio e começa logo com a inauguração da exposição “Caderneta” de Paulo Araújo e cinema às 22h, com o filme-concerto poético “Paisagem para Torga”, de Rui David e Blandino.

Ao segundo dia, a poesia é o tema principal de uma conversa com o tema "a poesia não é um dialeto para bocas irreais”, discutido por poetas como Aurelino Costa, José Fanha e José Pedro Leite. No último dia do FLiD, a programação inclui um encontro com escritores (Alice Brito, Ana Cristina Silva, Andrea Barrios e Renato Filipe Cardoso) pelas 11h e finaliza com concerto de Pedro Jóia.

A entrada no festival é livre e tudo o que vai acontecer está disponível no Facebook.

Uma vez em Sabrosa, aproveite para conhecer melhor a região através do Roteiro Torguiano, que passa por locais por onde Miguel Torga passou, cujos caminhos estão disponíveis na app Roteiro Torguiano.

3. Visitar Camões no Jardim-Horto

Jardim-Horto
Jardim-Horto créditos: cm-constancia

No verão de 2020, numa dia de calor em que tudo o que precisámos era da brisa proveniente do encontro entre os rios Tejo e o Zêzere, a MAGG visitou Constância. Aliás, visitámos poetas portugueses — desde Alexandre O'Neill a Luís Vaz de Camões — que estão um pouco por toda a parte nesta vila poema.

Camões está bem representado, desde logo no Jardim-Horto no qual Camões dá as boas vindas aos visitantes à entrada, onde foi colocada uma escultura do poeta. O passeio prossegue pelo jardim de Macau, que integra um pavilhão lacustre com cerâmicas vindas de Macau, pelo auditório ao ar livre cujo chão reproduz o Planetário de Ptolomeu que, segundo Pedro Mariz, inspirou Camões no Canto X de "Os Lusíadas", e ainda pelo painel de azulejos que mostra o perfil dos três continentes percorridos por Camões.

As visitas custam 1,50€  (1€ para jovens, estudantes e terceira idade).

Jardim-Horto

Localização: Largo Heitor da Silveira, 2250-020 Constância
Horário: de segunda-feira a sexta-feira das 9h30 às 12h30 e das 14h-17h; sábado, domingo e feriados das 14h-17h (verão até às 18h)

4. Fundação José Saramago

Fundação José Saramago
Fundação José Saramago créditos: josesaramago

Ir até à Fundação José Saramago, em Lisboa, é uma oportunidade para fazer uma dupla visita ao passado, uma vez que imortaliza o que foi a obra de José Saramago, mostrando também quem era este homem e como pensava, e integra a Casa dos Bicos, palco da arquitetura civil da Lisboa do século XVI.

O Museu de Lisboa - Casa dos Bicos foi inaugurado em 2014, mas anos antes, em 2008 (ainda antes de José Saramago morrer em 2010) os pisos superiores foram cedidos pela câmara municipal de Lisboa para a instalação da Fundação José Saramago. Na fundação é possível encontrar, entre outras coisas, a réplica da secretária de José Saramago, que faz parte da exposição "As sementes e o fruto".

"Não me dou como exemplo a ninguém, porém, revendo a minha vida, distingo, ora firme, ora trémula, uma linha contínua de passos que não projetei, mas que, de maneira consciente ou não tanto, me fizeram perceber que nenhuma outra poderia servir-me", descreve o autor numa nota deixada e publicada no site da fundação, e é a precisamente o que viveu José Saramago que vai poder ver.

Este ano, a 16 de novembro de 2022, celebra-se o centenário de José Saramago e o programa contempla vários momentos, desde sessões de leitura edições de José Saramago e publicações sobre a sua obra, entre elas a nova edição de "Viagem a Portugal".

O bilhete geral para aceder à José Saramago custa custa 3€ e as visitas podem ser feitas de segunda-feira a sábado, das 10h às 18h.

5. Queijadas de Sintra da fábrica Eugénia de Jesus

Queijadas Finas de Sintra Eugénia de Jesus
Queijadas Finas de Sintra Eugénia de Jesus créditos: eugeniadejesus

Leu bem. O que é que as Queijadas de Sintra têm que ver com poetas e escritores? Tudo, porque foi na obra “Os Maias” que Eça de Queiroz fez das queijadas a atração mais gulosa da vila de Sintra. E se é para fazer jus à obra que foi publicada em 1888, então tem de comer, pelo menos, um.

"Olha não te esqueçam as queijadas!", dizia uma mulher para Cruges, este que uma vez em Sintra voltou a recordar-se a si próprio: "Que diabo, não me hão de esquecer as queijadas!". Certo é que no meio da natureza de Sintra que "ao escurecer, dizia ele, começava a entristecê-lo", Cruges esqueceu-se das queijadas. Para que não lhe aconteça o mesmo, vá direitinho à fábrica de queijadas Eugénia de Jesus, que já vai na quarta geração e mantém a receita original desde 1903.

Outra das especialidades da Queijadas Finas de Sintra Eugénia de Jesus são os pudins e as queijadinhas, mas o que não pode deixar de comer e levar é a tradicional queijada feita com açúcar, queijo, farinha de trigo, ovo e canela (e mais alguns segredos).

Queijadas Finas de Sintra Eugénia de Jesus

Localização: Rua das Eiras, N°64 pavilhão F 2725-294 Mem Martins
Encomendas: 21 921 9821
Horário: de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 18h