O Cruzeiro de 35 Anos de Canções de Tony Carreira, organizado pela Agência Abreu, terminou este domingo, 23 de abril, e a MAGG, que esteve a bordo do MSC Fantasia, recolheu as opiniões dos passageiros. Enquanto alguns afirmam ter sido a concretização de um sonho, outros ficaram desagradados com a experiência.

Das atividades aos restaurantes e concertos. Saiba como está a ser o Cruzeiro 35 Anos de Canções de Tony Carreira
Das atividades aos restaurantes e concertos. Saiba como está a ser o Cruzeiro 35 Anos de Canções de Tony Carreira
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Ângela Pereira, de Santo Tirso, afirma que, apesar da organização deste cruzeiro não ser o que esperava “a nível de limpeza, simpatia dos funcionários, organização da sala de jantar e das cabines”, os concertos de Tony Carreira superaram “tudo”. Cláudio Francisco, de Paris, França, considera que o cruzeiro foi "bom" e Gina, que veio da Bélgica, refere que este é “um sonho tornado realidade”.

Mas Manuel Almeida, de Santarém, diz que o serviço que comprou não corresponde à realidade. “Foi-me dito que eu poderia usufruir de todos os restaurantes à la carte e é mentira, apenas tenho direito a um. Fui iludido a comprar um serviço do qual não estou a usufruir”, começou por dizer. "Foi a primeira e última vez que fiz um cruzeiro”, afirmou.

Para este passageiro, a limpeza do navio “não é feita como deve ser” e não tem água à disposição por todo o cruzeiro, “como prometido”. Devido ao desagrado que sente, Manuel afirma que irá “fazer uma reclamação online quando estiver em terra [em Lisboa]”. Contudo, realça que a partir de terça-feira, 18 de abril, o serviço “melhorou a nível de buffet e não só”.

Também Sandra Lisboa, de Lisboa, destaca pela negativa as “filas para os restaurantes” e as “confusões” no buffet. No Red Velvet, restaurante a que todos os hóspedes têm acesso, a passageira revela que a “queriam sentar juntamente com pessoas” que não conhecia. “Pedimos esclarecimentos à MSC e todos dizem que não é normal este tipo de confusão e filas. Não compreendo porque é que este cruzeiro não está a ser igual a outros só porque tem o Tony [Carreira]."

Sandra revela já ter tentado “reclamar com a Abreu e com a MSC” e que nenhuma assume “as culpas”. “Pelo que me informaram, a MSC, por norma, tem dois turnos para jantar. Antes de virmos, a Abreu perguntou-nos qual turno preferíamos e nós escolhemos o segundo. Quando chegamos cá, percebemos que não há dois turnos, mas sim um e, segundo me disse um membro da Abreu, quem decidiu isso foi a agência por causa dos concertos do Tony."

No fim do cruzeiro, Sandra garante que vai fazer “queixa nos devidos locais”, nomeadamente na Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), na Agência Abreu e na MSC. Além disso, reforça que esteve cinco horas e meia à espera para embarcar, sendo que pediu uma cadeira de rodas para o marido que teve uma “úlcera varicosa” e “não tinham nenhuma disponível”. “Nas filas, geram-se confusões, discussões e duvido que isto acabe sem pancadaria. O que deviam ser umas férias sonho, foram um pesadelo”, disse.

Uma noite de gala que acabou no buffet e zero regalias para quem pagou quatro mil euros

Sandra Lisboa também referiu que foi informada de que teria sempre a mesma mesa ao jantar, mas isso não aconteceu. “Fomos jantar na noite de gala vestidos a rigor mesmo e tenho fotografias na fila à porta do restaurante. Desistimos da fila e tenho fotos com o meu jantar na mão. Tive de ir para o buffet comer pizza de salto alto e vestido de gala. Não é normal. A festa de gala é por todo o barco, sim, mas o jantar não se admite”, afirmou.

Daniela Tavares, do Estoril, destacou a “falta de educação” e que o serviço que lhe venderam não correspondeu à realidade. “Foi tudo muito mal organizado. Eu paguei 4 mil euros para estar num camarote para duas pessoas. Disseram-me que ia ter regalias, mas não tenho regalias nenhumas”, garantiu. Daniela afirma que a sua experiência começou mal desde o embarque, em que ficou “cinco horas ao sol sem água e sem comida”.

Esta passageira destaca pela positiva a limpeza do seu quarto e a simpatia da funcionária que o faz, mas a comida não a agrada. “A comida não é boa e alguns dos empregados deixam muito a desejar”, disse, acrescentando que pensa fazer uma reclamação “assim que chegar ao Estoril”. Daniela descreve ainda esta viagem como “um desastre”.

Apesar de ter feito o cruzeiro para “apoiar” Tony Carreira, porque considera que o cantor de 59 anos o “merece”, sente-se “enxovalhada”. Além disso, considera injusto ter pago 4 mil euros pela viagem, enquanto outras pessoas com as mesmas regalias pagaram 600€. “Eu vim porque precisava de me distrair e não me distraí em nada. Estou num stresse”, garante.

A passageira sente que os aspetos negativos do cruzeiro estão-se a sobrepor aos positivos, mas destaca o concerto de Tony Carreira e ter conseguido tirar uma fotografia com “o grande senhor que ele é”, “a simpatia da funcionária da limpeza” e as pessoas que conheceu na viagem.

Quando a MAGG procurava passageiros para entrevistar, Maria Emília Moreira, de Vila Nova de Gaia, quis dar o seu testemunho. Começou por destacar que demorou “seis horas para entrar no barco”. “Já faço viagens com o meu marido e outros casais que estão aqui há cinco anos na MSC e nunca aconteceu esta vergonha”. Maria Emília destaca pela negativa "o serviço de refeição" e a organização. A passageira afirma que irá reclamar quando o cruzeiro terminar. “Não é possível que num cruzeiro tão caro no Mediterrâneo aconteça isto. Não há mesas para comer, não há talheres, não há quase fruta. Lamento, mas estamos desiludidos”, garante.

Guida Rodrigues, residente em Lisboa, faz “um balanço mais negativo” deste cruzeiro, afirmando que a organização deveria ter previsto que “o público que viria [ao cruzeiro] é um bocadinho complicado”, o que torna “a convivência mais difícil”. “As pessoas [hóspedes] são intolerantes”, afirmou. Guida destaca pela positiva a limpeza.

Natividade Valentim, da Quinta do Conde, em Sesimbra, afirma que a organização está “um bocadinho desleixada”. “Não há organização com os grupos, com as horas, é tudo ao molho e fé em Deus”, disse. A passageira garante que vai realizar uma reclamação na Agência Abreu, a quem pagou, quando o cruzeiro terminar.

Quanto a Tony Carreira, Natividade afirma que não o viu “fora dos concertos e do karaoke” e que ficou “desiludida”. “Acho que ele devia andar por todo o navio, e não só em certos sítios, e com horas marcadas”. Relativamente a aspetos positivos, Natividade realça as pessoas que conheceu no cruzeiro, os países que visitou e os concertos do cantor.

Agência Abreu admite problemas operacionais. "A MSC, responsável pela operação, foi fazendo esforços para corrigir"

Com o acumular das críticas em relação a vários aspetos do Cruzeiro de 35 Anos de Canções de Tony Carreira por parte dos passageiros, a Agência Abreu reconheceu que existiram falhas durante esta viagem, mas enalteceu os aspetos positivos do evento, o primeiro do género a realizar-se com um artista português.

"Esta foi uma grande operação, em que a Abreu proporcionou vários momentos memoráveis com o artista", começa por dizer Pedro Quintela, diretor geral de vendas da Agência Abreu, numa breve reação escrita enviada à MAGG neste domingo, 23 de abril, último dia do cruzeiro.

"Existiram alguns problemas operacionais em terra e a bordo, em que a MSC, responsável pela operação, foi fazendo esforços para corrigir", continua o representante da agência.

"Aos clientes que embarcaram neste cruzeiro, deixamos o nosso muito obrigado e até breve", concluiu Pedro Quintela.