
Há espaços dos quais se falam mais do que outros e o Core Collective, em Lisboa, está no topo da lista. É o nome que salta em conversas entre amigos que descobriram "a melhor aula de sempre", nos stories de influencers que se filmam no pilates ao sábado de manhã e em TikToks de quem vive para partilhar dicas de bem-estar. Decidimos tirar a prova dos nove e fomos ver o que tem este estúdio para estar nas bocas do mundo.
Situado no número 35C da Rua Duque de Palmela, perto do Marquês de Pombal, o espaço tem um ar minimalista e cool, daqueles em que apetece estar mesmo antes de se mexer um músculo. A fachada não é espalhafatosa, mas basta passar a porta para perceber que entrámos noutro campeonato, onde o wellness não é uma tendência, mas uma autêntico lifestyle cujo ambiente nos põe logo no mood certo.
A primeira impressão é que, ali, tudo parece pensado para facilitar a vida de quem lá vai, e isso começa logo com a receção (ou, melhor dizendo, com a ausência de burocracia). Dizemos o nome, confirmam a marcação, e estamos prontos para seguir para o estúdio. O resto? Já lá vamos. O importante é que, mesmo sem sermos clientes regulares, nunca sentimos que não pertencíamos ali.
Não sabíamos exatamente ao que íamos, mas tínhamos aquelas borboletas na barriga de quem está prestes a experimentar algo novo e, por isso, estávamos mais do que prontos para nos deixar surpreender. O plano era experimentar a modalidade mais falada do estúdio (o famoso XFormer) e perceber se este culto do pilates moderno tem mesmo razões para existir. Eis o que adorámos na nossa visita.
A simplicidade de todo o processo

Às vezes, o luxo está mesmo nos detalhes e, neste caso, no que não é preciso fazer. Não há ficheiros para assinar, formulários infinitos ou explicações redundantes. A marcação pode ser feita na app do Core Collective ou na ClassPass, e depois basta aparecer. Dizemos o nome, sorriem-nos, fazem-nos uma tour pelo estúdio caso nunca tenhamos lá estado e finito.
Não é necessário levar cadeado, nem andar com mil tralhas atrás. Há cacifos com código, sapateiras à entrada onde deixamos o que trouxermos calçado, quase como um ritual zen de deixar o mundo lá fora, assim como uma regra taxativa: usar meias antiderrapantes. Não se trata só de higiene, mas de estabilidade e segurança (e, sejamos sinceros, até dá um certo ar profissional).
Sentimos que tudo funciona com uma fluidez inigualável. O espaço é intuitivo, a lógica dos circuitos está clara, e em poucos minutos estamos de roupa trocada (se quisermos, até podemos comprar merch), a caminho da aula, sem uma única dor de cabeça por causa da logística. Para quem está habituado ao caos dos ginásios convencionais, isto é uma lufada de ar fresco, meus amigos.
O staff também ajuda nesta missão. Sem aquele tom mecânico ou excessivamente corporativo, os colaboradores são simpáticos, disponíveis e zero invasivos. Há uma confiança mútua implícita, no sentido em que eles sabem que estamos ali para nos sentirmos bem, e fazem tudo para que isso aconteça.
A quantidade de aulas e as condições do espaço
O Core Collective não é só sobre pilates, mas uma autêntica boutique de bem-estar que serve de chapéu a várias disciplinas e momentos. Há Heated Sculpt, Hot Pilates, Yoga, Mat Pilates e, claro, o XFormer, que tem o selo exclusivo em Portugal. A diversidade é grande, mas o foco é transversal a todas as modalidades: fortalecer e equilibrar o corpo. Para quem quer ir mais longe, há sessões privadas totalmente personalizadas.
A qualidade das infraestruturas é outro ponto a favor deste espaço, que está dividido por várias salas, todas com estética moderna, luz natural q.b. e uma atmosfera clean e acolhedora. Há pormenores que fazem toda a diferença, como o facto de os balneários terem secadores Dyson, os produtos disponíveis são de marcas premium, e há até uma espécie de lounge para respirar fundo antes ou depois das aulas.

Como se isto não bastasse, o estúdio nunca está demasiado cheio. Como há poucas aulas a decorrer ao mesmo tempo, cruzamo-nos apenas com quem está lá pelo mesmo objetivo que nós. Isto torna tudo muito mais tranquilo, sem filas para o duche, nem a sensação de estarmos num centro comercial à hora de ponta, o que é perfeito para quem não tem paciência para multidões (ou small talk com desconhecidos).
Para fechar a oferta de luxo, há serviços de recuperação premium, como sessões de crioterapia e sauna de infravermelhos, as tão faladas terapias de calor ou frio que ajudam a regenerar músculos e a limpar a cabeça. Não experimentámos desta vez, mas ficaram na lista para uma próxima – que vai haver, certamente.
A aula de XFormer que fizemos

Para quem não sabe do que se trata, nós explicamos: o XFormer não é bem uma máquina, nem só um acessório, mas um híbrido entre reformer pilates e treino de resistência, com uma plataforma que desliza, cabos e molas, umas mais leves e outras mais pesadas, que parecem inofensivas até se começar a aula. Bastam cinco minutos na sala, que tem oito máquinas destas, para perceber que ali não se brinca.
A aula foi orientada por Kenza Charania, fundadora do espaço, que viveu entre Miami e Nova Iorque, onde se mandou de cabeça para o mundo do fitness. Percebe-se isso de imediato, já que é uma motivadora nata. A especialista explica tudo com clareza, corrige a postura com um toque leve mas certeiro, e guia-nos com uma energia que contagia, apesar de termos de fazer tudo o mais devagar possível, e muitas palavrinhas de afirmação.
Apesar de ser uma sessão introdutória (Intro to XFormer, mais precisamente), sentimos o corpo a trabalhar de forma intensa. Em 50 minutos, percorremos grupos musculares um a um, dos abdominais às pernas, passando pelos oblíquos e braços, com exercícios como lunges, squats ou bicep curls. E, de seguida, veio o que mais temíamos, os tremeliques que quase nos fazem desabar, mas, surpreendentemente, a vontade de desistir era nula.
Por isso é que, no fim, saímos com a sensação de termos feito uma das aulas mais completas da nossa vida, mas sem aquela agressividade do treino de peso tradicional, que é um autêntico sacrilégio. O foco na postura, no controlo e na respiração deu-nos uma consciência corporal renovada, ao ponto de percebermos que o corpo até tem músculos que nem sabíamos que existiam, e a certeza de que o hype do Core Collective não é só fogo de vista.
Ainda assim, há que frisar que, certamente, não será algo para todas as carteiras. De acordo com o site do Core Collective, uma aula de XFormer tem o custo de 35€. No entanto, existem packs que fazem com que a prática da modalidade seja mais em conta. Um pack com cinco aulas fica a 160€ (32€ por aula) e um pack com 10 sair-lhe-á a 280€ (28€ por aula).