Maria Pereira dos Santos e Luís Barroso estão, juntamente com os cinco filhos (Francisca, de 8 anos, Carolina, de 6, Luísa, de 6, Vasco, de 4 e Margarida, de 3), a caminho da Nova Zelândia. O país da Oceania é a primeira paragem de um périplo de cinco meses por aquele continente e a concretização do sonho do casal, que está junto há 10 anos e partilha a paixão pelas viagens.

Os dias antes da partida para a Nova Zelândia foram tudo menos pacíficos. Francisca, a filha mais velha do casal, sofreu um choque eléctrico, tendo ficado com queimaduras nas mãos, e Luís, que ainda se encontrava em Austin, nos Estados Unidos, no dia em que conversámos com Maria, partiu o pé enquanto corria. "Não consigo encaixar mais uma ida ao hospital. Não tenho tempo (risos)!", desabafa Maria, cinco dias antes da partida.

A fotógrafa de 38 anos conta à MAGG que conseguiram alcançar o objetivo da campanha de crowdfunding que tinham lançado em 2023 e que, além dos 30 mil euros, foram recebendo mais contribuições, mesmo depois de a angariação ter terminado.

Sempre com a poupança em vista, Maria, que é quem organiza a logística da viagem, comprou viagem de ida "numa low cost para Atenas". "Como eu não tinha nem tenho a certeza de quando vamos regressar, comprei de Atenas até Sidney com paragem em Singapura de 18 horas, e depois comprei de Sydney para Auckland", explica.

O tempo em que vão ficar nos dois maiores países da Oceania ainda não está definido. "A única coisa que temos definida é que o Luís se vai embora ao fim de três semanas, um mês". Quando conversámos com o casal, em outubro de 2023, Luís, que é Head of Energy Asset Management na Siemens, tinha planeado fazer uma "pausa" neste trabalho para se dedicar a esta viagem. O plano acabou por sofrer alterações e o engenheiro vai regressar aos Estados Unidos para continuar a trabalhar. O casal vive entre Portugal e Austin, no Texas, onde Luís trabalha. Os restantes três meses "de sabática" a que o engenheiro tem direito, irão ser gozados depois.

Entretanto, Maria vai estar um mês sozinha com os cinco filhos. Ainda não sabe em que país, mas não será na Austrália. "Os três meses serão na Austrália com o Luís. É um país gigantesco e eu quero mesmo ir para sítios muito remotos. A Nova Zelândia é um país muito mais pequeno. Sinto-me muito mais confortável, se acontecer alguma coisa, além de que não há os bichos todos [que há na Austrália]. Sou muito tranquila, mas não sou inconsciente", conta Maria, dizendo que não se sentiria "confortável" estando sozinha com cinco filhos naquele que é o sexto maior país do mundo. Antes de partir para a Austrália, a família deve passar ainda pelas ilhas Samoa, um dos 14 países que compõe a Oceania. Sem certezas porque, tal como Maria explica, comprados estão só voos de ida até à Nova Zelândia.

Para os menos experimentados, só a descrição deste périplo pode causar ansiedade, sobretudo porque há cinco crianças, todas com 8 anos ou menos, envolvidas na aventura. "Há duas maneiras de fazer isto: uma é deixarmo-nos consumir pelo stress e pela ansiedade. Outra é arranjar maneira de fazer com que isso nos dê energia para outras coisas. Nós estamos nessa fase, estamos muito no dia a dia. Hoje tenho de fazer isto, isto e isto. Amanhã logo se vê", conta a fotógrafa.

E as crianças, como estão a reagir? "Não querem ir de avião. Eu acho que alguns deles enjoam um bocado, mas eu só percebi isso há pouco tempo. Há uns que estão contentes, falam sobre isso na escola. E eles são miúdos que estão muito habituados a mudanças. Claro que isto afeta um bocado. Se calhar dormem pior, às vezes fazem birras, estão mais cansados mas, em termos práticos, se for aqui ou na Nova Zelândia...", contemporiza Maria. Independentemente do sítio onde estejam, e porque há aniversários pelo meio, a fotógrafa salienta que "o importante é garantir boas memórias".

Além de um livro, que já se tinha comprometido a fazer, Maria vai documentar a viagem na sua conta de Instagram, mas sem pressões. "Não quero que eles achem que isto é um modo de vida, que vale tudo no que toca a ecrãs, que têm de fazer não sei o quê para mostrarem a pessoas que não conhecem de lado nenhum. Acho isso um bocado absurdo, mas eu tenho discernimento para perceber o que devo fazer ou não. Eles não têm. E enquanto não tiverem não vai ser através de mim que vão fazer isso. Hei-de documentar, quando der e o que me apetecer. Acima de tudo, o objetivo disto é ser uma coisa genuína", finaliza Maria Pereira dos Santos.