Juntar mais de uma centena de pessoas dentro de um avião é um fenómeno (sempre) interessante. Ora vejamos: uns puxam as costas do banco para trás assim que se sentam, outros descalçam-se e metem os pés no banco da frente, outros ainda esticam as pernas para o meio do corredor. Menos ofensivo, mas igualmente curioso, é a necessidade imediata que 45% dos passageiros tem de ir à casa de banho.
Assim que o avião chega lá acima, e o sinal dos cintos se desliga, lá vão eles. Levantam-se apressados, atropelam-se no corredor e fazem fila à porta da casa de banho. E é nesse momento que começamos a refletir sobre o que acontecerá aos resíduos deixados pelos passageiros no momento em que puxam o autoclismo e um ruído avassalador invade aquele pequeno cubículo.
Antigamente os resíduos tinham tendência a derramar para fora do avião
Parece que foi ontem que corriam os anos 80, mas a verdade é que já lá vão quase 40 anos. E há quase 40 anos, utilizavam-se grandes quantidades de SkyKem, um líquido azul para tratar os dejectos que eram guardados num depósito mas que causava dois grandes problemas: aumentava o peso do voo e tinha uma enorme tendência para derramamentos acidentais. Como as casas de banho eram propensas a infiltrações, não era assim tão pouco frequente escapulirem águas residuais para o exterior do avião. Portanto, poderá vir daí a ideia que algumas pessoas têm de que os aviões se livram dos dejetos humanos atirando-os para fora durante o voo.
Era assim até James Kemper revolucionar isto tudo. Em 1975, o norte-americano patenteou um sistema moderno a vácuo, que foi pela primeira vez introduzido num Boeing em 1982.
Então e como é que isto funciona? Recorrendo a pouca água, mas uma (muito) forte sucção, este sistema empurra os resíduos ao longo da linha de esgoto do avião. Eles acabam num tanque preenchido com uma solução química, onde permanecem até o avião pousar.
Este reservatório, com capacidade até 750 litros, é limpo quando a viagem acaba. O material acumulado é posteriormente enviado para estações de tratamento de esgotos. Conclusão: podemos respirar fundo. Não corremos o risco de levar com conteúdo indesejado quando um avião passa sobre as nossas cabeças.