Antes de começarmos a traçar um roteiro de paragens que tem de fazer em Évora, temos de fazer nota de um passo obrigatório: fazer a viagem de manhã cedo para evitar o calor antes de começar a visitar a cidade que é Património Mundial da Unesco desde 1986. Só por isso já merece uma visita, mas não é só o património que marca Évora. É também a gastronomia local, desde as migas à sericaia, não ficasse a cidade no coração do Alentejo.

Um restaurante para comer em casa. A comida orgânica e cheia de sabor do Tua Madre, em Évora
Um restaurante para comer em casa. A comida orgânica e cheia de sabor do Tua Madre, em Évora
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A MAGG fez uma visita relâmpago à cidade e ao acaso, sem qualquer roteiro traçado, fomos descobrindo Évora de uma forma leve. Não entrámos em museus, nem fomos à famosa Capela dos Ossos, andámos apenas pelo centro histórico e de lá viemos com muito para contar. É o roteiro ideal para fazer num dia e que vai desde as paisagens, cultura, até à cozinha alentejana.

Quanto à parte gastronómica, fomos atrás das indicações dos locais, sem vergonha de dizer especificamente o que andávamos à procura. "Recomenda algum sítio pouco turístico e com comida típica?". Recomendaram (e bem), até com mais pontos positivos do que aqueles que pedimos.

Alguns deles não conseguimos ir (um dia não dá para tudo o que gostaríamos), mas ficámos com água na boca depois de ver as histórias de Instagram da influenciadora Inês Rochinha, que ficou por Évora após o casamento da influenciadora Inês Ribeiro.

Inês Rochinha sentou-se à mesa dos restaurantes O Moinho do Cu Torto, Restaurante 1/4 para as 9 e Taberna Típica Quarta-Feira. Não fomos a estes, mas temos também boas sugestões — até com opções alentejanas para vegetarianos.

Alto de São Bento

Alto de São Bento
Alto de São Bento Alto de São Bento créditos: MAGG

Antes de seguirmos para Évora, andámos pelo motor de busca dos tempos modernos: o Instagram. Fomos à procura dos melhores spots da cidade e um dos primeiros com que nos deparámos foi o Alto de São Bento, transformado pelo município num núcleo museológico. A fotografia que nos chamou a atenção era de um pôr do sol neste miradouro natural sobre a cidade, mas pelo bem do nosso sono não conseguimos sair de Lisboa tão cedo para ver o nascer do sol. Contudo, qualquer hora do dia é boa para admirar Évora no alto de uma colina.

O projeto do Núcleo Museológico do Alto de S. Bento envolveu a requalificação de três moinhos para projetos de ensino na área das Ciências e Cultura, e em fevereiro a câmara municipal anunciou a recuperação de mais um dos cinco moinhos, desta vez para a função original: moagem de cereal.

Fábrica dos Pastéis

A segunda paragem resultou da sugestão de um eborense e que ao início não nos fez sentido. Porquê pasteis de nata em Évora, se os temos em Belém ou na famosa Manteigaria? À discussão de qual destes dois o melhor, juntam-se agora os da Fábrica dos Pastéis, que só depois de provar conseguimos perceber a razão de nos terem sido recomendados. Os pastéis de nata (1€) são cremosos, com uma camada estaladiça e forte para aguentar o facto de estarem bem recheados, e o ambiente em redor está cheio de pormenores.

A fábrica é como uma ida a casa da avó, porque por todo o lado estão serviços de chá de porcelana, tachos e louças antigas. Ficámos também intrigados com uma oferta diferente na vitrine: empadas de lulas (1,50€), que tiveram de ficar para uma próxima oportunidade.

Localização: Alcárcova de Cima 10, 7000-661 Évora

Sé Catedral de Évora

Sé Catedral de Évora
Sé Catedral de Évora Sé Catedral de Évora créditos: MAGG

No Alto de São Bento tivemos uma vista panorâmica para cidade e voltámos a repetir a experiência na Sé Catedral de Évora. Subimos até ao terraço, o ponto mais alto de Évora, de onde se avistam vários monumentos, bem como as muralhas e as planícies ao fundo. Optámos por não fazer a visita completa, com museu, e escolhemos o bilhete que dá apenas acesso à Sé, ao claustro e à vista panorâmica (3,50€).

Depois de nos deliciarmos com a paisagem, seguimos para o claustro construído em XIV e que reflete a arte gótica, bem como alguma falta de precisão. Foram várias as vezes em que nos deparámos com janelas assimétricas relativamente aos arcos ogivais nas abóbadas. Pormenores à parte, um dos corredores tem uma janela de tons amarelos que se intensificam com a luz do dia (e que dá grandes fotografias).

Localização: Largo do Marquês de Marialva, 7000-809 Évora
Horário: todos os dias das 9h às 17h
Site: Sé Catedral de Évora

Templo Romano de Évora

Templo Romano de Évora
Templo Romano de Évora Templo Romano de Évora créditos: MAGG

Depois de visitar a Sé Catedral de Évora, é inevitável passar pelo Templo Romano de Évora, também conhecido como Templo de Diana. Tem mais de dois mil anos, mas para nós foi uma novidade, já que nunca por lá tínhamos passado. É um local para admirar o fórum romano dedicado ao culto imperial e presenciar a passagem dos Bárbaros pela Península Ibérica, que quase destruíram o templo. Pode aproveitar para tirar uma fotografia e enviar a alguém em formato de postal dos dias de hoje: digital.

Almoço no Páteo

Quando por volta das 10h entrámos na Fábrica dos Pastéis, já íamos a pensar no almoço. Foi enquanto pedíamos os cafés e pastéis que pela primeira vez ouvimos o sotaque alentejano para uma boa causa: saber qual o melhor sítio para almoçar. Recomendaram-nos o Páteo por ser pouco turístico (mas recomendamos reservar) e por ter tão boa pinta quanto comida. Fomos testar e não nos arrependemos.

Fizemos a refeição em modo de petisco, pedindo para a mesa um queijo derretido com aromáticas (4,50€), ovos da quinta com espargos (6,50€), cogumelos recheados (6,50€) e ainda um tataki de atum (7€) — em resumo, uma vaquinha entre o tradicional e as novas propostas da gastronomia vegetariana. Para algo mais composto, o menu tem naco do lombo Mertolenga (20€) ou bacalhau confitado com broa e puré de batata doce (16€).

Para acompanhar, nada como uma imperial (1,50€) ou uma limonada de coco (3€) para refrescar do calor, ou ainda um copo de vinho alentejano, como o branco Herdade do Esporão Monte Velho (2,50€).

Localização: Beco Espinhosa 7000-854 Évora
Reservas: 266 703 375
Horário: de quarta a segunda-feira das 12h às 23h

Fábrica dos Gelados

Fábrica dos gelados
Fábrica dos gelados Fábrica dos gelados créditos: instagram

Depois da Fábrica dos Pastéis, uma Fábrica de Gelados. Deu para perceber que Évora é como uma indústria de doces, neste caso de gelados de sabores diferentes, com cones a rigor. Começamos pelo que vai no interior do copo ou cone: pode ser um gelado de chocapic, de bolo de bolacha, de torta de Azeitão, de Raffaello, de chocolate sem glúten, de papaia ou de figo, no que diz respeito a frutas. Por fora, há cones vegan e de chocolate crocante.

Localização: Rua Alcarcova de Baixo nº 25 7000 841
Contactos: 962 546 222/ fabricadosgelados@gmail.com

Loja fofinha de artigos feitos à mão

Ao passear na rua 5 de Outubro, encontrámos uma loja cujo exterior se destacava das restantes e nos transmitiu uma paz interior imediata. Ao entrar, percebemos o porquê: na Gente da Minha Terra há velas com flores mergulhadas, leques em forma de mão, postais amorosos, louças que nos apaixonam e muito mais do que se faz artesanalmente na região, com um toque de leveza e minimalismo.

Algumas das peças da lojas física também se encontram na loja online, como é o caso dos vasos de parede de porcelana em forma de ramo de árvore. Parece que não foi só a nós que conquistou, uma vez que a peça, como muitas outras de sucesso, está esgotada no site. Se quer um igual, vai mesmo ter de ir à loja em Évora. Depois da compra, siga para a próxima paragem.

Localização: Rua 5 de Outubro 39 7000-854 Évora
Horário: das 10h às 19h

Praça do Giraldo

Praça do Giraldo
Praça do Giraldo Praça do Giraldo créditos: MAGG

É o ponto de encontro para eborenses e uma referência para os turistas. A vida na Praça do Giraldo acontece em torno de uma fonte em mármore que está rodeada de cafés, restaurantes e lojas nas arcadas e tem à frente uma larga correnteza de mesas e cadeiras onde se toma o expresso matinal. A praça é uma homenagem a Geraldo Geraldes, que conquistou Évora aos mouros em 1167. Vários anos passados, hoje em dia é mais como um local de convívio e de passagem para quem vai à missa à Igreja de Santo Antão, na mesma praça.

Levar recordações (de curta duração)

Continuamos na Praça do Giraldo, mais precisamente na Gema D'Évora, de onde tem de levar uma recordação da cidade para si e para oferecer. Em ambos os casos será um doce presente, porque tratam-se das típicas queijadas de Évora (1,25€) e as da Gema D'Évora são famosas. A pastelaria tem ainda outros doces tradicionais, como o folhado alentejano (1,25€), a sericaia (3€) e o pão de rala (3€).

Para algo diferente, a loja Quintinha de Évora, que abriu em maio de 2021, tem uma vasta variedade de vinhos, aguardente de Medronho da Cerca da Medronheira, gin alentejano ou licor de poejo da marca portuguesa Sharish e pastel de toucinho (1,40€ por unidade).

Ir à Bruxa

Sim, fomos à bruxa, ou melhor, ao restaurante A Bruxa d'Évora. Esta não nos diz o futuro, mas deu-nos uma certeza sobre o presente: o mundo está a mudar e até no Alentejo há pratos típicos feitos com tofu. Assim que olhámos para a ementa e batemos com os olhos no tofu grelhado, com migas de tomate, legumes e pesto (12,50€) nem pensámos duas vezes. Para a mesa vieram também bochechas de porco preto alentejano estufadas em vinho tinto, com migas de espargos e legumes salteados (12€).

Nas sobremesas, há bolo de mel alentejano, acompanhado de gelado de caramelo e flor de sal (4,80€), ou torrão real de Évora, com gelado de limão (4,80€), entre outras alternativas.

Localização: Rua 5 de Outubro 86, 7000-854 Évora
Reservas: 962 671 602
Horário: de terça-feira a domingo das 12h30 às 15h e das 19h30 às 22h30