Já perdeu a conta às dietas que seguiu e não resultaram, bem como às receitas saudáveis que se empenhou em fazer e também não deram em nada. Apenas sabe que algo está a falhar: os números não reduzem na balança e talvez até esteja a comer alimentos considerados saudáveis. O que é que está a falhar então?
A nutricionista Ana Isabel Monteiro, autora do blogue "Laranja Lima", alerta que há alimentos saudáveis que devem ser comidos com moderação se o objetivo é perder peso. "Os alimentos usados num plano de emagrecimento são semelhantes aos usados num plano de manutenção ou aumento", explica. "O que difere são as quantidades".
Das bolachas género Marinheiras à gelatina, Ana Isabel Monteiro mostra-lhe 11 alimentos que devem ser comidos de forma esporádica se o objetivo é perder peso. Sublinhamos a palavra "esporádica" — a solução não passa por eliminá-los por completo. "De forma geral, todos os alimentos podem ser consumidos, mas com bom senso e nas quantidades adequadas", remata a nutricionista.
1. Azeite
O azeite está no ranking de alimentos essenciais na ementa para quem quer ter uma vida mais saudável. É rico em ácidos monoinsaturados, vitamina E e antioxidantes, e ajuda a prevenir o envelhecimento precoce e doenças cardiovasculares. Se for consumido em excesso, porém, também pode provocá-las.
Na opinião da nutricionista Ana Isabel Monteiro, o azeite é a melhor gordura — no entanto, não deixa de ter 45 calorias por cada colher de chá. “E português que se preze gosta de inundar a salada e fazer os legumes salteados com bastante azeite”, acrescenta.
Talvez opte por comer saladas ao invés do seu prato favorito para emagrecer, e se os números não diminuem este pode ser um dos motivos. A autora do blogue "Laranja Lima" aconselha a fazer o molho das saladas à parte e envolver no fim, para evitar verter mais azeite do que devia e não consumir mais calorias do que necessita.
2. Óleo de coco
O óleo de coco é um daqueles alimentos que está em voga. No entanto, os benefícios que são apresentados parecem estar sobrevalorizados: "Houve um grande alarido à volta deste alimento, alegando-se que seria mais saudável do que o azeite e que poderia auxiliar na perda de peso", diz Ana Isabel Monteiro. Porém, continua, o óleo de coco tem um elevado teor de gordura saturada, aguenta temperaturas tão altas como o azeite e não é melhor do que este para cozinhar.
Quanto às calorias, entre o azeite e o óleo de coco não há muitas diferenças. Uma colher de sopa de óleo de coco tem cerca de 117 calorias, tal como a gordura tradicional. Por esta razão, colocar óleo de coco no café poderá não ser a melhor estratégia se pretende emagrecer. Numa chávena de café com seis calorias pode acabar por ingerir muitas mais.
3. Manteiga de oleaginosas
Para quem é fã de frutos secos, o difícil é escolher entre as diferentes manteigas de oleaginosas disponíveis: desde manteiga de amendoim, amêndoa ou até caju, são todas deliciosas. Mas apesar de esta manteiga estar inserida em várias dietas — por serem ricas em proteínas, fibras, vitamina E e a maioria da gordura presente ser considerada saudável —, é preciso ter em atenção às calorias.
A nutricionista Ana Isabel Monteiro partilha: "Apesar de serem nutricionalmente ricas, estas manteigas têm uma elevada densidade calórica, rondando as 600 calorias por cada 100 gramas". Isto significa que uma "colher de chá de manteiga de amêndoa com uma peça de fruta será uma boa opção", mas se pensar em barrar nos dois lados do pão pode ingerir mais calorias do que pretendia — e, no final do dia, as calorias podem prejudicar os seus objetivos.
Para quem não consegue viver sem manteiga de amendoim diariamente, aconselhamos a fazer a própria manteiga em casa, sem aditivos e açúcares. Para isso basta colocar os amendoins num processador de alimentos até obter uma pasta.
4. Frutos gordos
Amêndoas, avelãs, cajus, castanhas, coco, nozes. A lista é indeterminável quando falamos de frutos secos. E várias nutricionistas aconselham as pessoas a introduzi-los nos planos alimentares como um snack saudável. “São muito interessantes a nível nutricional, oferecendo uma boa quantidade de fibra e gordura saudáveis”, explica à MAGG a nutricionista Ana Isabel Monteiro.
No entanto, refere que são muito calóricos e um punhado pequeno será mais que suficiente. Por 100 gramas o amendoim tem cerca de 589 calorias, o caju 599 calorias, o pistácio 616 calorias, a amêndoa 643 calorias e castanha do pará 687 calorias. A autora do blogue "Laranja Lima" sugere que leve este snack para o trabalho, mas num pequeno recipiente para não cair na tentação de ingerir mais do que a quantidade aconselhada por um dia.
5. Sementes
As sementes estão na mesma linha dos frutos secos: são muito saudáveis, têm muitas propriedades antioxidantes e alto teor em fibras, no entanto também são muito calóricas. Se não souber consumi-las na quantidade certa diariamente, os benefícios podem passar a mais uns quilos na balança. Por exemplo, 100 gramas de sementes de abóbora têm cerca de 559 calorias.
A nutricionista Ana Isabel Monteiro considera que as mais interessantes são as sementes de chia, que devem ser consumidas com um alimento mais líquido ou pastoso. Já as sementes de linhaça que têm de ser moídas — preferencialmente na hora — e as sementes de cânhamo têm de ser descascadas. Uma forma de as consumir é adicionar-lhes uma colher de chá a iogurte naturais (vaca, cabra ou soja) ou batidos de fruta.
6. Batata-doce
Batata-doce ou batata normal? Por 100 gramas, um dos tipos de batata tem 90 calorias e o outro 123. E é provável que a resposta certa seja a contrária da que está a pensar. Eis a rivalidade mais conhecida no mundo da culinária: a batata normal tem má reputação e já foi substituída várias vezes pela batata-doce pelos benefícios extra.
No entanto, segundo a nutricionista Ana Isabel Monteiro, a batata-doce é “uma excelente fonte de hidratos de carbono, fibra e vitamina A” e é “mais calórica do que a tão demonizada batata inglesa”. Isto significa que é preferível escolher a que gosta mais e não substituir uma batata por outra porque, nutricionalmente, a sua composição é muito semelhante.
7. Bolachas do género Marinheiras
E voilá. Este pode ser um dos alimentos que lhe causa mais surpresa, se já ouviu falar destas bolachas conhecidas por serem uma das mais saudáveis do mercado. Mas tudo o que é embalado não é tão saudável quanto parece, e as bolachas Marinheiras não são exceção. "São mais interessantes do que as típicas bolachas de água e sal por terem azeite na sua composição", explica à MAGG, no entanto apenas duas bolachas correspondem a meio pão médio. E "serão certamente menos saciantes", remeta.
Mas não pense em substituir estas bolachas por outras, não vai valer — a nutricionista aconselha preferencialmente o consumo de pão de centeio, de mistura ou integral, em vez de ingerir bolachas ou tostas integrais.
8. Gelatina
Desta é que poderia não estar à espera. Se está a cumprir um plano de emagrecimento, é provável que a gelatina esteja lá para lhe saciar a fome e enganar o estômago num lanche, sobremesa ou até antes de ir dormir. Mas a gelatina, apesar de não ter muitas calorias, costuma ter adoçantes na sua composição para lhe atribuir o sabor que tem. Problema? Podem torna-se viciantes. "Por conferirem um sabor doce, acabam por habituar o nosso paladar, aumentando o apetite por doçaria”, explica Ana Isabel Monteiro.
Isto pode acabar por impedir a sua motivação para emagrecer e deixá-lo cair na tentação de comer mais um doce. A gelatina é composta por colágeno de vacas ou porcos, adoçantes artificiais, reguladores de acidez, corantes e aromatizantes artificiais, tudo componentes com poucos benefícios. Para além disso, a autora do blogue "Laranja Lima" refere que podem desregular a flora intestinal.
9. Sumos de fruta
O problema não está na fruta, aliás, é recomendável que a consuma diariamente. Mas quantas laranjas usa naquele copo de sumo de laranja natural que toma de manhã? Não será apenas uma como faria caso comesse a própria laranja. Espreme duas ou três, certo? Pois. Não é boa ideia.
A nutricionista Ana Isabel Monteiro conta à MAGG que “só isso é suficiente para ter cerca de 20 gramas de açúcar num copo de 200 mililitros”. E apesar de estarmos a falar de açúcar de fruta que não é refinado, sem a fibra da laranja que é descartada juntamente com a casca que atrasaria a sua absorção, a nutricionista afirma que não tem qualquer benefício: “A menos que vá correr quilómetros a seguir”.
10. Chocolate preto
Chocolate preto ou de leite? Lindt 85% cacau ou um Milka Bubbly Milk? Na indecisão, e numa dieta rigorosa, é provável que a sua escolha seja o chocolate preto. Pode pensar que tem menos açúcar, logo à partida será a melhor opção. E só porque é nutricionalmente mais saudável até é capaz de comer dois quadrados em vez de um.
Não é a solução. "Quanto maior a percentagem de cacau, menor a percentagem de açúcar e maior a percentagem de gordura naturalmente presente", explica a nutricionista. Além disso, do chocolate negro ao branco, as calorias não variam muito. A nutricionista aconselha que opte por consumir estes alimentos esporadicamente, "quando for para comer, aí escolha o que mais gostar", aconselha.
Curiosidade: sabia que 100 gramas de chocolate preto da Lindt 85% cacau tem certa de 584 calorias e o Milka Bubly Milk 533?
11. Vinho
"Um copo de vinho por dia faz bem". É provável que já tenho ouvido esta expressão e até já a tenha usado para justificar o copo (a mais) que está a beber para acompanhar o jantar. Mas pode ser esta bebida que lhe está a estragar todos os esforços para emagrecer. A nutricionista Ana Isabel Monteiro afirma que as calorias liquidas são as "piores inimigas" e que "aquele copinho de vinho ao jantar pode ser o suficiente para prejudicar a perda de peso, visto que tem cerca de 120-200 kcal, dependendo do tamanho do copo."