Se pesquisarmos no Google as palavras "Daniela" e "Casados à Primeira Vista", os resultados levam-nos a títulos como "Sofri imenso", "Estava um caco", "Senti-me enganada" ou "Senti que já não queria correr atrás".
Podíamos tirar o nome Daniela e substitui-lo por Ana, Catarina, Beatriz, Maria ou Joana. Ainda que poucas sejam as mulheres a viver o fim de uma relação expostas a títulos de revistas, desgostos do género já toda a gente teve.
O primeiro grande luto que Daniela teve que fazer aconteceu bem longe das câmaras quando viu terminar uma relação de 12 anos com o pai dos dois filhos, atualmente com 7 e 12 anos. Ainda assim, não perdeu a veia romântica que a fez acreditar que era num programa de televisão que iria encontrar a sua pessoa. Mas não foi.
Tanto num caso como no outro, o refúgio de Daniela foi o ioga, prática que mantém desde os 13 anos, altura em que aprendeu a fazer as posturas através de um livro que pediu de prenda aos pais. "Eu nem se quer conhecia alguém que fizesse ioga. Não sei porque me chamou, mas a verdade é que continua comigo até hoje", explica à MAGG.
Natural de Setúbal, passou a ter aulas de ioga aos 19 anos quando veio estudar para Lisboa e pouco depois já era professora. A prática pessoal perdeu-se um pouco quando se dedicou a ensinar a técnica aos outros mas, na altura da primeira separação, foi ao ioga que recorreu para voltar a sentir-se plena. "Voltei a encontrar a calma, a paz e vi a minha confiança e auto estima aumentar", garante.
Daniela explica que as posturas — ou asanas, se quisermos usar o termo correto — ajudam a energia a fluir e a meditação ajuda a mente a parar e a focar no importante.
Foi aí que começou também a escrever as primeiras notas sobre a sua experiência e foi exatamente a esses rascunhos que voltou aquando do divórcio com Daniel, o noivo que lhe foi atribuído no programa da SIC.
Esses textos soltos foram agora transformados no livro "Yoga & Paz", a ser lançado dia 9 de abril pela Oficina do Livro.
Para ajudar a estruturá-lo, Daniela recorreu às fases do luto identificadas por Elizabeth Kubler-Ross em 1969 no livro "On Death and Dying". São elas a negação, a raiva. a negociação, a depressão e, por fim, a aceitação. Ainda que os cinco estágios aos quais a autora se refere tenham sido estabelecidos com base em casos de morte de alguém próximo, podem ser aplicados a qualquer perda pessoal, nomeadamente um divórcio.
Ainda assim, Daniela decidiu acrescentar etapas baseadas na sua experiência. "Senti que, no meu caso, existem fases intermédias entre os cinco estágios principais", explica. A professora de ioga dividiu os seus estágios emocionais em oito: negação/choque, dor/culpa, raiva, negociação, tristeza/vazio emocional, medo/solidão, reconstrução e aceitação.
"Tenho noção que nem toda a gente passa por todos esses passos, nem exatamente pela mesma ordem", refere, e é por isso que assume este livro como um guia, que cada um pode adaptar à sua condição, tanto física como psicológica.
É que a cada etapa, Daniela identifica as posturas de ioga, as técnicas de respiração e de meditação mais apropriadas e até algumas dicas de alimentação.
Não se considera uma guru dos divórcios, mas acredita que ter tido a oportunidade de se ver de fora, pelos olhos de um programa de televisão, permitiu-lhe perceber o que de errado fazia na forma de lidar com os outros. "Preocupava-me demasiado com o bem estar do outro e esquecia-me de mim", conta. Mas agora já não é assim. O ioga passou a ser prática diária e recorre à meditação sempre que precisa de acalmar. "Voltei a conectar-me comigo e com aquilo que quero para mim".
Veja nesta galeria algumas das dicas de Daniela para cada fase do luto. Se é inevitável passar por elas, que seja rodeada de bem-estar.