Reese Witherspoon, Leonardo DiCaprio, David Beckham, Madonna. O que é que todos eles têm em comum? Um Bulldog Francês. Depois de nos derretermos pelo Labrador e de implorarmos por ter um Pastor Alemão, é esta raça a nova estrela doméstica. E ele está em todo o lado, desde o colo dos famosos até aos anúncios de televisão.

Não é novidade que o Bulldog Francês é conhecido por ter uma saúde frágil. Devido à formação da boca, nariz, laringe e traqueia, esta raça de cães braquicéfalos (isto é, que têm uma mandíbula de comprimento proporcional ao seu tamanho, mas um maxilar superior mais curto) adoece com facilidade — e gravidade. O problema é que a procura (estão a ser 31 vezes mais requisitados do que há uma década) não está a acompanhar a consciência necessária dos tutores.

E as estatísticas são realmente preocupantes. De acordo com um estudo realizado pela universidade britânica Royal Veterinary College, e publicado em maio na revista Canine Genetics and Epidemiology, não há como descurar a saúde desta raça. Com base numa amostra de 2.228 Bulldogs Franceses, em 2013 verificou-se que 72,4% teve de receber tratamento para pelo menos um distúrbio.

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Há mais. Apesar de a taxa de 27,6% a precisar apenas de cuidados de rotina ou preventivos seja comparável a outras raças, a idade em que se iniciam estes tratamentos não é: no caso dos Bulldogs Franceses foi de apenas 1,3 anos, em comparação a 4,5 para os outros cães.

"O nosso estudo — o primeiro sobre esta raça no Reino Unido — baseia-se em registos anónimos reunidos em centenas de clínicas veterinárias no Reino Unido. Ele fornece aos proprietários informações sobre os problemas que eles podem esperar, e devem procurar, nos Bulldogs Franceses", explicou o principal autor do estudo, Dan O'Neill. "Também pode ajudar novos tutores a decidirem se o Bulldog Francês é mesmo para eles.

Os distúrbios e as causas de morte mais comuns

Entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2013, estes foram os distúrbios mais comuns na raça.

— Otite externa (14%)
— Diarreia (7,5%)
— Conjuntivite (3,2%)
— Unhas demasiado grandes (3,1%)
— Dermatite cutânea (3%)
— Impactação do saco anal (2,9%)
— Infeção do trato respiratório superior (2,7%)
— Pioderma (2,7%)
— Prolapso da glândula da Terceira Pálpebra (2,6%)
— Pododermatite (2,5%)
— Síndrome braquiocefálica (2,4%)
— Colite (2,4%)
— Agressão (2,3%)
— Sopro cardíaco (2,2%)
— Vómito (2,2%)
— Traqueobronquite canina infecciosa (2,1%)
— Distúrbio do trato respiratório superior (2,1%)
— Luxação patelar (2,1%)
— Ceratite ulcerativa (2,1%)
— Lesão nas unhas (2%)
— Dermatite atópica (2%)
— Gastroenterite (1,9%)
— Descarga da orelha (1,9%)
— Alopecia (1,8%)
— Demodicose (1,7%)
— Narinas estenóticas (1,7%)

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Estas foram as causas de morte mais frequentes detetadas nos animais que fizeram parte do estudo.

— Disfunção cerebral (11,9%)
— Desordem na medula espinhal (9,5%)
— Distúrbio do trato respiratório inferior (7,1%)
— Lesão benigna (7,1%)
— Distúrbio do trato respiratório superior (7,1%)
— Transtorno de comportamento indesejável (6%)
— Lesão traumática (6%)
— Doença da coluna vertebral (6%)
— Complicação associada ao procedimento de atendimento clínico (4,8%)
— Enteropatia (4,8%)
— Outros (29,8%)

As fêmeas são mais saudáveis do que os machos

"Uma descoberta interessante no nosso estudo é que os Bulldogs Franceses parecem ser menos saudáveis do que as fêmeas." Na verdade, a investigação concluiu que os machos tinham probabilidade de ter oito das 26 doenças mais comuns da raça.

Sem avançar com um dado específico para as fêmeas, os investigadores concluíram que no caso delas a prevalência em praticamente todas as doenças era mais baixa.